quarta-feira, 20 de abril de 2022

Não inverta a ordem

 Não inverta a ordem

achato3                                                                                        Milton Jr.

Se seu irmão pecar contra você, vá até ele e, se ele se arrepender, a questão está resolvida. Se não se arrepender, chame uma ou duas testemunhas e vá novamente a ele. Se ele não atender, diga à igreja e se, por fim, não ouvir também a igreja, considere-o gentio e publicano, ou seja, trate-o como se não fosse da igreja. De forma resumida, é este o ensinamento de Jesus em Mateus 18.15-17 sobre o que fazer quando somos alvo do pecado do irmão.

Ainda assim, muitos teimam em inverter a ordenança do Senhor.

Consideremos um exemplo hipotético: José peca contra Manoel. A primeira atitude de Manoel é considerar José gentio e publicano, pois começa a evitá-lo. Ele não faz mais parte de “sua” igreja. Pode até freqüentar o mesmo local de culto, mas não faz parte de sua igreja particular. Depois disso, Manoel começa a campanha de falar aos outros o que José lhe fez e o quão pecador ele é. Talvez um dia, Manoel venha saber que José estava magoado com ele e se arrependa ou acabe também se chateando, e algo que poderia ser resolvido seguindo os passos bíblicos se torna um grande conflito onde o que interessa é saber quem pecou primeiro.

Na primeira vez que li sobre a ordem de Jesus fiquei a questionar: Porque o ofendido é quem tem de procurar o ofensor? A obrigação de procurar deveria ser de quem ofendeu e não o inverso.

Hoje entendo que é porque muitas vezes ficamos ofendidos e o irmão nem sabe o que nos causou. Pode ser que ele não tivesse a intenção de nos magoar e acabou magoando, mas nunca saberá disso, a não ser que, cumprindo a ordem de Jesus, o procuremos para que a paz se estabeleça e Deus seja glorificado.

Infelizmente, o que muitas vezes nos impede é o orgulho pecaminoso, é achar que quem nos ofende não é digno de que o procuremos, é nos achar melhores que os outros e que não existe a mínima possibilidade de fazermos algo semelhante.

Da próxima vez que nos sentirmos ofendidos, humildemente sigamos o padrão estabelecido pelo Senhor, se não temos feito isso até então. Certamente, essa é a única e melhor maneira de resolver os nossos problemas. Lembremo-nos de que o pecado do nosso irmão não autoriza ou justifica o nosso pecado de deixar de lado o que o Senhor nos ensinou.

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terça-feira, 19 de abril de 2022

Depressão nos personagens bíblicos?

 Depressão nos personagens bíblicos?

tumblr_lm1kc69SuG1qkecqxo1_500                                                                                        Milton Jr.

A Bíblia é (ou deveria ser) a regra de fé e prática dos cristãos. Teoricamente isso significa que as Escrituras, corretamente interpretadas, devem ser o crivo para o cristão interagir com todas as cosmovisões ao seu redor, avaliando-as e julgando-as a fim de reter o que é bom (1Ts 5.21). Teria de ser desta forma, pois o salmista afirma ser a Palavra a lâmpada para nossos pés e a luz para o nosso caminho (Sl 119) e o Senhor Jesus afirma ser ela “A verdade” (Jo 17.17).

Porém, para muitos crentes, na prática a teoria é outra. Inundados pelo modo de pensar deste século, crentes sinceros têm se descuidado e feito justamente o contrário, interpretado a Bíblia com pressupostos seculares.

Dia desses deparei-me com um texto assim. Nele, o autor se propõe a tratar de depressão e espiritualidade. Ele começa falando da depressão, principalmente da mulher, sob uma perspectiva médica, afirmando ser um conjunto de sintomas que merecem atenção profissional, médica e psicológica. Segundo o texto:

A depressão feminina está ligada a causas biológicas (puberdade, ciclo menstrual, gravidez ou infertilidade, pós-parto e menopausa), causas culturais (papel da mulher, status social, abuso sexual) e causas psicológicas (estresse, reação às perdas e aos conflitos, discriminação).[1]

O autor explica ainda que a depressão é classificada tradicionalmente em endógena e exógena, sendo a primeira originada por causas internas (biológicas ou predisposições hereditárias) e a segunda causada por fatores externos, como se fosse uma reação a fatores ambientais e circunstanciais (desemprego, divórcio, etc.).

