domingo, 24 de julho de 2011

Como Falar a Seus Filhos SobrEvolução e Criação
Dr. Ray e Sue Bohlin

Ray e Sue Bohlin mostram como falar a seus filhos sobre evolução e criação. As perguntas de Sue e os comentários estão em itálicos, seguidos pelas respostas de Ray.


Problemas com Teoria Evolutiva

Por que é o problema de evolução em primeiro lugar? Alguém lhe perguntou uma vez, "Em que eu deveria acreditar?" Você se lembra o que respondeu?

Basicamente eu disse que você deveria acreditar no que há evidência para tal. Depois de gastar anos estudando evolução como bacharel, mestre, e programas doutorais, eu posso lhe falar que, em primeiro lugar,  evidências de mudanças em organismos quando eles se adaptam a situações diversas.

Segundo há evidência que uma nova espécie surge. Nós vemos novas espécies de moscas-de-fruta, roedores, e até mesmo pássaros. Mas quando a espécie original é uma mosca-de-fruta, a nova espécie ainda será uma mosca-de-fruta. Estes processos não nos falam como temos cavalos, pássaros e pica-paus.

Terceiro, no registro fóssil, há só algumas transições registradas entre os principais grupos de organismos, como entre répteis e pássaros, e mesmo assim há dúvidas, até entre os evolucionistas. Se a teoria evolutiva fosse certa, deveria haver muitos deles.

Quarto, não há nenhuma resposta evolutiva para a origem de adaptações complexas como a língua do pica-pau; ou vôo dos pássaros, mamíferos, insetos, e répteis; ou as mudanças natatórias nos peixes, mamíferos, répteis, e os invertebrados marinhos. Estas adaptações aparecem no registro fóssil sem transições. 

E quinto, não há nenhum mecanismo genético para estas amplas mudanças evolutivas. A teoria de evolução da ameba para o homem é uma hipótese feita sobre pouquíssimos dados.

Assim o problema com a evolução é que é uma teoria mecânica sem um mecanismo, e não há nenhuma evidência para as grandes alterações da ameba para o homem.

A evolução do cavalo

Eu tenho um livro de biologia da oitava série de nosso filho aqui. Todo livro desse tipo tem essa história do cavalo. Isso sempre foi oferecido como uma prova da evolução. O que você me diz?

Não prova quase nada sobre essa teoria. David Raup, do Museu de Campo de História Natural de Chicago, diz:
Nós estamos a aproximadamente 120 depois de Darwin, e o conhecimento do registro fóssil foi grandemente ampliado. Ironicamente, nós temos menos exemplos de transição evolutiva do que no tempo de Darwin. Com isto eu quero dizer que alguns dos exemplos clássicos de mudanças darwinianas, como a evolução do cavalo na América Norte, tiveram que ser descartadas ou modificadas como resultado de uma informação mais detalhada. (1)

Não há nenhuma sucessão de fósseis evoluindo no cavalo. A história da evolução do pequeno cavalo de 60 milhões de anos atrás para o cavalo de hoje foi chamado pura ficção. O que se pode mostrar é a transição de um cavalo menor para um grande. Mas esta não é nenhuma mudança evolutiva significante, e ainda levou uns 60 milhões de anos. Nada se diz como o cavalo evoluiu de um pequeno mamífero como o musaranho.


Órgãos homólogos e vestígios de órgãos
Órgãos homólogos? O que são eles?
Órgãos homólogos são órgãos ou estruturas de organismos diferentes que têm a mesma ou semelhante função. Os evolucionistas dizem que esta semelhança é devido a ascendência comum. A pergunta é: esses órgãos existem e funcionam por causa dessa ascendência comum ou por causa de um simples desígnio comum. Em outras palavras, eles existem deste modo porque estão relacionados uns aos outros, ou eles foram projetados para executar uma função semelhante? A homologia não é um problema para os criacionistas; nós temos uma explicação diferente, mas razoável. É o resultado de um desígnio comum, não uma ascendência comum.

Há vestígios de órgãos, algum que nos leve a um distante passado evolutivo? Eu me lembro de ser ensinado que o cóccix, o osso-sacro, permanece da época quando éramos macacos. E o apêndice, a mesma coisa — nós precisamos dele quando estávamos evoluindo, mas nós não precisamos dele agora. Esses órgãos são vestígios de nossa época evolutiva. Uma vez que nós não os usamos, perderam seu uso; eles se tornaram vestígios de sua função original, de acordo com teoria evolutiva.

Sim, de acordo com a evolução. Mas nós descobrimos que estas estruturas têm uma função. O principal exemplo é o que você mencionou, o osso-sacro. O cóccix serve como um ponto de junção para vários músculos pélvicos. Você não poderia se sentar muito bem ou de forma confortável sem o osso-sacro.

