sábado, 19 de fevereiro de 2022

Pais e Filhos, companheiros de peregrinação

 Pais e Filhos, companheiros de peregrinação


                                                                                                                                            Pr. Alan Kleber

imagesA última vez que postei alguma coisa (e isso já faz um bom tempo!) compartilhei com vocês algumas questões práticas acerca da comunicação no casamento (publicado aqui no blog). Vimos que embora a batalha pela boa comunicação seja milenar, é possível que o casal cristão alcance vitória nessa importante área do casamento se ouvir a palavra do Senhor e praticá-la.

Respondendo alguns comentários, prometi escrever no futuro alguma coisa sobre o relacionamento entre pais e filhos. Confesso que o desafio se não for igual é ainda maior, pois do mesmo modo que a relação conjugal, o relacionamento entre pais e filhos está em crise. Crise de liderança da parte dos pais. Crise de rebeldia da parte dos filhos. O resultado? Problemas sérios de comunicação na família. Acho que por isso demorei a escrever sobre o assunto!

Então, pensei em escrever sobre o tema baseado no que Paulo ensina aos Efésios sobre a relação entre pais e filhos (Efésios 6.1-4). Paulo acredita que entre aqueles que ouviriam a leitura de sua carta nas várias igrejas estariam os filhos. Mas por quê? (1) Porque eles são parte importante do Pacto (Gn 17.7; At 2.38, 39). (2) Porque o Senhor Jesus os ama. Ele mesmo disse que dos pequeninos é o reino dos céus (Mc 10.13-16). É por isso que a Bíblia tem uma mensagem importante sobre esse tema.

UMA PALAVRA AOS FILHOS (6.1-3)

1. Uma mensagem simples e direta aos filhos (6.1). Eles devem obedecer a seus pais, e esta obediência deve ser motivada não somente pelo amor, gratidão e estima por eles. Embora tais motivações sejam muito importantes, a obediência deve ser “no Senhor, porque isto é justo”. Em outras palavras, porque eu amo ao meu Senhor Jesus Cristo, eu obedeço àqueles que ele escolheu para me pastorear. A ordem bíblica para a harmonia dos relacionamentos familiares é sempre a mesma. O meu amor e devoção a Cristo irá moldar o meu amor e honra para com meus pais.

2. Paulo fortalece o seu ensino por meio de uma referência à Lei de Deus (6.2, 3). Ele lembra aos filhos o 5º Mandamento para lhes explicar que honrar pai e mãe significa:

a) Amar. A Bíblia nos ensina que o amor e a obediência caminham juntos. O filho demonstra verdadeiro amor para com seus pais quando os honra.

b) Aceitar suas determinações com obediência. O amor é fruto da graça de Deus em nossas vidas, enquanto a obediência é a resposta de gratidão a esse amor. A submissão que um filho deve aos seus pais quando exercida no Senhor se fundamentará sempre em Deus e em sua Palavra.

c) Mostrar um espírito de respeito e consideração. O filho deve sempre respeitar seus pais, nunca envergonhá-los ou zombar de suas fraquezas e deficiências.

d) Demonstrar tudo isso tanto para o pai como para a mãe, porque ambos são iguais em autoridade para com seus filhos. Diante de Deus, amor, obediência, respeito e consideração são iguais quando um filho olha para seu pai e sua mãe.

Por que este é um mandamento tão importante? Porque Deus promete longevidade àqueles que honram a seus pais. A resposta se acha na promessa ligada a ele: “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra”. O que acontece quando fazemos o contrário? Apresento pelo menos algumas consequências:

a) A Desobediência aos pais indica uma vida indisciplinada.

b) Conduz ao vício e a destruição.

c) Associado a outros pecados semelhantes, diminui a expectativa de vida. O grande número de mortes entre os jovens brasileiros é uma terrível prova disso.

Filhos indisciplinados representam a ruína para a família, para a igreja, para uma nação. A grande causa da desestruturação familiar, crise de autoridade na igreja e toda quebra de valores morais e éticos que enfrentamos em nosso país resultam de uma geração de filhos desobedientes e indisciplinados. Porque todos os problemas começam em casa, Paulo continua sua admoestação se dirigindo agora aos pais.

UMA ADMOESTAÇÃO AOS PAIS (6.4)

1. Paulo também apresenta uma orientação aos pais (6.4). Ele se volta em particular para os pais (embora com aplicação também as mães) e diz, “… não provoqueis vossos filhos à ira”. Paulo se dirige especialmente aos pais por duas razões: (1) porque como pastores de seus lares são responsáveis pela educação de seus filhos. (2) porque na maioria dos casos, os pais necessitam muito mais do que as mães desta admoestação bíblica. Na maioria das vezes, nós pais somos os principais culpados por provocar a ira no coração dos nossos filhos. Como assim?

(1) Quando protegemos excessivamente. Nada em excesso faz bem. Superproteger um filho irá estragá-lo. Não são poucos os que dizem: “Ah! Se meus pais não tivessem me protegido tanto, eu saberia andar de bicicleta ou nadar!”.

(2) Quando preferimos mais um filho a outro. O exemplo de Isaque e Rebeca servem como ilustração. Ele favoreceu mais a Esaú; ela preferiu mais a Jacó. O resultado? Você já sabe não é? (Gn 25.28).

(3) Quando desestimulamos e oprimimos. Nós somos muito bons em corrigir, mas duros e frios em reconhecer as coisas boas que nossos filhos fazem. Conheço um pai (que se diz cristão) que não aceita que seus filhos cheguem a casa com uma nota abaixo de 9,5. Seus filhos vivem oprimidos e desestimulados. Definitivamente, isso não é pastorear o coração dos filhos segundo Efésios 6.

(5) Quando somos negligentes. No conflito entre Davi e seu filho Absalão, quem você acha que falhou primeiro? A falha era somente de Absalão? Não foi também Davi parcialmente culpado por negligenciar seu filho (1 Sm 14.13, 28)?

(6) Quando usamos palavras ásperas e violência física direta. A disciplina física quando necessária deve ser feita em amor, nunca com violência. Crueldade e palavras ásperas cheias de humilhação são pecaminosas e criminosas.

2. Paulo conclui seu ensino confrontando o aspecto positivo com o negativo. Ele diz que ao invés de provocar em nossos filhos à ira devemos educá-los “… na disciplina e admoestação do Senhor”. O que aprendemos com isso?

a) Que antes de sustentarmos os nossos filhos com comida, boa educação e lazer, nossa obrigação é educá-los e discipliná-los para que temam ao Senhor. A provisão espiritual deve vir antes da material. Se jogamos mais bola ou vídeo game do que oramos e lemos a Bíblia com nossos filhos; se trocamos o Dia do Senhor pela praia, ou Shopping Center, estamos invertendo as prioridades.

b) Que a educação dos nossos filhos deve ser cheia de amor e brandura. Contudo, isso não exclui a firmeza (ver Hb 12.11). “Disciplinar” diz respeito especialmente ao que se faz ao filho, enquanto, “admoestar” envolve primariamente o que se diz ao filho. Admoestar é educar com eficiência por meio da comunicação, seja ela ensino, advertência ou estímulo.

c) Toda a disciplina e admoestação ao filho devem ser “do Senhor”, ou seja, toda a atmosfera em que a educação é dada deve ser tal que o Senhor possa colocar sobre ela sua benção aprovadora.