O tratamento, segundo ele, deve seguir dois procedimentos, a avaliação e diagnóstico por um profissional médico e a escolha do tratamento adequado, sendo tratamentos eficazes o medicamentoso e a psicoterapia.

Assumidos os pressupostos, parte-se então em uma busca para provar a depressão biblicamente e, de acordo com os sintomas da depressão descritos no texto, chega-se à conclusão de que Jó, Moisés, Jonas, Davi e, surpreendentemente, o próprio Senhor Jesus passaram por depressão. A evidência seria eles terem pedido para morrer ou, no caso de Davi, ter os ossos e o humor afetados pela depressão. Para o articulista esses exemplos provam o realismo bíblico da depressão demonstrando que a fé não livra o homem de problemas mentais, mas também trazem esperança. Citando Hebreus 2.18 e 4.15 ele afirma que Jesus pode compadecer-se de quem enfrenta depressão por ter ele mesmo sofrido com isso.

Por fim o autor afirma que muitos substituem o tratamento médico pelo religioso por causa de preconceito, por falta de informação ou em nome de uma grande fé e lembra ser a medicina uma bênção do Senhor e os remédios, meios divinos para nossa cura, pois Deus cura extraordinariamente por meio de um milagre, mas ordinariamente cura pessoas por meio de um tratamento médico.

Verificando as implicações

Se assumirmos como corretas as interpretações dos textos bíblicos e as afirmações feitas pelo autor, temos sérias implicações:

1. Certos tipos de emoções e comportamentos (desânimo, tristeza “desproporcional às circunstâncias, aumento ou diminuição do apetite, pensamentos, planos ou tentativa de suicídio, etc.”), devem ser encarados como patológicos;

2. Tivessem os personagens bíblicos citados, incluindo o nosso Senhor, a bênção de viver num tempo em que já existe o Rivotril, a sua “doença” poderia ter sido curada por Deus de modo “ordinário”. Falar da profunda tristeza de Jesus como se fosse desejo de morrer é dizer o que o texto não diz, como ficará claro mais à frente;

3. Conselheiros bíblicos não estão aptos a aconselhar pessoas com depressão, devendo esse trabalho ser feito sempre por profissionais psicoterapeutas;

4. A “conversa psicoterapêutica” é mais eficaz que a “conversa bíblica”;

5. Discordar da perspectiva do articulista sobre a depressão é ser mal informado, preconceituoso e, praticamente, um adepto da confissão positiva.

Para provar ser a depressão uma doença que deve ser tratada de forma medicamentosa, o autor recorre a exemplos bíblicos que “demonstram” a sua realidade. A ironia está no fato de que nenhum dos “depressivos bíblicos” foi tratado com remédio, por razões óbvias.

Testando biblicamente – textos nos seus contextos

Como afirmado no início deste artigo, a Bíblia corretamente interpretada é o parâmetro para julgar todas as outras coisas, e não o contrário. É preciso, então, verificar os textos em seus devidos contextos a fim de afirmar o que estava acontecendo com cada personagem diagnosticado com depressão.

Antes, porém, de nos atermos aos textos, é preciso estabelecer novos pressupostos:

1. A Bíblia ensina que somos governados por nosso coração e o que governa o nosso coração governará a nossa vida (Mt 6.21; Mt 15.19; Sl 141.4);

2. A forma como respondemos às pessoas e circunstâncias dependerá, portanto, daquilo que está governando o nosso coração. Como exemplo, lembremos a negação de Pedro. A despeito de saber o que era o certo a se fazer, acabou por negar o Senhor com medo de morrer;

3. Nossas ações e emoções são fruto da nossa interpretação da realidade. Ainda pensando em Pedro, ele interpretou que os homens eram maiores que o Senhor e que não estaria seguro falando a verdade, ainda que já tivesse ouvido do próprio Jesus que até os cabelos de sua cabeça estavam contados e que, por isso, não precisaria temer os que matam o corpo (Mt 10.16-33).

Assumidos os novos pressupostos, vejamos os textos:

A “depressão” de Jó

Jó é descrito no começo do seu livro como um homem íntegro, reto e que se desviava do mal. O Senhor chega a afirmar a Satanás que não havia na terra homem semelhante a ele (Jó 1.8). Depois que Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por ser alvo de suas bênçãos, é permitido que o tentador tire tudo dele. A partir daí a história se desenvolve de forma maravilhosa.