Também se pensou por muito tempo que o apêndice era um órgão que restou como vestígio e não tem nenhuma função em nossos corpos, mas vemos agora que ele faz parte do sistema de imunidade do organismo. Tem uma função. É verdade que você pode viver sem ele. Porém, ao estudarmos o apêndice, vimos que ele permanece sem ser infectado e pode estar servindo um propósito muito útil.

Então, em outras palavras, "órgãos que restam como vestígio" não são necessariamente inúteis; nós somente podemos não ter descoberto sua finalidade ainda.

Sim, várias vezes chamamos esses órgãos de "órgãos que restam como vestígio" porque nós nunca nos preocupamos em estudá-los por causa de seu pequeno tamanho. Agora nós achamos que coisas como o cóccix e o apêndice realmente têm uma função. E se eles têm uma função, então nós não os podemos chamar que resta como vestígio; eles não são resquícios de nosso passado evolutivo.

Eu estou vendo figuras de embriões nesse livro que são bem parecidos. A explicação do livro é que eles são assim por causa de sua origem ancestral comum. Bem, parece que isto apóia a teoria da evolução, não é? O que é, portanto?

Definitivamente, não. O desenvolvimento embriológico não segue a história de nosso passado evolutivo. Essa idéia foi provada errada há 50 ou 60 anos atrás. Infelizmente, esse erro continua nos livros escolares. Obviamente, há um pouco de semelhança entre espécies em desenvolvimento embriológico; por exemplo, entre mamíferos, répteis, anfíbios, e pássaros. Isso é porque todos eles começam de uma única célula. À medida que se desenvolvem, eles ficam menos semelhantes. Isso é exatamente o que você esperaria de um evolucionista ou de uma perspectiva criacionista.

A primitiva atmosfera da Terra

Você sabe, eu estava bem contente em ver como esse livro tratava a evolução. Nem mesmo se usou a palavra evolução e a tratou com teoria e não fato. Mas se você pegar um livro mais novo, talvez ele seja a favor da evolução. Eu estou preocupado por causa de algumas coisas que eu li nesse capítulo da origem da vida. Está falando sobre a primitiva atmosfera da Terra, e esta declaração está em negrito (assim os estudantes sabem que vai estar no teste, você sabe!):

A primitiva atmosfera da Terra tinha mais vapor de água, monóxido de carbono e gás carbônico, nitrogênio, sulfato de hidrogênio, e cianeto de hidrogênio.

E na próxima seção fala sobre as famosas experiências de Stanley Miller em 1953. Diz que ele recriou a primitiva atmosfera de amônia, água, hidrogênio, e metano. O que isto quer dizer?

Esta seção em particular é confusa e errada na maior parte. É claro que eles descrevem a experiência clássica de Miller, mas os investigadores de hoje concordam que a atmosfera usada naquela simulação não existiu. Mas a experiência de Miller produziu alguns resultados. Se você utilizar a atmosfera que o livro demonstra como real, os resultados são muito menos significantes. O livro escolar dá a impressão que a atmosfera química é fácil de se simular. Mas isto está longe da verdade. Um experimentador diz:
Hoje, todas as discussões de princípios e teorias de campo [significando a origem da vida] termina num beco-sem-saída ou em uma demonstração de ignorância (2)

Mas você não teria essa impressão ao ler o livro.


Árvores filogenéticas

Eu tenho outra pergunta. Vejo aqui um belo quadro que mostra vários animais evoluindo de um ancestral comum. Esta árvore evolutiva tem um animal como um crocodilo no fundo, e todas as ramificações saem dele, e depois nos diz que tartarugas, serpentes, répteis, pássaros e mamíferos descendem deste animal. Nós estamos falando de fantasia de ciência aqui, ou há um problema com esta árvore evolutiva?

Árvores evolutivas, ou árvores filogenéticas são falsamente ensinadas nos livros escolares. Os gráficos dão a impressão de haver muita evidência, muitos fósseis para documentar estas transições—mas as transições não estão lá. Se nós fôssemos olhar este mesmo tipo de diagrama em um livro de ensino da faculdade, todas essas linhas conectando as transições seriam pontilhadas indicando que nós não temos a evidência para mostrar se isto é verdade. A transição é uma suposição. Eles dizem que estes organismos estão relacionados um ao outro, mas a evidência falta. Stephen Gould, paleontólogo e evolucionista de Harvard, diz:
A extrema raridade de formas transitivas no registro fóssil é o grande segredo da paleontologia. As árvores evolutivas que ilustram nossos livros de ensino só têm mostrado os ramos e extremidades da árvore. O resto é a conclusão do livro: não a evidência de fósseis. (3)

Em outras palavras, estes gráficos são bonitos, mas eles não são gráficos da realidade.

Isso é correto.

Seleção natural e Especiação
Neste mesmo texto de biologia eu estou olhando o capítulo de evolução chamado "Como as Mudanças Acontecem". A resposta desse livro vem com "A Seleção Natural". A Seleção Natural sempre veio inseparada da teoria da evolução. O que é isso?