CONCLUSÕES PRÁTICAS

(1) Uma palavra aos filhos: Honrem seus pais como vocês honram ao Senhor. Amem a seus pais como vocês amam ao Senhor. Obedeçam a seus pais como vocês obedecem ao Senhor. Se fizerem isso os problemas de comunicação serão superados.

(2) Uma palavra aos pais: Cuidem para que seus filhos sejam criados com amor segundo a Palavra de Cristo. Exercitem a boa comunicação. Disciplinem e admoestem com um santo desejo de que eles sejam crentes e não se percam. O próprio coração da educação cristã é conduzir o coração da criança ao coração de Seu Salvador.


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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Simão, o mágico, e os “Simões” modernos

 Simão, o mágico, e os “Simões” modernos

                                                                                                                                                    Milton Jr.

negocio bencao a parteO livro de Atos narra, no capítulo 8, a história de Simão, um mágico da cidade de Samaria que era um grande “sucesso” entre o povo. Ele iludia a população com mágicas, o que lhe rendeu grande fama. O texto diz que todos lhe davam ouvidos chamando-o, inclusive, de “Grande Poder”.

Quando a mensagem salvadora do Evangelho chegou a Samaria por meio de Filipe, diácono da Igreja primitiva, que anunciava a Cristo e realizava sinais e prodígios (8.4-8), a multidão que andava após Simão creu no Senhor. Aparentemente o próprio Simão abraçou a fé, sendo até batizado. Digo aparentemente porque o texto sugere que o que despertou o interesse de Simão não foi propriamente a Palavra pregada, mas os sinais realizados. O versículo 13 diz que ele “acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado, os sinais e grandes milagres praticados.

Notamos, porém, que Simão não estava preocupado com a glória de Deus, mas com a sua própria, queria mesmo era voltar a ser visto como o “Grande Poder”. Cristo Jesus não era o Deus digno de adoração, mas simplesmente aquele que poderia conceder o que ele realmente queria, voltar a ser notado pelo povo.

A evidência disso está nos versículos subsequentes. Quando os apóstolos tomam conhecimento da conversão de samaritanos, enviam para lá Pedro e João. Lucas narra que, quando Simão viu que mediante a imposição de mãos dos apóstolos os que creram recebiam o Espírito Santo, tratou de tentar “comprar a bênção”, ofereceu dinheiro aos apóstolos para que lhe fosse concedido o mesmo poder, e isso rendeu a ele uma dura repreensão por parte de Pedro, que afirmou: “o teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus” (8.20). Pedro afirmou ainda que Simão não tinha parte naquele ministério, que seu coração não era reto e que ele deveria se arrepender, o que não sabemos se, de fato, ocorreu.

Mudando o que tem de ser mudado, notamos que quase dois mil anos depois do ocorrido com Simão e devidamente registrado nas Escrituras para o nosso ensino, o evangelicalismo brasileiro, sobretudo no meio neopentecostal, padece do mesmo pecado. A grande diferença é que no caso bíblico foi Simão que tentou comprar dos apóstolos a bênção, enquanto hoje são os “apóstolos”, “pastores” e “missionários” que tentam vender os favores divinos aos milhares de incautos “Simões” hodiernos.

Não é preciso pesquisar muito para verificar. Basta perder (esse é o termo exato) tempo assistindo à maioria dos programas evangélicos ou navegar um pouco pela internet para encontrar “pastor” chamando de trouxa aqueles que ofertam simplesmente porque amam a Deus, sem esperar nada em troca, “apóstolo” pedindo o trízimo (pasme! 10% para cada pessoa da Trindade.) e garantindo que após isso os ofertantes terão um bom ano, e “missionário” pedindo “contribuição” a fim de orar pela salvação dos que foram indicados pelos associados.

Se vivesse hoje, Simão, o mágico, teria como escolher o melhor investimento, pechinchar e ficaria até indeciso de quem comprar devido à grande quantidade de oferta no vergonhoso mercado “da fé”.

A triste ironia é que tudo isso tem acontecido em igrejas que são tidas por muitos como “herdeiras” da Reforma Protestante, mas que desconhecem, ou fingem não saber, que um dos grandes problemas atacados por Lutero em suas 95 teses foi justamente a simonia, nome dado à compra ou venda ilícitas das coisas espirituais, que tem origem na história de Simão, o mágico.

Na verdade, tanto os estelionatários da fé, que têm vendido bênçãos, como os que têm comprado cometem o mesmo pecado de Simão, tentam usar Deus para os seus próprios interesses. Estes pensando que conseguirão o favor divino com ofertas, aqueles querendo faturar com a fé alheia, contudo, sempre com a mesma motivação egoísta.

Como se vê, não é de hoje que os homens querem se aproximar de Deus para os seus próprios benefícios. Cuidemos para não cair nessa mesma cilada e entendamos que o Senhor deve ser adorado não por aquilo que ele pode nos dar, mas por quem ele é como afirma o salmista: “grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses” (Sl 96.4).


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domingo, 13 de fevereiro de 2022

Abstinência Sexual Antes do Casamento... Isso é Mesmo Relevante?

 Abstinência Sexual Antes do Casamento... Isso é Mesmo Relevante?

                                                                                                                                                                Pr. Charles

Estudo recente mostrou que casais que esperam para ter relações sexuais depois do casamento acabam tendo relacionamentos mais estáveis e felizes, além de uma vida sexual mais satisfatória, segundo a revista científica Journal of Family Psychology, da Associação Americana de Psicologia. Pessoas que praticaram abstinência até a noite do casamento deram notas 22% mais altas para a estabilidade de seu relacionamento do que os demais. As notas para a satisfação com o relacionamento também foram 20% mais altas entre os casais que esperaram, assim com as questões sobre qualidade da vida sexual (15% mais altas) e comunicação entre os cônjuges (12% maiores).

O sociólogo Mark Regnerus, da Universidade do Texas, autor do livro Premarital Sex in America, acredita que sexo cedo demais pode realmente atrapalhar o relacionamento. Segundo ele, “casais que chegam à lua de mel cedo demais – isso é, priorizam o sexo logo no início do relacionamento – frequentemente acabam em relacionamentos mal desenvolvidos em aspectos que tornam as relações estáveis e os cônjuges honestos e confiáveis”. Veja a matéria na íntegra no seguinte link:

http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2010/12/28/interna_internacional,200528/abstinencia-antes-do-casamento-melhora-vida-sexual-diz-estudo.shtml )

E a Bíblia com isso?

É interessante como as pessoas dão valor a determinadas informações só porque saíram de uma revista científica. A Bíblia sempre falou isso e deveriam ter dado o crédito a ela. A Bíblia diz que a vontade de Deus é a nossa santificação e que nos abstenhamos da prostituição (no original, pornéia, “impureza sexual” – 1Ts 4.3 - que inclui a fornicação). A fornicação é a relação sexual entre solteiros, ou seja, a relação sexual sem que haja a aliança entre ambos ou o compromisso formal do casamento. Por que isto é errado? Primeiro, porque a fornicação perverte o padrão estabelecido por Deus na Criação, de que homem e mulher se unissem em matrimônio a fim de suprirem-se mutuamente e se multiplicarem. Uma das razões porque Deus mandou o dilúvio foi o fato de se casarem e se darem em casamento (Lc 17.27 – casamento aqui não tem a mesma conotação que hoje em dia. Casamento naquele tempo tinha o sentido de relação sexual mesmo. A idéia é a de que as relações sexuais eram sem compromisso, conforme Gn 6.2,3). O plano de Deus para o sexo é dentro do casamento (Gn 2.24,25), em relacionamento de amor, compromisso e fidelidade. O sexo em santidade na Bíblia está envolvido com a idéia de aliança do casamento. O casamento, por sua vez, é comparado ao relacionamento de Cristo com a Igreja. Paulo disse que a impudicícia nem sequer deveria ser nomeada entre os crentes (Ef 5.3). A impureza sexual é coisa que não pode sequer ser cogitada entre pessoas cristãs regeneradas e lavadas pelo sangue do Cordeiro. A Bíblia também condena a fornicação no sétimo mandamento (Êx 20.14); na listagem das obras da carne em Gálatas 5.19; na lista de impurezas que brotam do coração (Mt 15.19) e mostra de forma positiva que a abstinência sexual antes do casamento é estar em comunhão com Deus (exemplo de José do Egito - Gn 39.8,9 e Hb 13.4).