No princípio, Jó faz uma afirmação de fé formidável. Após sua esposa mandá-lo amaldiçoar a Deus e morrer ele diz: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (2.10).

Porém, a partir do capítulo 3 Jó parece interpretar os fatos de outra forma. Sendo ele justo, não poderia estar sofrendo daquela forma, antes tivesse morrido na madre. Isso pode ser confirmado em todo o capítulo 31, no qual Jó fala de suas qualidades ao responder aos seus amigos chegando, por fim, a dizer: “Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda.” No primeiro versículo do capítulo 32 temos: “Cessaram aqueles três homens de responder a Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos.”

A partir do capítulo 38 Deus, em vez de responder a Jó, lhe faz uma série de perguntas que revelavam seu poder e sua soberania. Ao final, diz o Senhor: “Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda” (40.2).

O resultado é maravilhoso. Jó afirma: “Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.” Jó reconhece que a realidade era diferente daquela que ele interpretava, mas Deus continua com mais uma série de perguntas que apontavam para a sua sabedoria. Ao final Jó confessa que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado e afirma que o conhecia apenas de ouvir, mas que agora que o via se abominava e se arrependia (42.1-6).

A “depressão” de Jó foi causada por uma falsa interpretação da realidade e o tratamento de Deus foi fazê-lo ver com clareza que as coisas não eram como ele entendia. O Senhor confrontou Jó, com sua Palavra, e restaurou-o.

A “depressão” de Moisés

O caso de Moisés é interessante. Desde o começo de seu chamado ele se mostra bastante relutante e, vez por outra, esquecia a promessa feita por Deus ao comissioná-lo: “Eu serei contigo” (Êx 3.12). No episódio em que pediu ao Senhor que o matasse, estava mais uma vez murmurando, pois o povo continuamente reclamava por não ter carne (Nm 11.4). Ele estava achando ser muito pesado o seu encargo e que faria as coisas por sua própria força (Nm 11.14).

A primeira coisa que o Senhor faz é distribuir o trabalho com 70 anciãos e, com menos trabalho, a murmuração de Moisés terminaria, certo? Errado! Deus afirmou que alimentaria o povo e daria tanta carne em um mês inteiro a ponto de sair pelo nariz e o povo se enfastiar dela. Moisés entendeu que novamente seria muito trabalho para ele e reclamou, insinuando ser impossível para ele prover carne para o povo o mês inteiro (Nm 11.22).

Deus trata Moisés confrontando-o: “Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor?” (Nm 11.23). Em outras palavras, Deus estava dizendo a Moisés que não precisaria reclamar e se preocupar, pois ele era o provedor.

Mais uma vez o desejo de morrer foi por não confiar no Senhor e o tratamento foi o confronto com as promessas de Deus e a interpretação da realidade pela perspectiva correta.

A “depressão” de Jonas

Jonas é visto no texto como um doente que sofria de grave melancolia ou distimia crônica. Uma leitura rápida do livro já revela a razão de ele pedir a morte. Jonas é chamado por Deus para pregar aos ninivitas, povo poderoso, inimigo de Israel. A primeira coisa que o profeta faz é fugir, ele não queria ver os ninivitas convertidos. Depois do episódio em que é lançado no mar e engolido por um peixe, Jonas acaba parando em Nínive onde prega o sermão mais duro que se poderia pregar e, para sua surpresa, o povo crê em Deus.

O capítulo 4 começa afirmando que, por causa disso, Jonas desgostou-se e irou-se. O texto é claro, o profeta diz que fugiu porque sabia que Deus era misericordioso e, agora, com os ninivitas convertidos, era melhor morrer que viver. Jonas revela um coração egoísta, que não confia nos propósitos de Deus. Ele queria fazer melhor que o Senhor, mas já que isso não foi possível melhor seria a morte.

Deus trata o profeta confrontando o seu egoísmo e demonstrando que da mesma forma que tinha compaixão de uma árvore o Senhor também tinha dos ninivitas. O Senhor estava mostrando a Jonas que a maneira de ele interpretar as circunstâncias estava equivocada.