A Seleção natural é um processo onde os organismos são ajustados a sobreviverem e a se reproduzirem, fazem mais do que os que não possuem essas aptidões. Soa complicado, mas é um processo simples, algo que você pode observar facilmente na natureza.

Há alguns gráficos aqui das famosas mariposas da Inglaterra. Por que eles continuam aparecendo nos livros de ensino de ciência?

Eles continuam aparecendo porque a mariposa foi o primeiro exemplo documentado da seleção natural de Darwin. Havia duas variedades de cor diferentes da mesma mariposa: uma variedade branca e uma variedade escura. A variedade branca ficou camuflada no tronco das árvores, mas a variedade escura não. Como resultado, os pássaros comeram muitas mariposas escuras A variedade mais comum, então, era a variedade branca. Entretanto o tronco das árvores ficou escuro ou negro por causa da poluição. Agora a forma escura ficou escondida, mas a variedade branca se salientava, assim os pássaros comeram a variedade branca. A proporção de mariposasbrancas para pretas foi trocada em resposta à mudança no ambiente.

Esta é uma mudança de muita freqüência. Uma vez nós tínhamos mais mariposas brancas, e agora nós temos mais escuras. Um exemplo claro da seleção natural que acontece. Mas a pergunta é, isto realmente é evolução? Eu não penso assim. Isso mostra variação dentro de uma mesma espécie. Nenhum biólogo ou geneticista pode falar como veio a existir a língua dos pica-paus.

Quando falamos das mariposas brancas, nós estamos lidando com seleção natural dentro da mesma espécie. Isso é uma nova espécie inteira; por exemplo, os pássaros das ilhas Galápagos que Darwin estudou na costa de Equador. Não é uma nova evidência da evolução?

Temos aqui outro caso onde precisamos ter cuidado. A especiação realmente é um processo que acontece, mas ela já não pode ocorrer na mesma espécie. As duas populações são separadas por uma barreira geográfica como uma montanha, e um longo tempo há para ocorrer esse processo e reprodução.

Mas o que nós fizemos foi separar os genes em duas populações diferentes, separadas; se você quer chamar de espécie diferente, tudo bem. Mas os pássaros de Darwin, embora tenham algumas diferenças no bico são membros da mesma espécie. As moscas Drosophila, das ilhas havaianas — e há mais de 300 espécies — provavelmente se originaram de uma espécie inicial. Mas eles olham muito o mesmo. O principal modo de as diferenciar é pelo modo de acasalamento delas.
Há muita variedade dentro dos organismos que Deus criou, e as espécies podem se adaptar a pequenas mudanças no ambiente. Mas há um limite até onde essa mudança pode ir. E os exemplos que nós temos, como mariposas e os pássaros de Darwin, mostram isto muito claramente.

Respondendo a Teoria Evolutiva

Você deu a resposta de um criacionista para os livros escolares. Como você acha que os cristãos devem reagir quando vem a evolução no meio do currículo escolar?

Primeiro não faça pânico. Isto não deveria ser uma surpresa; você soube que ia vir eventualmente. Segundo entenda que a evolução é uma idéia muito importante na sociedade hoje. É importante saber sobre isto e entender. Tente explicar isto a seus filhos. Você não tem que acreditar nisto ou aceitar isto, mas você precisa entender isto, saber o que as pessoas querem dizer quando falam sobre a evolução.

O que responder numa pergunta de um teste?

Aqui pode ser meio arriscado. Você pode achar que é certo mentir só para satisfazer o professor. Mas eu não acho isto correto. O que você está fazendo é só discutir sobre evolução; você está mostrando que entendeu o assunto. Você não vai responder algo como "isso é o que eu acredito". Pode prejudicar sua resposta. Mas você está simplesmente demonstrando seu conhecimento sobre a evolução, não sua aceitação.

Parece-me que quando você mostra que entende o conceito da evolução, está demonstrando respeito pelo professor e realmente para a teoria, como a teoria prevalecente de nossos dias, sem ter que fazer uma declaração de "Sim, eu acredito nisto!”.

Correto. O conceito de respeito, eu acho, é extremamente importante, porque você tem que perceber que como colegial ou universitário você está lidando com professores que estudaram ou ensinaram a teoria evolutiva por muitos anos. O nível de conhecimento deles é muito maior que o seu. Você não pode simplesmente entrar lá e tentar convencer a classe que o professor está errado, ou que a evolução está errada; você precisa representar o papel de um estudante. E o papel de um estudante é aprender, tentar entender e compreender as idéias que são discutidas. Mas você não tem que se comportar como se estivesse aceitando a teoria evolutiva.

Eu encontrei esta página no livro que temos visto, corrigida depois dos capítulos de evolução. É uma mensagem dos autores para os estudantes. Diz:
A teoria evolutiva junta todos os seres vivos numa grande família — das mais altas sequóias canadenses as mais minúsculas bactérias e todo humano na Terra. E, o mais importante, a história evolutiva da vida deixa claro que todos os seres vivos – todos nós – fazemos parte de um destino comum neste planeta. Se você não se lembrar de nada desse curso em dez anos, mas se lembrar disto, seu curso terá sido bem aproveitado. (4)

Eu nunca vi uma mensagem como essa antes, dos autores para o estudante. Este livro tem mesmo um forte preconceito da evolução.