Se ainda paira dúvida quanto à relevância da abstinência sexual antes do casamento, cito aqui alguns perigos evitados pela obediência ao princípio bíblico. A abstinência sexual antes do casamento evita a gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, insegurança sexual (“será que sou melhor do que os que ele – ou ela – teve?”), consciência pesada, desapontamento e escândalo (perante os pais, amigos, Cristo). Olhando por outro ângulo, a abstinência sexual provê bênçãos para a verdadeira intimidade no casamento, consciência limpa, bom ambiente para geração de filhos, satisfação e cumplicidade e saúde física.

Há quem diga que a relação sexual entre namorados hoje em dia é questão cultural. Os tempos mudaram... Cuidado com esse pensamento. A vontade de Deus não muda jamais. O que Deus afirmou no passado afirma hoje também porque tem por trás um princípio e uma relação com seu próprio ser perfeito. Porque Deus é eternamente e imutavelmente santo, sempre exigirá santidade por parte dos homens, inclusive na sexualidade.

Mas e se alguém tiver relações sexuais antes do casamento? Há como consertar? Antes de mais nada, lembremos de que a Bíblia diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). Confesse a Jesus seus pecados. Se arrependa de coração! Peça perdão a Deus e a quem você ofendeu com sua prática. Tome precauções quanto ao namoro, para evitar as tentações. Prefira espaços públicos e freqüentados por muita gente. Evite lugares ermos e jamais namore dentro do carro em lugar escuro.  Evite filmes e programas de televisão com cenas de sexo e fornicação (essas coisas encorajam). Resolva firmemente não contaminar-se com os costumes e idéias populares. Evite namoro muito longo. Procure casar-se logo! Obedeça a Deus e colha os preciosos frutos de sua obediência! Que Deus te abençoe!

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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Quero Casar! Basta Ser Crente?

 Quero Casar! Basta Ser Crente?

                                                                            Pr. Samuel Vitalino
Se você não conhece a Jesus Cristo como Salvador e Senhor de sua vida, não há nada mais importante para você ouvir: Cristo é o maior problema que você precisa enfrentar, uma vez que Ele vem para julgar todas as pessoas que não se submetem a Ele nesse mundo. Minha palavra para você é que busque conhecer o que é a cruz de Cristo, pois é muito mais que uma simples história religiosa.


Mas se você já é um(a) crente, e solteiro(a), então, a decisão mais importante da sua vida é com quem você vai se casar. Quem será aquela pessoa com a qual você pretende passar o resto de sua vida, morando no mesmo teto, dividindo a mesma cama?

I – A Bênção de Ser Solteiro

O mundo é composto por duas classes de pessoas: solteiras e casadas. Como em várias áreas do pensamento e prática da humanidade, aqui há uma clara inversão de valores. Os solteiros sentem um enorme desejo de viverem como se casados fossem, e, em contrapartida, os casados querem viver uma vida sem abrir mão dos privilégios de ser solteiro.

Deus dá algumas bênçãos aos solteiros para que essa época na vida de cada um seja vivida da melhor e mais santa forma possível. Por exemplo, o solteiro não precisa dar satisfação ou prestar compromisso a ninguém mais além de seus pais (falo de relacionamentos afetivos), não precisam dar explicações dos seus atos, não precisam ter preocupações ou responsabilidades que apenas os casados precisam ter e responder.

No início dessa análise, observamos que o namoro se transforma num mini-casamento. Onde não apenas esses preceitos criados por Deus são trocados, mas os solteiros terminam por, além dessas coisas, invadirem o que chamaremos de privilégios dos casados.

Quais sejam: o toque no corpo do outro, a beijo na outra boca e coisas do gênero que terminam por fazer com que as afeições sejam mudadas com base no desejo sexual e produzam uma falsa sensação que muitos erradamente acreditam ser e até chamam de amor.

A tolice disso é que as pessoas se tornam vulneráveis e, como não ouvem o que a Bíblia ensina sobre o assunto, terminam por constituir o outro em seu próprio deus.

Jovens, todas essas coisas Deus as criou para serem deliciosamente aproveitadas por nós, mas ele criou a instituição do casamento para isso (e só depois dele). Analizem esses textos apenas para iniciar esse debate: I Tes. 4:3-8; I Cor. 7:1,2.

Minha primeira palavra aos solteiros é essa: aproveite o tempo que Deus deu a vocês para não entrar em relacionamentos instáveis como o namoro, que, ao invés de preparar pessoas para o casamento, tem preparado nossa geração para o divórcio, pois ensina que as pessoas são tão descartáveis quanto a instabilidade do nosso próprio coração.

II – Qualificações para um Pretendente

Muitos acham que esse ensino faria com que ninguém casasse, mas ao contrário, a idéia é que essa geração resgate o verdadeiro valor de uma boa preparação para o casamento. Isso certamente precisará ser objeto de outros posts e palestras (tenho várias palestras preparadas sobre Relacionamento Pré-Nupcial Bíblico), mas aqui vamos nos ater apenas a algumas qualificações que direcionarão, de maneira objetiva e pensada, nessa que é a escolha mais importante para o jovem crente.

• O que deve chamar atenção de uma moça em um rapaz?

Vou me abster de falar em ser um crente, pois a Bíblia é não apenas clara, mas extremanete dura em colocar esse preceito de forma direta tanto no Velho (Nee. 13:23-27) como no Novo Testamentos (I Cor. 7:39, II Cor. 7:14-18).

Então, vou direto a alguns outros pontos. Nem sempre uma profissão de fé garante que o sujeito é crente. Jesus ensina que somos conhecidos pelos frutos e não pela mera declaração que somos crentes. Paulo parece ensinar a mesma coisa aos Coríntios quando diz que o Reino de Deus não consiste em palavra, mas em poder. O poder demonstrado na integridade pessoal é mais forte que muita coisa. Como isso pode ser percebido?

Como ele trata as meninas ou você mesma? Normalmente um galanteador não está pensando no futuro de responsabilidades que o espera, pois o que ele precisa conquistar é mais que o coração de uma garota, mas segundo a Bíblia, ele precisa ser provedorprotetor e pastor.

Ele precisa dar provas que não dependerá de ninguém para sustentar e proteger sua futura família. Precisa liderar como Cristo lidera a sua Igreja, por isso não pode ser egoísta, mas despojar-se de si mesmo. (Uma boa dica aqui é ver como ele trata a mãe, os mais velhos, e até mesmo as crianças... queria ter mais tempo de falar sobre isso!).