A “depressão” de Davi

A depressão de Davi é “constatada” não pelo fato de ele ter pedido a morte, mas dos seus ossos e humor terem sofrido seus efeitos. A questão é que esse sofrimento, visto como consequência da doença, era o tratamento de Deus ao rei, que não estava arrependido. Considerando estar Davi doente, a contextualização do Salmo deveria ser: “Enquanto não tomei rivotril, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos noite e dia.”

Porém, como pode ser visto em Hebreus, a disciplina de Deus sobre os seus filhos no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza, mas ao final produz fruto de justiça (Hb 12.11). A tristeza causada pelo peso da mão de Deus constitui-se uma bênção e é parte do processo de reconhecimento do pecado por parte do crente.

Cada um dos casos citados acima, devidamente observados dentro de seus contextos, revela crentes sofrendo profundamente por não interpretar as circunstâncias pela perspectiva das promessas da Palavra de Deus, por não descansar no governo de Deus ou por ocultar o pecado.

Se fossem medicados poderiam até, por um tempo, ter o seu sofrimento aliviado, mas não teriam o pecado do seu coração tratado, o que só pode ser feito pela Palavra de Deus que “é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4.12).

A “depressão” de Jesus

O caso de Jesus foi deixado para ser tratado à parte, pois sua tristeza não foi ocasionada pelas mesmas razões dos outros personagens.

O autor do texto faz duas afirmações e a implicação óbvia é a de que Jesus precisava mesmo era de um tarja preta. São elas: a) Jesus passou por uma depressão profunda e b) ele desejou morrer.

Essas afirmações resistem a um exame do texto? Creio que não, como veremos.

Depois de três anos ensinando os discípulos, curando e anunciando o reino, se aproximava a hora em que o Senhor derramaria o seu sangue para redimir o pecador. Ele chama seus discípulos e sobe o Getsêmani a fim de orar e chamando à parte Pedro, Tiago e João afirma estar profundamente triste, até a morte. Essa frase expressa a profunda tristeza de Jesus, mas será que revela que ele desejou morrer? Olhando para o versículo seguinte fica bem claro que não. Nele Jesus ora rogando ao Pai que, se possível, passasse dele o cálice, ou seja, ele pede exatamente o contrário, pede para não ir para cruz.

O que angustiava Jesus era justamente a morte, pois ela significaria receber a ira de Deus pelos pecados do seu povo, que ele estaria assumindo no Calvário. Por causa dos nossos pecados o Senhor morreria e sentiria o desamparo do Pai, a ponto de clamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

A afirmação de que Jesus estava triste e pedindo a morte por estar com depressão é então uma falácia. Nem todo o Prozac do mundo aliviaria sua tristeza por ter a comunhão perfeita com o Pai quebrada por causa dos nossos pecados.

Quando o autor afirma, portanto, que Jesus pode compadecer-se de nós por ter sido tentado da mesma forma, ele faz uma afirmação correta, mas parte de uma premissa equivocada. Jesus não pode compadecer-se de doentes por ter experimentado a doença da depressão, mas compadecer-se de homens que são tentados a não confiar no plano de Deus, por ter ele mesmo sido tentado a abandonar o Calvário, mas, em vez disso, ter se submetido à vontade do Pai ao declarar: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). É por isso que o escritor de Hebreus afirma que “foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (4.15).

Para terminar...

É um grande equívoco assumir como pressupostos teorias científicas e interpretar os episódios de profunda tristeza de personagens bíblicos com lentes seculares. Essa será uma tarefa sempre impossível, pois para a medicina a depressão é caracterizada por um conjunto de sintomas e não pela presença de um ou dois apenas.

Não é objetivo deste texto minimizar o sofrimento humano, de forma alguma. Ele é real e deve ser sempre tratado. A questão aqui gira em torno do “como” tratar. No artigo “Uma crítica do DSM-IV à luz da Bíblia”[2], John Babler afirma acertadamente:

As Escrituras são o caminho apropriado para o entendimento dos assim chamados transtornos mentais: eles consistem em comportamentos derivados do pecado. Uma mudança verdadeira pode acontecer a partir do momento em que o pecado é admitido e há arrependimento. Quando o problema consiste em um coração perdido, a Palavra de Deus é o remédio mais seguro porque o Espírito Santo nos conduz a Cristo.[3]

Alguns podem afirmar que o que foi tratado aqui serve para a chamada depressão exógena, mas não se aplicaria à endógena por esta ter causas biológicas e hereditárias. É importante, então, fornecer algumas informações.