Aqui nós temos que perceber que o que está sendo estudado não é mais ciência; esta é uma visão mundial. Esta é uma declaração naturalista. Obviamente, a evolução é extremamente importante à visão mundial naturalista, e os autores estão tentando comunicar seu significado. Nós vamos ver cada vez mais deste preconceito em livros escolares.

Antes dos pais cristãos falarem a seus filhos sobre evolução, nós temos que ter primeiro uma compreensão da evolução, como também uma compreensão dos problemas com isto. Nós não precisamos ter medo desta poderosa teoria; nós temos, porém, de ter discernimento, usando a retórica e distinguindo isto da verdade sobre o mundo de Deus.

Gênesis 1

Tipicamente, se uma criança prestar atenção nos estudos da escola dominical, ela talvez vá dizer: "Nossa! Mas isso não se parece com nada do que aprendi na escola!" Nossa esperança é que podemos ajudar os pais a conciliarem as verdades das Escrituras com as origens do mundo. Como cristãos, nosso ponto de partida do pensamento em origens é Gênesis 1: "No princípio Deus criou os céus e a terra". Deste ponto em diante, entretanto, há muitas perspectivas diferentes que explicam o resto do capítulo.

Isso é verdade, e infelizmente não só é um pouco confuso para muitos de nós, mas também para muitos acadêmicos e estudiosos. Há vários modos diferentes para interpretar Gênesis 1. Deixe-me apresentar só três diferentes pontos de vista dos evangélicos hoje.

O primeiro é o literal ou o recente relato da criação. Alguns chamariam as pessoas que defendem esse ponto de vista de "criacionistas" que afirmam que a Terra é jovem. Eles acreditam que cada um dos dias de Gênesis foi um de 24 horas como os dias atuais. Isto foi num passado remoto, talvez 10 ou 30 mil anos atrás. Eles dizem que a inundação foi mundial – um evento catastrófico e que todas as capas sedimentares foram um resultado da inundação de Noé. Então, todos os fósseis são um resultado da inundação de Noé.

O segundo modo de Gênesis 1 é a Teoria das Eras, às vezes chamada de Criação Progressiva. Aqui, cada um dos seis dias da criação é um período muito longo de tempo, talvez centenas de milhões de anos. Deus teria criado tudo progressivamente com o tempo, e não de uma vez. A inundação foi um evento local da Mesopotâmia ou talvez até mesmo pelo mundo inteiro, mas uma inundação que não foi traumática. Então, a inundação não deixou qualquer grande cicatriz ou sedimentos pela terra.

A terceira visão de Gênesis 1 é conhecida como Teoria Literária. Por esta, Gênesis 1 não foi escrita para comunicar história. As pessoas do Oriente Antigo usaram um sistema literário parecido para descreverem um trabalho completo; neste caso, uma criação perfeita. Deus poderia ter criado usando a evolução ou a criação progressiva; o ponto é que realmente não há nenhuma concordância entre a história da terra e os dias de Gênesis 1.

Nós precisamos explicar a nossas crianças a visão que faz o maior sentido para nós, mas ao mesmo tempo lhes deixar saber que há alguma discordância entre evangélicos. Você pode até mesmo se confundir, e é correto dizer a seus filhos que você não sabe, ou, que não sabe qual é a certa. Nós precisamos ensiná-las, mas também abrir as portas para novas opções.

Nós podemos saber qual é a interpretação correta?

A criação é um mistério. Nós precisamos mostrar respeito, não só para o mistério, mas também para essas pessoas que seguram visões diferentes. Os evangélicos com conhecimentos hebraicos e grego diferem na sua compreensão de Gênesis 1. Assim como nós podemos fazer uma criança de 10 anos entender isso?

Quando nós explicamos a história de Gênesis 1, nós precisamos comunicar a nossas crianças que os estudiosos – todos eles – sabiam que a Bíblia é a Palavra de Deus e mesmo assim a interpretaram diferentemente uns dos outros. O mais importante é salientarmos que Deus criou a Terra, o Universo, e todos os seres vivos, especialmente os humanos.

A origem do homem

Agora nós vamos ver Gênesis com relação a história do homem. Comecemos com o Adão e Eva. Eles foram pessoas reais?

Esta é uma pergunta muito importante, e eu acho que é uma em que a maioria dos evangélicos pode concordar. Adão e Eva foram pessoas reais, e quase todos estudiosos evangélicos concordam que eles foram criados por Deus. A razão é que este é um evento de criação onde Deus nos dá detalhes como Ele fez. Quando Ele criou os outros mamíferos, criaturas marinhas e os pássaros, Ele os fez ou Ele os criou ou Ele os formou, mas nós vemos coisas sobre Adão e a criação de Eva. Nós sabemos como Deus os fez. Adão foi formado do pó, e Eva foi criada de uma costela tirada de Adão. Está claro que os humanos não têm uma origem evolutiva.