• O que deve chamar atenção de um rapaz em uma moça?

Claro que a maior responsabilidade recai sobre as costas do homem, por isso mesmo ele precisa ter discernimento para saber escolher. Nada melhor que os conselhos de Paulo a Tito para essa ajuda.

Paulo intrui Tito a que ensine as mulheres mais velhas as seguintes características às mais novas: serem amorosas (a maridos e filhos, mas no caso de uma pretendente, que seja a seus pais, idosos e crianças), dedicadas, honestas, sejam boas donas de casa, sujeitas (aos pais e às autoridades da Igreja, dessa forma dão prova de que serão ao futuro marido) [Tito 2:4,5].

Há muito mais, mas aqui vai apenas uma pequena demosntração de como essa escolha precisa ser mais racional e objetiva do que a maneira emocional e ligada ao coração corrupto como tem sido nos nossos dias.

III – Se Não Achar Alguém Assim, o que Fazer?

Esse ensino é tão desconectado dos nossos dias que não tenho a pretenção de achar que todos aceitarão e aplaudirão o seu conteúdo, entretanto, corro o risco por advogar que a busca pela santidade nunca é grande como deveria ser (Hb. 12:4).

Mais ainda: o mundo jamais apreciará esse ensino, mas nós estamos aqui para mudar o mundo (Rm. 12:1,2; Tg. 4:4; I Jo. 2:14-17), na verdade Paulo ensina a nos dessairagar desse mundo perverso (Gl. 1:4) e isso implica em luta contra a nossa própria vontade e pensamento.

A proposta é de uma mudança geracional e começa com o convencimento dos próprios pais das crianças de hoje para que homens e mulheres com essas características sejam facilmente achados no futuro, porque nossas crianças serão treinadas para isso.

Mas e agora? Como os jovens dessa atual geração perversa e corrupta podem agir se não acharem a pessoa com as características bíblicas de como o cônjuge deveria ser?

Bom, eu espero que você nos acompanhe até o próximo post para respondermos essa questão.



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A Reforma Começa em Casa

 A Reforma Começa em Casa

                            Pr. Samuel Vitalino
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.” (I Pe. 3:7)


A necessidade de Reforma na Igreja é absoluta. Há desmandos, desvios, devaneios e engano por toda parte assolando a Noiva de Cristo.

Ao ser perguntado onde reside o problema, o crente é rapidamente (e corretamente) levado a apontar o dedo para Adão e Eva. Mas eu creio que Adão, primordialmente, foi responsabilizado em Gn. 3:17, de onde deriva um ensinamento que nós, homens (sexo masculino e não a humanidade), precisamos assimilar.

Quero advogar que qualquer Reforma que precisarmos estabelecer na Igreja só poderá ser completa se começar em casa. A família precisa ser conduzida pela Palavra de Deus e cada membro da casa deve entender o papel que Deus estabeleceu na Bíblia.

Mas esse breve artigo, como já indicado, tem endereço certo: o homem! Não apenas Adão recebe a responsabilidade pela queda, - mesmo Eva tendo sido aquela que foi enganada (I Tm. 2:14) - mas nesse texto (I Pe. 3:7), o Apóstolo trata da responsabilidade do homem na casa. Dele, vejamos alguns princípios:

• Viver a vida comum do lar

Há a idéia errada de que o casamento correto é de um senhor e uma escrava, onde a mulher serve apenas para satisfazer os desejos do seu homem; mas Pedro, sem negar que a responsabilidade da casa seja tarefa feminina, não o faz sem declarar que o homem deve, sim, participar com alegria e disposição da vida comum do lar.

• Viver a vida comum do lar com discernimento

Esse talvez seja o ponto mais difícil, pois o discernimento requer compreensão; e todos sabemos que compreender as criaturas femininas é tarefa para gênios. :) Brincadeiras à parte, é dever do homem buscar entender a sua esposa, o que o leva ao próximo ponto:

• Ter consideração pela mulher, como parte mais frágil

Há uma imprecisão no significado de ser a parte mais frágil, contudo, quando os homens assumirem realmente o seu papel, as mulheres compreenderão que é grande privilégio para elas serem assim, frágeis; pois o homem precisa tratá-la com dignidade, cuidando, protegendo, provendo, assumindo sempre toda responsabilidade, assim como Cristo assumiu toda responsabilidade (e até mesmo) a culpa por todos os erros de sua noiva: a Igreja.

• Porque sois juntamente herdeiros da mesma graça

Longe de Pedro entender que as mulheres são inferiores, ao contrário, elas devem ser consideradas Rainhas da casa e bem cuidadas pelo marido, uma vez que são herdeiros da mesma graça de vida. Há aqui uma interdependência, como Paulo ensina em I Cor. 11:11 que nem a mulher é independente do homem e nem o homem é independente da mulher.

• Para que não se interrompam as vossas orações

E aqui termina esse versículo, trazendo a maior responsabilidade do homem: Cuidar para que a vida espiritual e piedosa da família seja levada de forma perfeita no lar. Ele é responsável por preservá-la de forma linda e sem ruga (Ef. 5) espiritualmente para Deus.

Como vimos aqui, de forma breve, ser homem segundo a Bíblia não é fácil, pois nossa sociedade tem dado à mulher papéis masculinos exatamente para que os homens transfiram a sua responsabilidade para ela; como já o nosso cabeça federal nos ensinou em Gn. 3:12: foi a mulher que tu me deste por esposa.

Graças a Deus pelo Segundo Adão, que assumindo a culpa da amada, nos adverte, pelo seu Apóstolo, apontando seu exemplo, dizendo em Ef. 5:25: Amai vossas esposas, assim como Cristo amou a Igreja, e a si mesmo entregou por ela.

Que os maridos assumam o seu papel, pois A Reforma Começa em Casa, e isso, nas mãos daquele que é o responável; sejamos homens verdadeiros e comecemos a reformar a nossa casa.


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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Mudança de comportamento: E a Bíblia com isso?

 Mudança de comportamento: E a Bíblia com isso?

correndo-atras-dinheiro                                                                                        Milton Jr.

1. O problema aparente

Thiago é um adolescente cristão, filho de um pastor evangélico. Foi criado segundo os princípios bíblicos e teve uma excelente formação cristã. Sempre foi atuante na igreja, e em seu lar estava acostumado com a rotina dos cultos domésticos. Costumava ser frequentemente citado por aqueles que o conheciam como um bom modelo a ser imitado, contudo, nos últimos tempos, depois de mudar de escola e fazer uma nova turma de amigos, Thiago não parecia mais o mesmo. Aquele que sempre foi um moço bem-educado agora vivia xingando. Os palavrões saiam de seus lábios com tanta naturalidade e frequência que era impossível não ficar incomodado e, tudo isso, já estava começando a “pegar mal” para o seu pai, afinal, filho de pastor não xinga.

Jair é diácono da igreja. Sempre foi muito responsável com o seu trabalho e, geralmente, era bastante polido no seu modo de falar. Porém, algumas pessoas da igreja já tiveram o desprazer de vê-lo irritado e, quando isso acontecia, aquela linguagem polida dava lugar aos mais terríveis palavrões. Em casa, sua esposa e filhos eram também, muitas vezes, insultados com xingamentos, o que levava a brigas ainda maiores.