A revista Superinteressante de dezembro de 2010 noticiou que uma pesquisa recente aponta para o fato de que os antidepressivos causam depressão. Isso porque, contrário ao que se pensava, a depressão não é causada pela falta de serotonina no cérebro, mas pelo excesso desse neurotransmissor. Como o antidepressivo aumenta os níveis de serotonina, acaba tendo o efeito contrário ao desejado.[4]

Essa perspectiva não é nova. Thomaz Szasz, psiquiatra e acadêmico, é um ferrenho opositor da ideia da depressão como doença. Quando questionado em uma entrevista sobre a eficácia dos medicamentos ele respondeu:

Não vejo dificuldade em explicar isso. O comportamento humano, seja normal ou anormal, não acontece no vácuo, obviamente ele é mediado pelo modo como o corpo e cérebro da pessoa funciona, e o fato de substâncias químicas afetarem o cérebro em instituições mentais não é mais misterioso do que cerveja, álcool ou outros tipos de bebida afetarem pessoas normais. Elas vão pra casa após um dia de trabalho, se sentem cansadas e deprimidas e tomam alguma bebida e se sentem melhor. Isto não quer dizer que elas estavam doentes antes. Podemos tomar vários tipos de substâncias químicas que afetam nosso comportamento. Isso de maneira alguma prova que o estado anterior era um estado de doença médica.[5]

Outro psiquiatra afirma que, desde que os antidepressivos foram lançados no Reino Unido, pelo menos uma pessoa por semana cometeu suicídio enquanto os tomava, e não teriam cometido se não os tivessem tomado.[6]

Como se pode perceber, não há toda essa unanimidade em relação às causas biológicas da depressão, tampouco sobre os efeitos dos antidepressivos. A desconfiança não parte apenas de “religiosos em nome de uma grande fé”, mas também de médicos e pesquisadores.

Enquanto a ciência não chega a uma conclusão, temos a infalível Palavra de Deus. Somente a Lei do Senhor é perfeita e restaura alma (Sl 19.7) e, como afirma o apóstolo Pedro, pelo conhecimento de Cristo temos todas as coisas que são suficientes para a vida e piedade. Crer nisso não é preconceito ou falta de informação, mas convicção de que Cristo Jesus é plenamente suficiente na vida dos crentes.



[1] http://www.ippinheiros.org.br/?p=613

[2] DSM é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, livro de referência decisivo para os diagnósticos psiquiátricos, e que está em sua quarta edição

[3] John Babler. Uma crítica ao DSM-IV à luz da Bíblia. in: Coletâneas de Aconselhamento Bíblico, v. 2, CCEF e SBPV

[4] http://super.abril.com.br/saude/anti-depressivo-pode-causar-depressao-614371.shtml

[5] http://scienceblogs.com.br/psicologico/2009/04/thomas_szasz_entrevistado_sobr.php

[6] http://www.youtube.com/watch?v=j63-8Ac3dh0

sábado, 9 de abril de 2022

A Solução Para a Sua Família

 A Solução Para a Sua Família


                                                                                Pr. Charles

Numa novela televisiva, a cena mostrou o pai sendo desonrado pela filha adolescente que queria ter uma vida autônoma. Ela era mal falada no bairro, o pai sabia disso e tentou preservar a honra da filha. Foi em vão. Ela se rebelou e saiu de casa.


Embora essa cena seja fictícia, retrata o que tem sido realidade em muitos lares brasileiros. As novelas não apenas sugerem o modo comportamental às famílias, como também retrata o que têm ocorrido no dia a dia das pessoas. Um novelista famoso disse que possui um caderno que ele chama de “lixo”, no qual escreve relatos que ouve sobre problemas familiares. Ele disse que se inspira nesse “lixo” para produzir suas tramas, tudo retirado da vida real.


Mas não precisamos ir longe para perceber isto. Basta uma viagem curta na nossa memória, e nos lembraremos de famílias partidas pelo divórcio e por brigas pela posse da herança do rico falecido. Também virá à memória pais reclamando de seus filhos ingratos, malcriados e desobedientes, esposas que ridicularizam seu marido na frente dos outros, maridos que são estúpidos com os filhos e com a esposa em público (como se no privado não fosse também destrutivo).