E os australopithecus, esses macacos supostamente ancestrais do homem?

Os Australopithecus são simplesmente prováveis macacos extintos. Alguns discutem se eles andaram eretos e evoluídos a seres humanos, mas até mesmo a idéia de se eles andaram em pé, isso não é um problema real. Eles foram macacos extintos, e eles na verdade não tiveram nenhum aspecto humano. Há até mesmo um bom livro que você deveria ler chamado Bones of Contention (Ossos da Divisão). Há vários livros chamados Bones of Contention, mas este é o de Marvin Lubenow. Lubenow dá grande detalhe dos achados fósseis atuais — o que eles querem dizer, onde eles se encontraram — tudo da perspectiva de um criacionista, e ele faz mesmo um bom trabalho. Ele fala sobre o fato que os restos humanos parecem cobrir uma época de 4 milhões de anos da evolução humana até o presente, e que até mesmo um tipo de fóssil chamado homo erectus cobre um tempo muito grande. O homo erectus realmente não se ajusta onde eles dizem, e os fatos parecem demonstrar realmente que ele não se encaixa na teoria evolucionista.

Há outra pergunta que se faz há gerações. De onde veio a esposa de Caim?

Essa pergunta pode desconcertar alguns, mas é perfeitamente compreensível para mim. Obviamente, Caim casou-se com uma irmã. Nós às vezes somos contra tal idéia por causa de nossas leis contra relações incestuosas. Nós temos tais leis por causa das conseqüências que elas podem ter contra as crianças. Isto é porque todos nós temos genes recessivos prejudiciais dentro de nossos cromossomos. Familiares que se relacionam podem ter semelhantes ou até mesmo o mesmo código de cromossomos. Quando nós nos casamos dentro da família, esses recessivos podem se ajuntar e resultarem em uma criança geneticamente defeituosa. Mas na criação original, não havia nenhum problema. Estes eram os seres originalmente criados, não havia nenhuma mutação genética para se preocuparem.

Quando vieram as origens humanas, a Bíblia não dá nenhuma idéia de Deus formar qualquer coisa diferente de Adão e Eva. É o fato que Deus criou o gênero humano que nos dá tal valor intrínseco.

A Inundação de Noé

A inundação de Noé é extremamente importante porque vários ensinos do Novo Testamento dependem disto. O Senhor Jesus disse que antes Dele vir os dias aqui seriam iguais aos de Noé. Pedro nos lembra que o julgamento de Deus já se fez uma vez na Terra e o fará novamente. Se o primeiro julgamento não fosse real, o que pensaríamos do segundo?

Muitas vezes ao lembrarmo-nos da história de Noé vem-nos à mente uma imagem de um barco enorme numas águas tempestuosas cheio de fofas ovelhas e altas girafas. Nós às vezes nos lembramos dessa história como um conto de fadas igual a Cinderela ou Chapeuzinho Vermelho, algo somente para dormir. O dilúvio realmente aconteceu?

Nós estamos falando de um evento histórico e muito sério. É visto em Gênesis como uma narrativa histórica. Mas os evangélicos divergem em como aconteceu. Há três visões diferentes.

A primeira é que ela foi catastrófica e cobriu o mundo inteiro. Cobriu todas as altas montanhas naquele momento, e foi catastrófica — as ondas subiram e as águas saíram do grande abismo.

A outra visão é que a inundação foi universal — cobriu a terra inteira — mas foi um evento calmo e que provavelmente não deixou qualquer cicatriz ou sedimentos na terra.

E a terceira visão é que a inundação só foi na área de Mesopotâmia. O dilúvio, por ser um meio de destruir a humanidade, e pelo fato da humanidade não estivesse muito expandida naquela época, foi só na região mesopotâmica.

Como na história da criação, nós precisamos contar para nossos filhos a nossa convicção. O que pensamos sobre isso? E novamente, se você não está certo, se você não está seguro sobre sua visão, a sua incerteza passa para a criança. É normal ser incerto sobre algumas destas coisas; os estudiosos realmente não sabem tudo sobre isso. E nós temos que estar prontos para entender que as crianças podem ter a sua própria visão particular, podem ter ouvido coisas na escola, escola dominical, ou em alguma igreja que pode diferir de nossa visão. Mas o correto é dar um pouco dessa informação para elas.

Com todas essas diferentes versões do dilúvio, o que é correto contar a nossos filhos? O que é o ponto da inundação? O que é a linha de fundo deste evento?