O pastor Enoque, que já vinha se sentindo envergonhado por causa do linguajar do seu filho Thiago, começou a receber reclamações por parte dos membros ofendidos pelo diácono Jair. Além disso, a esposa do diácono também procurou o pastor para queixar-se do modo como o marido muitas vezes a tratava e de como estavam brigando em decorrência disso, estavam a ponto de separar-se.

Aparentemente o problema era o mesmo, um adolescente e um diácono que pecavam falando palavrões, e foi com esse entendimento que o pastor Enoque tentou tratar os dois casos.

2. Deus não é um mero extintor de incêndio

Primeiro o pastor chamou o filho e falou que por causa do seu linguajar, ele, como pastor da igreja, estava sendo envergonhado e sendo motivo de chacotas: “o pastor não sabe cuidar nem do filho...”. Abriu a Bíblia e, citando os textos de Efésios 4.29 e Tito 2.8, afirmou que dizer palavras torpes é pecado e que Deus puniria o seu pecado. Não haveria como fugir do juízo de Deus porque o homem colhe o que planta, esbravejou citando Gálatas 6.7. Se não quisesse experimentar o peso da mão do Senhor, Thiago deveria imediatamente parar de falar palavrões.

Com o “sermão” pronto, ficou fácil. O pastor convocou o diácono Jair, repetiu as mesmas palavras, incluiu alguns versículos que falam sobre o cuidado do marido em relação à esposa e afirmou que, caso acontecesse o divórcio, a culpa seria toda do diácono. Se não quisesse sentir o peso da mão do Senhor e perder a esposa, Jair deveria parar de xingar as pessoas.

Isso me faz lembrar de um programa a que assisti com o “Dr. Pet”, adestrador de animais. Nesse programa ele foi chamado para resolver um problema com alguns cachorros que viviam brigando. Eram uns cinco ou seis cachorros de porte grande que, ao serem soltos pelo dono, começavam a se morder, mesmo com o dono gritando para que parassem. A solução do Dr. Pet foi fantástica. Instruiu o dono dos animais de que, munido de um extintor de incêndios, se aproximasse dos cachorros no momento da briga. Ele teria de dar a ordem: pare!, e em seguida acionar o extintor em direção aos cães que dispersariam com medo daquele jato de pó. Isso deveria se repetir algumas vezes, até que os cães cessassem a briga simplesmente ouvindo o comando para parar. E foi o que, de fato, aconteceu. Ao ouvir a ordem “pare!”, os cães associavam ao extintor e, por medo de levar mais um jato, obedeciam.

Apesar de os personagens citados nos exemplos acima serem fictícios, as situações descritas não são diferentes daquelas que podemos perceber todos os dias no cotidiano de muitos cristãos. Pior ainda é saber que a forma como têm sido tratadas essas questões assemelha-se mais ao método do Dr. Pet para adestrar os cães que com a perspectiva bíblica para a mudança de comportamento. Muitos crentes têm evitado o pecado somente por medo da consequência e não por causa do entendimento de que devem viver para a glória de Deus (1Co 10.31; Rm 11.36). Para eles, a ideia de Deus é simplesmente a de um extintor de incêndio pronto para ser acionado. O pecado é então evitado por causa da consequência que se sofre e não por causa da ofensa ao Senhor.

O problema na abordagem descrita é que ela se limita a “tratar” os sintomas sem descobrir a causa. É como alguém que constantemente sente dor de cabeça e simplesmente toma um analgésico. Várias são as causas que podem levar alguém a sofrer com isso, mas, somente como exemplo, pense na hipertensão. Alguém que tenha “pressão alta” pode frequentemente sentir dor de cabeça e o analgésico será um simples paliativo, servindo para mascarar o verdadeiro problema, pois, se não há dores não há o que se verificar e o problema continuará lá até o momento de se manifestar de forma mais grave, como um AVC.

Conquanto os princípios bíblicos citados pelo pastor Enoque sejam verdadeiros, para que a mudança de comportamento honre ao Senhor ela deve ir além de regras cumpridas por medo da punição. Não é simplesmente parar de xingar, mas fazer isso por causa de uma motivação correta. Como então proceder de forma bíblica a fim de que a mudança seja duradoura e honre ao Senhor?

3. Um caminho bíblico: tratando o problema na raiz

A perspectiva bíblica quanto à mudança de comportamento está ligada à santificação. Como afirma Booth: “A Santificação é um processo contínuo pelo qual Deus, por sua misericórdia, muda os hábitos e o comportamento do crente, levando-o a praticar obras piedosas.”[1] Sabendo que “a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta par discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4.12), precisamos recorrer a ela para entender não só como agimos, mas por que agimos como agimos.

É muito importante entender que, na dinâmica da igreja, somos responsáveis por “admoestar uns aos outros” (cf. Rm 15.14). Como indica o excelente livro do Dr. Paul Tripp, somos “Instrumentos nas mãos do Redentor – pessoas que precisam ser transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação”[2]. Para isso precisamos entender três princípios:

1. O homem é governado pelo coração – Ao advertir os discípulos que não procurassem ajuntar tesouros na terra, mas no céu, Jesus afirmou: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.19-21). O ensino aqui é evidente. Buscamos aquilo ao qual damos maior valor em nosso coração. Se os discípulos tivessem como “tesouro” os bens, era isso que governaria seus corações e motivaria as suas ações, mas se o “tesouro” fosse o Reino de Deus e sua justiça, agiriam em conformidade com a justiça do Senhor. Foi também o Senhor Jesus quem afirmou que do coração procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15.19) e que a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34).

Por causa de tudo isso é que o livro de Provérbios orienta: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23).

Se o pastor Enoque tivesse esse entendimento conseguiria verificar que o problema do seu filho e do diácono não era simplesmente o linguajar torpe, mas aquilo que estava governando seus corações em lugar do Senhor. No caso do filho o desejo de ser aceito no novo grupo de amigos, no caso do diácono, o desejo de ser ouvido e respeitado.

Mas como o pastor Enoque chegaria a essa conclusão? Observando o próximo princípio.

2. Pessoas e circunstâncias revelam o nosso coração – De um modo geral a tendência do homem, ao pecar, é colocar a culpa em outras pessoas ou nas circunstâncias. Porém, diante da verdade bíblica de que somos dirigidos pelo nosso coração, devemos entender que pessoas e circunstâncias simplesmente revelam o que está em nosso coração, elas servem como a antiga pomada de basilicão, usada em pessoas com furúnculos. Ao ser aplicada a pomada “trazia para fora” o carnegão[3] e, é lógico, isso só acontecia porque ele já estava lá. A pomada não produzia o carnegão, simplesmente o revelava.

Ao analisar os casos sob essa ótica, o pastor veria que a razão de o seu filho estar xingando constantemente era o medo de ser rejeitado pelo novo grupo de amigos. Ser aceito era tão “importante e necessário” que, nessa ânsia, ele deixava de lado todos os princípios bíblicos aprendidos outrora demonstrando, ao contrário da atitude dos discípulos em Atos 5.29, que importava obedecer aos homens que a Deus.

No caso do diácono, o pastor Enoque perceberia que o xingamento era a forma de “punir” aqueles que não o respeitavam como ele achava que merecia. Como diácono da igreja, entendia que não podia ser contestado e como chefe do lar, nunca questionado. Seu desejo por respeito passou a ser uma “necessidade” que ele agora exigia e qualquer um que o privasse daquilo que ele tanto queria logo era julgado e punido, no caso, com xingamentos.