O que está havendo com as famílias? A resposta é simples. Não possuem um referencial correto que ensine como deve ser a vida em família de forma a glorificar a Deus e ser feliz. Os referenciais antigamente giravam em torno do respeito aos pais, da hora certa de chegar em casa, do recato e decoro no namoro, do respeito aos pais do cônjuge, da disciplina dos filhos e da afetividade explícita.


Hoje os referenciais são diferentes. Fala-se em direitos dos filhos que colocam a faca no pescoço do pai para dar o bem desejado. Fala-se em igualdade dos sexos quando na verdade a hombridade tem sido jogada fora num lixo qualquer da ridicularidade vexatória. Fala-se em independência da mulher em relação ao marido, sendo que o propósito de Deus não foi de separação, mas de união, sendo os dois “uma só carne”, tendo um só propósito, sonhos em comum, lutas e vitórias compartilhadas. Deus não fez o homem para subjugar a mulher, nem esta para se rebelar contra seu marido, mas os dois para se amarem, se respeitarem e, juntos, contribuírem para a construção de uma sociedade justa e cheia de amor ao próximo.


Qual a solução para tantas dificuldades? Qual a resposta diante de tantas disputas e discussões sem fim? A Bíblia tem a solução. Deus tem poder para redimir qualquer família, por mais quebrada que esteja, por mais desajustada que pareça. O pecado da humanidade é o responsável pela degradação dos lares e Cristo venceu o pecado na cruz do Calvário, quando se ofereceu como sacrifício para quitar a sentença necessária para satisfazer a justiça de Deus. O pecado que destrói a família foi lançado sobre Jesus Cristo na cruz e este pagou por ele. A grande demonstração de que o custo pela transgressão da lei de Deus foi pago é o fato da ressurreição de Cristo. O pecado gera a morte. Como Cristo pagou pelo pecado, também venceu a morte ressuscitando ao terceiro dia.


Aquele que crer nisso de coração também buscará viver pelo padrão do santo evangelho de Cristo. Esse evangelho restaura vidas, corrige desvios de caráter, reconstrói as pontes no lugar dos muros levantados partindo relacionamentos. A Bíblia ensina aos filhos a obedecerem aos pais em tudo, sendo estes instrumentos de Deus para o seu bem (Ef 6.1-3). Ensina as esposas a serem submissas ao próprio marido como ao Senhor, porque seu marido é quem lhe dará companhia, proteção e lutará por seu aperfeiçoamento e satisfação (Ef 5.22-24). Ensina aos maridos a amarem a sua própria esposa, como Cristo amou a igreja (Ef 5.25-33). A Bíblia também nos ensina a buscar ao Senhor em família (Dt 6.4-9; Sl 128).


Certamente, não há problema familiar que seja intransponível ao poder de Deus, nem coração que seja duro demais para que o Senhor não possa quebrantar. Por essa razão, somente Deus tem a solução para uma família quebrada. Basta conhecer a Palavra de Deus, a Bíblia, sua verdade plena. Basta orar pedindo socorro a Deus, crendo de todo coração que ele pode ajudar. Basta obedecer aos seus comandos. Somente em Deus você poderá encontrar a solução definitiva para sua família, seja ela qual for, sejam os problemas quais forem. O poder de Deus para consertar é maior do que o nosso de destruir.


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quinta-feira, 7 de abril de 2022

DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?

 DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?

O Brasil tem testemunhado a violência que muitas crianças sofrem nas mãos de babás ou das creches. São filhos e filhas cuja mãe não possui mais tempo de estar com eles, pois optou por auxiliar o marido nas finanças do lar. Isso tem demonstrado que muitas criaças tem sofrido violência de todos os lados ou perdem a vida por um descuido ou displiscência. Houve o famoso caso em 2008 quando três casais perderam o filho no momento em que estavam numa creche. Na época o noticiário mostrou o sofrimento atroz e a busca de uma resposta para a tragédia impiedosa e desesperadora por parte dos pais. Como pai que sou sinto-me solidário para com essas famílias enlutadas.