O propósito da inundação de Noé foi destruir o gênero humano existente naquele momento. O ponto onde os estudiosos divergem é até onde os seres humanos tinham se expandido até aquele momento. Alguns dizem que a humanidade podia ter tido só 100 mil habitantes, podendo assim, estarem todos na Mesopotâmia. Mas se tiveram mais de 4 ou 5 mil anos de história, tendo uma chance de se multiplicar e crescer, podiam ter chegado ao número de 4 ou 5 milhões de pessoas expandidas fora da área. Por isso alguns sugerem que, para destruir o gênero humano, o dilúvio foi universal. Mas nós ainda não sabemos se a inundação foi catastrófica ou tranqüila e dessa forma há um tema para discussão. Eu acho todas essas discussões interessantes porque elas põem em debate a Palavra de Deus e abrem espaço para novos estudos.

Há uma visão do Dilúvio — o modelo do dilúvio catastrófico universal — que é pregado pela maioria da comunidade cristã. Várias organizações propõem este modelo. De fato, você passou várias semanas com uma equipe dessas organizações no Grand Canyon para estudar sua formação. Nós queremos alguns detalhes sobre essa inundação de Noé. Você daria um breve esboço deste modelo?

Este modelo catastrófico definitivamente dá a idéia de um enredo muito diferente de um barco cheio de belos animais e pessoas. Nós estamos falando sobre as águas que saem das profundezas do abismo e sacodem a Terra. Os criacionistas que defendem uma Terra jovem sugerem que a maioria das capas sedimentares foi formada durante o dilúvio. A maioria dos fósseis que nós achamos nessas capas sedimentares, então, teria sido colocada como resultado do dilúvio de Noé. Também deveria haver na Terra uma evidência dessa catastrófica sobreposição de capas.

Este modelo está próximo da verdade? Ele explica tudo?

Há muitas coisas que explica. Há evidência para origem catastrófica para a maioria, se não todas as capas sedimentares. Os organismo parecem necessitar de um mesmo processo de serem transformados em fósseis. Mas há problemas com este modelo, e eu acho que é importante que nós reconheçamos o que esses são. Por exemplo, todos os tipos diferentes de sedimento teriam que ser o resultado de só um evento, uma inundação catastrófica. Quando nós olhamos estas capas sedimentares, nós temos arenito, limo, feldspato, xisto —tipos diferentes de pedras — mas todos eles teriam de vir pelo mesmo evento, e isso tem um pouco de problema. A maioria dos geólogos Cristãos acredita que os estratos existem devido a outros eventos como inundações de rio, depósitos de grandes tempestades ou furacões que aconteceram periodicamente ou, em alguns casos relativo ao arenito, até mesmo dunas de areia de deserto. Enquanto o modelo catastrófico é uma idéia cativante, eu não vejo uma necessidade para se forçar a aceitar ou rejeitar isto neste momento.

Há muito trabalho para ser feito relativo a este modelo. Se você tem uma criança curiosa, orientada cientificamente, por que não a encoraja a procurar uma carreira na ciência e se tornar uma parte do grupo que tenta investigar isto?

Homens da caverna

Outra pergunta que as crianças fazem freqüentemente: Onde se ajustam os homens da caverna na Bíblia?

A maioria dos criacionistas acredita que os homens da caverna foram os sobreviventes do dilúvio. Lembre-se, se o propósito da inundação fosse destruir o gênero humano, então a maioria destes fósseis seria de indivíduos que sobreviveram a inundação ou viveram logo depois. O Cro-Magnon e o homem de Neanderthal, e provavelmente até mesmo fósseis como homo erectus, são todos os humanos depois do dilúvio, descendentes dos três filhos de Noé. As características primitivas poderiam ser devido a procriação genética, dietas defeituosas, e vida em um ambiente severo.

Diferenças raciais

De onde vem as raças humanas? Se nós somos todos descendentes de um par, Adão e Eva, por que há tanta variação de cor?

As raças teriam se originado com os três filhos de Noé e as esposas deles. Há várias combinações genéticas na cor da pele das populações atuais. Não é nada difícil imaginar grupos depois do dilúvio se isolando e dando origem a várias sub-populações. Muitas destas variabilidades genéticas podem ter estado nas esposas dos filhos de Noé e podem ter surgido de segregação genética que aconteceu como a criação de Adão e Eva. Estes provavelmente foram as pessoas de cor de pele média das pessoas, se não todas, da presente variedade genética da pele delas.

Dinossauros

Nós não podemos falar de criação a nossos filhos sem mencionar os dinossauros. Onde se ajustam os dinossauros na Bíblia?

Não há nenhuma pergunta que escapa, principalmente feita pelas crianças, dos dinossauros. A resposta depende de nosso conhecimento disso.

Se você une a história dos dinossauros a uma velha-Terra, então os dinossauros estiveram extintos por setenta ou sessenta milhões de anos e não há nenhuma razão para esperar que eles sejam mencionados na Bíblia. Os homens e dinossauros nunca existiram juntos.