Ao observar o princípio de que as pessoas e circunstâncias revelam o coração, o pastor Enoque teria condições de avaliar também a postura da esposa do diácono. Ao ameaçar deixá-lo, o que ela tentava fazer era manipulá-lo para que ele a tratasse melhor. Ela também, por causa do seu desejo, tentava mudar o comportamento do marido infligindo medo.

Mais ainda, o pastor poderia avaliar seu próprio coração e descobrir que sua motivação para corrigir o filho não estava sendo a glória de Deus, mas a vergonha a que ele estava sendo submetido por causa do seu mau comportamento.

Pessoas e circunstâncias são usadas por Deus para revelar o que controla o nosso coração e, com os desejos do coração expostos, podemos, com o auxílio do Espírito do Senhor, abandonar a nossa vontade e nos submeter à vontade do Senhor. Isso nos leva ao terceiro princípio.

3. Os ídolos do coração devem ser abandonados – No primeiro mandamento o Senhor ordena: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Costumamos pensar em idolatria somente no que diz respeito a imagens de escultura, mas a Bíblia nos adverte contra os “ídolos do coração” (Ez 14.1-9). Incorremos em idolatria todas as vezes que buscamos alegria, prazer, satisfação e realização fora do Senhor. Se pecamos para conseguir o que desejamos, ou pecamos quando não conseguimos o que desejamos, é porque esse desejo já se tornou um ídolo, um falso deus que faz promessas vãs acerca daquilo que achamos que nos trará satisfação.

O caminho bíblico é o de identificar a idolatria, arrepender-se por confiar em falsos deuses e voltar-se de todo o coração ao Senhor (Ez 14.6) buscando de coração fazer a sua vontade.

O adolescente Thiago deve rejeitar o ídolo da “aprovação dos homens” e entender que a alegria não é encontrada num grupo de amigos, mas no Senhor e, por isso, é a ele que precisamos agradar. O diácono Jair tem de abandonar o ídolo do “respeito” e entender que o pecado de outros ao não respeitá-lo não autoriza o seu pecado ao revidar as afrontas. Ao invés de revidar ele deve entregar tudo àquele que julga retamente (1Pe 2.23). De igual modo a sua esposa deveria abandonar o ídolo do “controle” e, ao invés de tentar mudar o marido manipulando-o pelo medo, deveria ganhá-lo sem palavra alguma, por meio de um honesto comportamento. Por último, o Pastor Enoque deveria entender que a motivação para corrigir o filho deveria ser exclusivamente a glória de Deus, abandonando o ídolo da “reputação”.

Conclusão

Entender os motivos do coração é essencial para uma mudança de comportamento que seja duradoura. Qualquer mudança externa, que não leve em conta a raiz do problema, será mero paliativo e servirá unicamente para produzir fariseus que não se preocupam com a glória do Senhor, mas com seus próprios desejos.

É bom salientar que os desejos não são maus em si mesmos. Pensando nos casos citados, não há mal em querer ser aprovado, ser respeitado ou ter uma boa reputação. O problema é quando essas coisas tomam uma importância tão grande que passam a governar o coração e nos levam a pecar.

Que o governo de nossa vida seja exclusivamente de Cristo Jesus, aquele que já nos redimiu e nos santificará para ele mesmo, até o dia final. Vivamos para sua glória e louvor.



[1] A. Booth. Somente pela graça. São Paulo, PES, 1986, p. 44-45.

[2] A obra do Dr. Tripp foi publicada no Brasil pela Ed. NUTRA e é um excelente livro-texto para aqueles que se interessam por aconselhamento bíblico.

[3] Regionalismo para “carnicão”, a parte central dos furúnculos e tumores (Dicionário eletrônico Houaiss).


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Alguém está roubando seu filho!

 Alguém está roubando seu filho!

                                                                                                                                    Pr. Eduardo Ferraz

clip_image002De todos os filmes de Peter Pan, o que mais me chamou a atenção foi aquele interpretado pelos atores Robin Williams no papel de Peter e Dustin Hoffman no papel de Capitão Gancho. Parte do filme retratava um pai tão envolvido em seu trabalho que seus filhos eram sempre prejudicados. O Capitão Gancho entra em cena e acaba ganhando a confiança dos filhos, dando aquilo que ele mais queriam, tempo e atenção (claro, como um vilão!).

Já parou para analisar que muitos pais passam mais da metade de suas vidas mais produtivas, preocupados em “investir e garantir” boas oportunidades a seus filhos? Só que se esquecem que os filhos precisam mais de seus pais hoje do que de seus pais no seu futuro!

Você já ouviu essa frase: “Nossos filhos precisam mais de nossa presença do que de nossos presentes!”?

Temos visto e ouvido nestes últimos anos, vários “profissionais” que tratam do tema “educação de filhos”, nomes consagrados como Içami Tiba, a televisiva Super Nani e outros, “ensinando” muitos pais que enfrentam dificuldades na criação e educação dos filhos.

No começo de meu ministério eu e minha esposa tivemos a grata oportunidade de trabalhar por alguns anos com adolescentes e jovens. Pudemos observar que os jovens que mais necessitavam de atenção, eram aqueles que alguns, de forma muito imprópria, chamam de “aborrecentes”. Eram os jovens cujos pais não davam a atenção, tempo e educação devida quando ainda crianças. Sei que o mundo pós-moderno, dificultou muito a vida dos pais e na educação de seus filhos. Pais são responsáveis em prepará-los para enfrentarem a vida, e quando negligenciam esta responsabilidade eles os “aborrecem” e correm o risco de perdê-los.

Paulo, na sua carta aos Efésios cap. 6 versos 1-4, diz para os filhos obedecerem e honrarem os pais, mas a primeira responsabilidade esta com os pais, pois se estes não ensinarem a seus filhos o que o Senhor ordena como os filhos irão obedecer-lhes e honrá-los?!?

Muitos filhos adolescentes e jovens “proporcionam” maiores ou menores problemas aos seus pais conforme a educação moral e espiritual que receberam quando crianças.

Tenho dois filhos preciosos, assim como vocês também devem considerar os seus. Eles têm nos proporcionado muitas reflexões e desafios em nossa privilegiada e desafiadora missão de pais. Muitas vezes eles me fazem sentir culpado quando penso no tempo que não passo com eles, na educação e exemplo que estou lhes dando. Quero compartilhar com os pais que enfrentam o mesmo problema que eu alguns princípios bíblicos que pela misericórdia de Deus tenho tentado aplicar com meus filhos. Princípios que tenho certeza que muitos dos leitores já ouviram e praticam, mas fica aqui um reforço.

1º) Devemos ser pais intercessores

Orar a Deus pelos nossos filhos é a primeira ação de devemos e podemos fazer. Veja o exemplo do personagem bíblico Jó. No texto de seu livro (Jó 1.4,5) diz que ele continuamente intercedia pelos filhos! O pai Jó se via como um sacerdote do lar e queria ver seus filhos livres das conseqüências do pecado. Orar pelos nossos filhos é um meio de graça que podemos fazer de graça!

2º) Devemos ser pais professores

Vários textos bíblicos nos ordenam a ensinar nossos filhos. Textos como o de Provérbios 22.6 – “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”. Temos aqui um princípio que ordena o pai preparar o caminho presente e futuro para o filho trilhar. Devemos entender que os filhos dependem de nós para trilharem caminhos de bom caráter e virtudes espirituais. O Salmo 78.1-8 é um exemplo direto para os pais professores ensinarem seus filhos sobre o Senhor e suas maravilhas.