Mas além da perplexidade, também refleti um pouco sobre o caso do pequeno Gabriel de 7 meses que possuía Refluxo Gastroesofágico, problema que provoca o vômito ou regurgitação do alimento. Era uma criança que requeria cuidados especiais e uma vigilância ininterrupta, principalmente quando estava dormindo. Não quero de forma nenhuma criminalizar os pais ou os funcionários da creche, isso cabe aos investigadores. Meu objetivo é pensar um pouco sobre de quem é a responsabilidade de cuidar de uma criança, principalmente nos primeiros anos de vida.

Hoje o mundo ocidental vive o frenesi do consumo fazendo com que o indivíduo busque mais e mais a prosperidade financeira. O desejo de ter para ser proporciona horas de trabalho exageradas, além de impulsionar a mulher ao mercado de trabalho juntamente com o marido. É aqui que esbarramos no dilema da criação dos filhos. É justo deixá-los a mercê das creches ou dos parentes próximos ou a responsabilidade cabe aos pais? Pensemos um pouco no que são os nossos filhos:

1. Filho é incompatível com o trabalho desenfreado. Não estou aqui condenando o trabalho pelo sustento. Até mesmo mães e pais solteiros ou divorciados precisam proporcionar o mínimo para a sobrevivência digna e honrada dos filhos. Mas acredito que não é correto abandoná-los em nome de encargos que tomam muitas horas do dia. Nesse contexto é que entra o papel da mãe como aquela que está próxima para proteger e criar. Infelizmente muitas mães sequer possuem um tempo reduzido com os filhos. O contato só ocorre quando a criança já está dormindo. Até mesmo os pais negligenciam o tempo de qualidade com a família em nome dos serões ou dos encontros com os amigos no final do expediente. A ausência certamente acarretará em problemas emocionais e sociais graves à criança no futuro.

2. Filho é prioridade das mães. Esse raciocínio é tão contundente que o Estado proporciona uma licença compulsória para que as mães possam exercer a maternidade sem interrupção. Muitas não sabem do sofrimento que os filhos vivem por conta da ausência diária que resulta num sentimento de desprezo. Quando se está diante da carreira e, ao mesmo tempo, da criação de um filho, não há como negar a prioridade deste filho acima das pretensões profissionais. Ninguém é obrigado a se tornar mãe, ninguém é obrigado a conceber, ninguém é obrigado a abandonar o trabalho para cuidar de crianças. Se alguém quer se dedicar ao trabalho e prosperar na vida financeira deve então, nesse caso, optar por não ter filhos. Se um casal procria, logo estão estabelecendo prioridades. Assim como Paulo afirmou que para o evangelista o melhor é continuar solteiro, eu afirmo que para as mulheres que preferem trabalhar na busca da realização pessoal ou para melhorar a renda do marido o melhor é não ter filhos. Parece uma afirmação dura, mas perceber o sofrimento de tantas crianças, adolescentes e jovens pela ausência dos pais, principalmente da mãe, isso sim é algo duro e chocante.

3. Filho é o nosso campo educacional. Muitos imaginam que a responsabilidade educacional do filho cabe à escola e à igreja. Isentam-se de ensiná-los a Lei do Senhor que direciona todo o olhar para o mundo em que vivemos. A cosmovisão cristã sempre é abafada pela mídia, pelo evolucionismo ateu e pela criação impessoal proporcionada pelas empregadas domésticas, creches ou professores. A disciplina, privilégio restritíssimo dos pais, é um bem negligenciado hoje em dia. Como o tempo com o filho é reduzido aos mirrados finais de semana, os pais, com crise de consciência, não aplicam a disciplina, ao contrário, oferecem uma tolerância prejudicial, desafeiçoada e desamorosa. Filhos que são entregues a si mesmos não desenvolvem o princípio de autoridade, noção que em muito prejudica o relacionamento com Deus. Não esqueçamos, a responsabilidade de evangelizar, de doutrinar, de transmitir conhecimento e de moralizar é prioritariamente dos pais. A igreja, a escola, o sábio conselho dos amigos e parentes são ferramentas periféricas que consolidam a educação no lar.

Eu sei que um texto como esse está na contramão da sociedade em que vivemos. Mas acredito que o futuro dos filhos dirá quem está com a razão. Não tenho medo de errar ao afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante das dificuldades financeiras do que uma vida abastada com o filho desequilibrado e longe do Senhor. É por isso que a pergunta continua no ar: de quem é a responsabilidade?

Sola Scriptura.

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