Porém, se você une a história dos dinossauros a uma Terra-jovem onde tudo foi criado num passado recente, então os dinossauros devem ter existido ao mesmo tempo em que o homem porque eles foram criados no mesmo dia, só a dez ou trinta mil anos atrás. E isso levanta a pergunta sobre se Noé levou dinossauros na arca.

É difícil de imaginar um brontossauro na arca, e a maioria das respostas dos criacionistas sugere que ele não levou dinossauros adultos na arca, só jovens ou pequenos bebês. A extinção dos dinossauros foi então devido por causa do dilúvio. Até mesmo se Noé levasse alguns na arca, o clima e o ecossistema pós-diluvianos não os teriam favorecido, causando sua extinção.

Mas também há a possibilidade de alguns dinossauros podem estar vivendo isolados, pequenos, em alguma parte do mundo. Eu não desejo apoiar essa teoria, mas há histórias muito intrigantes — e eu sei que são histórias, não fatos — do Congo, de tipos diferentes de dinossauros que são informados por aldeãos e até mesmo alguns missionários que viram répteis muito grandes nos pântanos. Nós temos pinturas de caverna na América do Sul que mostram dinossauros. Nós temos lendas do mundo inteiro sobre dragões, na China e o Leste e na Europa durante a Idade Média. Parece-nos que há, dessa forma, répteis enormes vivendo em algum lugar. É muito mais fácil de entender que eles foram extintos pelo dilúvio do que terem desaparecido a 65 milhões de anos. Também é possível que pudessem ser mencionados dinossauros na Bíblia.

Você quer dizer sob um nome diferente?

Sim. Por exemplo, Jó 40 fala de uma criatura chamada "behemoth" nos versos 15 a 24. Ele alimenta-se de grama, tem força nos lombos, tem poder na barriga, tem um rabo duro como um cedro, e está nos primeiros trabalhos de Deus. Alguns acham que pode ser o hipopótamo, mas o hipopótamo não tem um rabo duro como um cedro. E você não o acha entre os primeiros trabalhos de Deus. Poderia ser uma criatura mítica, mas também poderia ser muito real.

O que nós tentamos fazer neste artigo é ajudar os pais a ensinarem seus filhos sobre a criação. Embora nós apresentamos algumas opções em vez de absolutos, nós ainda podemos falar para nossas crianças que Deus é o Criador e Sustentador de todas as coisas, e que o dilúvio foi um evento real, embora alguns dos detalhes de como estas coisas aconteceram pode nos faltar nesse instante. Esta aproximação nos permite, ao mesmo tempo, ensinar as verdades bíblicas e encorajar as crianças no estudo cientifico. Este é o mundo de nosso Pai, e O encanta quando as crianças querem descobrir e procurar os mistérios do passado, da história, da história dEle.

Notas
1. David Raup, "Conflicts Between Darwin and Palentology," Field Museum of Natural History Bulletin, vol. 30, no. 1 (1979): 25.
2. Kraus Dose, "The Origin of Life: More Questions Than Answers," Interdisciplinary Science Review 13 (1988): 348-56.
3. Stephen J. Gould, The Panda's Thumb (New York: Norton, 1980), 181.
4. Kenneth Miller and Joseph Levine, Biology (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1991), 335.
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sábado, 23 de julho de 2011

O Deus da Aliança Odeia o Divórcio


Rev. Gildásio Reis

"Não agüento mais viver com ele(a)!"

Em 16 anos como Pastor, tenho ouvido esta frase algumas vezes. Ela vem de casais, que após várias discussões, brigas e tentativas inglórias de salvar o casamento, entregam os pontos e partem rumo à separação. As estatísticas afirmam que dez anos atrás, havia menos de 100.000 divórcios no Brasil. Hoje são cerca de 200.000, e de cada dez casamentos em pelo menos um deles um dos cônjuges está se casando pela 2ª vez. Neste artigo, quero refletir com o leitor sobre o divórcio e gostaria de fazê-lo respondendo a três perguntas:

I) O que é o casamento aos olhos de Deus?
II) O que Deus pensa do divórcio?
III) Quais as causas do divórcio?



I - O que é o casamento?

Não há como discutir a questão do divórcio, sem antes entendermos biblicamente o casamento. Podemos afirmar que ele é uma instituição que nasceu no coração de Deus. Este é um princípio bíblico sobre o casamento - ele foi ordenado por Deus, não se trata de uma opção.

Pensamentos limitados do que seja o casamento:

O casamento é uma cerimônia pública realizada na Igreja.
O casamento é uma exigência legal do país e do meio social.
O casamento é um contrato entre duas partes.
O casamento é uma instituição.

O casamento aos olhos de Deus deve incluir tudo isto, porém vai além. O casamento é uma aliança. Aliança é o termo Bíblico que descreve a relação homem e Deus no processo de salvação. Nas Escrituras, uma aliança é um pacto solene que envolve um soberano e um vassalo. A aliança é imposta ao segundo pelo primeiro e acarreta bênção quando cumprida e maldição quando quebrada.