O perigo de não ensinar os filhos sobre quem é Deus, sua graça, seu amor, seus mandamentos e sua justiça, é algo que pode comprometer negativamente uma geração inteira. Foi o que aconteceu no tempo de Juízes, veja: Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram aos baalins. Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira” (Jz 2.10-13).

Se tiver que deixar uma legado aos seus filhos deixe o melhor legado, e este, é conhecerem ao Senhor.

3º) Devemos ser pais disciplinadores

Infelizmente o estado não compreende os mandamentos e princípios da Palavra de Deus e tem feito um desfavor as famílias e a sociedade em geral, privando as crianças da disciplina que os livrará da morte e do fracasso. Só para pensarmos juntos: Não conheço nenhum dos meus amigos que sejam revoltados ou problemáticos hoje por levarem alguns “petelecos” quando desobedeciam aos pais, pelo contrário, são homens de bem e de caráter.

A disciplina moral e física quando bem aplicadas são bênçãos maravilhosas na vida de nossos filhos, bênçãos que valerão para a vida toda.

Há na Palavra de Deus várias orientações e princípios sobre a disciplina, inclusive com o uso da vara. Confira algumas delas: Provérbios 13.24; 23.13; 29.15.

Nunca discipline seu filho injustamente (explique, faça-o ver que pecou deliberadamente); com ira (faça-o conscientemente e com calma); com brutalidade (nunca use as mãos, mas uma varinha bem dosada, o bum-bum é o melhor lugar); com abandono (dependendo, dê a ele um tempo para chorar e pensar, depois o abrace e diga que o ama).

Caro leitor, poderia também falar do pai amigopai que brincapai que passeiapai presente.... mas,deixarei para outra oportunidade. Aproveito para indicar um livro de um querido mestre e amigo, “101 Idéias para a Família” – David J. Merkh/Carol Merkh, Ed. Hagnos.

Por últimoalgo que também aprendi e sei que é muito importante para “coroar de bênçãos” essas práticas:

Ame e demonstre verdadeiro amor e respeito pelo seu cônjuge, faça seus filhos entenderem e verem que sua esposa/o é o primeiro(a) na escala de seu amor, isso com certeza irá dar muita segurança a eles.

Encerro este Post com as conhecidas palavras de um Juiz de Houston (Texas- USA) publicada na Revista Reads Digest – Seleções em 1963. (fiz minhas adaptações)

DEZ MANEIRAS PARA PERDER SEU FILHO

1º Dê tudo o que ele pedir. Realize todas as suas vontades;

2º Ache graça quando ele falar ou fizer coisas erradas (palavras e coisas que não edifiquem);

3º Não tenha compromisso com a Igreja e nem cobre dele isso também;

4º Nunca use a palavra “pecado”, nem apresente Jesus como Salvador;

5º Faça tudo por ele (p.ex.: guardar brinquedos; arrumar o quarto; resolver os deveres escolares...), prive-o de responsabilidades;

6º Deixe-o assistir o que quiser na TV e navegar onde quiser na internet;

7º Não faça conta do dinheiro que ele gastar, não lhe ensine nunca que dinheiro vem de trabalho duro, e gastá-lo é sempre mais fácil;

8º Jamais diga “NÃO”. Quebre sempre suas promessas de não e sim;

9º Brigue e discuta com o seu cônjuge na frente dele;

10º Não use a correção, castigo e disciplina.

Não deixe que seu filho seja “roubado” pelo “Capitão Gancho”, nem por ninguém. Seja você o “Capitão Temporário” do coração dele, sempre conduzindo-o ao Capitão de sua vida, JESUS CRISTO.


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Uma Palavra aos Pais Estressados

 Uma Palavra aos Pais Estressados

                           Robério Odair Basílio de Azevedo

Há um ditado popular que diz que “ser pai não é para qualquer um e muito menos para covardes.” De fato, essa é uma tarefa prazerosa, porém muito estressante. No caso de verdadeiros cristãos, a razão de toda preocupação é motivada no fato de que a própria alma dos filhos está envolvida nessa questão. Pais tementes a Deus estão tão preocupados com a glória de Deus, que a mais terrível angústia é ver seus próprios filhos agindo e vivendo como ímpios que não temem ao Senhor. Oh! Quantas lágrimas têm sido derramadas por servos de Deus ao perceberem que seus filhos não exibem as marcas de uma conversão genuína.

Tenho ouvido o relato choroso de muitos pais que consagraram seus filhos ao Senhor, mas agora percebem o quão distante eles estão do caminho da salvação e rumam a passos largos para o inferno. Filhos que tiveram em seus joelhos e braços, agora são uma presa nas mãos de Satanás! Pais que viram a água do batismo escorrer sobre a cabeça dos filhos, agora percebem que suas mentes estão cheias de filosofias e valores mundanos!
Nessa difícil tarefa de criar filhos é imprescindível recorrer às claras instruções delineadas nas Sagradas Escrituras, pois elas de fato podem nos dar orientações muito claras sobre como devemos agir. Assim, o resumo que segue é uma simples enumeração de alguns princípios que ajudarão os pais estressados a não desanimarem ao contemplarem a vida ímpia que seus filhos têm vivido:

Primeiro, lembre-se que a sabedoria no coração dos filhos é uma obra exclusiva de Deus e ocorre como resultado da salvação implantada em seus corações. Quando Deus salva alguém, não apenas o regenera, mas implanta temor em seu coração. De acordo com Provérbios 1:7 e 10:1, apenas o temor do Senhor pode produzir sabedoria nos corações dos nossos filhos. Essa sabedoria não tem nada haver com acúmulo de conhecimentos, mas com a firmeza de propósito em aplicar os mandamentos de Deus em cada circunstância da vida. Sabedoria, portanto, tem haver com obediência a Deus, mas só Deus pode plantar essa obediência através da conversão (Tt. 3:4-5) e fazê-la germinar através de Sua palavra (1 Pe. 1:23). Filhos que demonstram rebeldia a Deus, e, concomitantemente, aos pais, exibem um sinal claro de que, possivelmente, não foram regenerados, e sua desobediência, rebelião e ingratidão são sinais de que nunca nasceram de novo, apesar de freqüentarem a igreja.

Segundo, reconheça suas limitações em interferir em questões espirituais concernentes a salvação do seu filho. Como pai, você pode interferir em muitas áreas na vida de seu filho, menos na salvação de sua alma. Talvez você faça parte de uma longa lista de pais aflitos que sofreram ao ver o egoísmo estampado nas ações do filho ou filhos. Como Adão, Isaque e Jacó, você pode estar presenciado a desunião dos filhos! Como Arão, é possível que veja a mão de Deus pesar sobre eles! Como Samuel, Davi e muitos outros reis piedosos de Israel, talvez esteja enfrentando angústias ao perceber que seus filhos não andam e nem seguem os seus caminhos e exemplos! Ao sentir o peso de tamanha tristeza, não desanime. Nessas horas busque ao único que sabe lidar com a aflição – Deus. Reconheça que na questão espiritual apenas Ele pode fazer algo. Apenas o Seu poder pode mudar seu filho ou filhos, portanto busque-O humildemente em oração. Nunca esqueça que todos os seus esforços e dinheiro gasto com as melhores escolas não serão suficientes para produzir um centímetro de vida espiritual na vida dos seus queridos filhos! Se o seu coração está apertado, ore sem cessar e aprenda a depender de Deus sem jamais desanimar (Lc. 11:13). Peça também a pessoas discretas a batalharem com você em oração e recorra a Deus através de Cristo. Lembre-se do exemplo de muitos outros que apresentaram seus filhos ao Senhor Jesus e receberam uma resposta positiva (Mc. 9:17; Mt. 15:22).

Terceiro, humilhe-se na presença do Senhor e avalie sua vida. Os filhos geralmente imitam os pecados dos pais e percebem a inconsistência entre o que eles falam e dizem. Eles drenam o veneno do seu pecado e seguem seu péssimo exemplo. Lembre-se que você é um pecador e pode estar envenenando a vida do seu filho com sua própria falta de temor verdadeiro ao Senhor. Há dois tipos de pecados que podem arruinar seu papel como pai e líder espiritual. Primeiro, seus próprios pecados em relação aos seus pais (Gn. 42:1). Isso nos lembra a história de um pai que exclamou para o filho: “Nunca um homem teve um filho tão ruim e ingrato!” Porém o filho respondeu: “Sim, meus avós tiveram!” Ou seja, antes de avaliar seu filho, avalie-se primeiro como filho e confesse ao Senhor suas possíveis falhas. Trate com amor seus pais e isso será um poderoso exemplo para seu filho! Segundo, examine os seus próprios pecados que foram praticados contra seus filhos. É muito embaraçoso olhar para os filhos e descobrir que nos imitam em tudo, inclusive no que concerne aos nossos pecados. Ao descobrir isso, humilhe-se diante de Deus e faça dos pecados dos seus filhos os seus próprios. Arrependa-se e abandone os seus pecados, pois não conseguirá ajudar seus filhos a menos que mortifique os seus próprios pecados.

Quarto, ensine amorosamente e admoeste incansavelmente a seu filho. A Bíblia ensina que você deve disciplinar e instruir seu filho (Ef. 6:4). Essa instrução deve ser diária, e tanto ocasional como sistemática (Dt. 6:1-9). Lembre-se da importância do culto doméstico diário, pois ele terá um papel fundamental no ensino da Palavra de Deus para seu filho. Chame a atenção dele para que observe as Escrituras e sempre o repreenda de forma clara e serena. Trate sempre pecado como pecado e seja amoroso e paciente como a mãe do rei Lemuel (Pv. 31:1-9). Lidere seu filho e faça o que a Bíblia diz que muitos homens não fizeram — Discipline-o e deixe-o arcar com as conseqüências de seus atos errados. Não siga o exemplo de Eli, que não tinha autoridade sobre seus filhos e foi punido por Deus (1Sm. 2:29; 3:13). Ao perceber qualquer sinal de pecado e rebeldia em seu filho, você deve levá-lo a examinar o seu coração, pois é possível que não tenha nascido de novo ou esteja vivendo em frieza espiritual. A diferença entre um estado e outro, é que no caso da frieza espiritual a insensatez é passageira e momentânea, mas no caso da falta de conversão e impiedade, a insensatez é permanente e agravante.

Em suma: lembre-se que você não pode converter o coração do seu filho, mas ao ver qualquer sinal de insensatez ou ausência de marcas de conversão na vida dele ou deles, tome quatro atitudes: Ore, analise sua vida, seja um líder espiritual e reprove as atitudes erradas do seu filho.


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Que Legado Você Deixará para Seu Filho?

 Que Legado Você Deixará para Seu Filho?

 
Pr. Jaime Kemp

Querido leitor, você que é pai já parou e pensou sobre isso? Eu mesmo tenho me questionado a respeito. Se eu morresse hoje, qual seria o impacto mais forte que eu teria causado na vida de minhas filhas?

Uma pergunta crucial

Um dia, um escriba da lei aproximou-se de Jesus com uma pergunta semelhante: "Mestre, qual é o grande mandamento da lei?" (Mt 22.36).

Jesus, retrocedendo a Deuteronômio 6, respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus, de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento".

Uma herança eterna

O legado que eu gostaria de deixar para minhas filhas é que elas tenham aprendido a amar a Deus de todo coração.

Para que isso aconteça com nossos filhos é necessário, antes de tudo, que eles conheçam a Deus. Não podemos delegar essa responsabilidade ao professor de Escola Dominical. Não é ele quem deve levar nossos filhos a Cristo.

Esse é o fundamento que os pais devem dar a seus filhos: levá-los ao conhecimento de Deus através de Jesus Cristo.

A importância de ser um exemplo positivo

Para ajudá-los a alcançar esse conhecimento, é necessário, segundo Deuteronômio 6.6, que nos submetamos à vontade de Deus. Se pretendemos vê-los crescendo espiritualmente através do estudo e meditação da Palavra, precisamos servir de exemplo e fazer o mesmo.

Porém, apenas ser fiel nos momentos a sós com o Senhor não é suficiente. Para que eles assimilem a importância de andar com Deus a cada instante, eles precisam observar-nos obedecendo-O, sempre.

Quando minhas filhas ainda eram pequenas, eu costumava passear muito com elas de carro. Às vezes eu ultrapassava o limite de velocidade, então elas me repreendiam:

- Papai, você está acima do limite de velocidade!

Se um pai espera que seus filhos obedeçam às autoridades ou às regras e leis da sociedade para não se tornarem desajustados e arcarem com uma série de contratempos, precisam servir de exemplo para eles.

Ensinando pacientemente

As palavras de Moisés implicam num segundo passo: "...tu as inculcarás a teus filhos" (Dt 6.7).

A palavra inculcar significa imprimir a Palavra de Deus na mente e no coração da criança. Converse com seu filho sempre que houver oportunidade, diariamente, sentado em sua casa, andando pelo caminho, quando vocês levantarem e quando forem deitar.

Pai, enquanto seus filhos forem pequenos, o privilégio de ler para eles será inteiramente seu. Você é a pessoa escolhida para conversar com eles sobre a Palavra e seu significado na vida. Você deve ajudá-los a decorar versículos, a entender o que querem dizer e ensiná-los a aplicá-los no dia-a-dia. Uma sugestão. Que tal Hebreus 13.6 para começar?

Vida com Deus

Em Deuteronômio 6.8,9 ressaltamos a necessidade de uma constante aplicação da Palavra de Deus: ...também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais da tua casa e nas tuas portas".

"... As atarás como sinal na tua mão", indica que toda ação deve ser baseada no ensino das Escrituras.

"... E te serão por frontal entre os olhos" - todo pensamento e decisão devem ser submetidos à Palavra.

"...umbrais e portas" - uma exortação para que em tudo, absolutamente em tudo, obedeçamos às Escrituras.

Os filhos precisam perceber, assistir, testemunhar a Palavra de Deus sendo aplicada, sem reservas, na vida familiar, no calor do cotidiano. Lições eternas são aprendidas à beira da cama, antes da criança dormir, quando ela conversa e ora com seus pais. Pela manhã, no carro, a caminho da escola, o simples observar da natureza e a menção do poder, amor e graça de Deus para conosco, perpetuam-se inesquecivelmente na lembrança.

Se você morresse, qual o legado que seu filho receberia de sua parte? Jesus mostrou-nos a maior e melhor herança que podemos dar a eles: amar a Deus de forma integral e completa, de coração, alma e força.

Caro pai, espero que esse seja um desafio prioritário em sua vida!

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