Quando alguém entra numa aliança, assume um inescapável compromisso. A Bíblia fala que Deus fez uma aliança conosco. E essa aliança é um vínculo inquebrável com Deus. Deus não quebra aliança e não nos permite quebrá-la também. Quando alguém que está em aliança com Deus, desobedece e não aceita as condições estipuladas por esta aliança, a conseqüência é a maldição, mas Deus não quebra Sua aliança.

O casamento, portanto, é nada menos que uma aliança estipulada por Deus. Malaquias 2:14 se refere ao casamento como uma aliança "E perguntais: Por que? Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança" e é por isto que Ele odeia o divórcio. No livro de Provérbios (2:17), Deus adverte contra a adúltera que lisonjeia com palavras, que "deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança com Deus". Note bem, ao deixar com quem ela se casou, é acusada de quebrar sua aliança.

O casamento é uma aliança, e por isto não podemos tratá-lo a nosso próprio gosto.



II - O que Deus diz sobre o divórcio?

O pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o que Deus pensa do divórcio. Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16 "Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio...”.

Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7?

Jesus responde em 19:9 - "Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério...". Note bem que a única razão para o divórcio conforme Jesus é o adultério, e isto para proteger a parte inocente, e não para dar às pessoas uma maneira fácil de cair fora de um relacionamento desagradável. Fora do adultério, o casamento só pode ser dissolvido em honra, somente pela morte. Divórcio é o atestado do pecado humano.

O casamento é para todo o sempre - Em Mt 19:6 Jesus afirma que “... aquilo que Deus ajuntou não separe o homem”.

Ele permitiu, mas não deu a Sua bênção. Mesmo no caso de adultério, devemos perceber que o caminho de Deus não é o divórcio, mas o perdão. Embora permitido, não é Seu desejo.



III - As causas do divórcio:

Se divórcio é o atestado do pecado humano, precisamos agora colocar algumas das mais freqüentes razões humanas para a separação. Quais são as razões ou causas da separação entre os casais? Gostaria de mencionar pelo menos quatro causas:

Descuido da vida cristã dos cônjuges
Ausência do perdão
Indisposição à mudanças necessárias
Ausência do amor

1 - Descuido da vida espiritual dos cônjuges:
Um escritor do século passado, certa ocasião disse à sua esposa: "Minha querida, quando amo mais a Deus, amo você da maneira como deve ser amada". Quanto há de verdade nesta afirmação! Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais nos aproximamos do nosso cônjuge.

A crise em um casamento já é sintoma de que há uma crise espiritual. Lemos nas Escrituras que "se o Senhor não edificar o lar em vão trabalham os que o edificam" Sl 127:1. Nosso casamento precisa ser regado à oração e leitura da Palavra. Qual foi a última vez que você orou com seu cônjuge? Quando foi que vocês sentaram juntos para estudar a Palavra de Deus?

Se não damos lugar a Deus no relacionamento marido-mulher, não há muito o que fazer para resistir à crescente degradação e enfraquecimento da relação a dois.

2 - Ausência de perdão:
Sem a disposição para o perdão, nenhum casamento consegue sobreviver por muito tempo. Quantos comentários negativos que aparentemente são inofensivos, mas vão penetrando sorrateiramente no relacionamento infligindo mágoa e ressentimento e destruindo os sentimentos mais ardorosos. Quantos problemas antigos e mal resolvidos sempre voltam às discussões atuais. Quando o cônjuge permite que os fantasmas do passado continuem assombrando o presente, reavivando antigas amarguras, eles fazem com que as cicatrizes e feridas passadas não se fechem e se curem.

Quem não perdoa está matando aos poucos o sonho do casamento (Cl. 3:13).

3 - Indisposição à mudanças necessárias:
Se formos bem honestos, teremos que admitir que nem tudo em nosso cônjuge nos agrada. Há hábitos, manias, comportamentos que nos irritam e nos tiram do sério. Porém isto é normal em qualquer casamento. Precisamos aceitar o fato de que somos diferentes do nosso cônjuge em muitas coisas, afinal viemos de famílias diferentes, de costumes e valores que nem sempre são os mesmos. Não obstante termos diferenças que são de nós mesmos, há muitas coisas em que precisamos ser mudados, e o que causa tensão no casamento é que os cônjuges não querem mudar, não se dispõem a mudanças necessárias para o bom convívio entre marido e mulher; pelo contrário, concentram grande esforço em tentar mudar o outro. Tal atitude cria fortes resistências, o cônjuge não muda e começa a cobrar mudanças no outro, acentua os defeitos e minimiza as qualidades.

4 - Ausência de amor:
"Eu não o amo mais". Esta é uma frase comumente usada pelos cônjuges em crise para dar plausibilidade e legitimidade ao divórcio. Mas como tudo o que é dito nas Escrituras, o amor também sofre de má compreensão. O amor não é um sentimento para ser vivido apenas em bons momentos a dois, ou só na lua-de-mel. Conforme Cristo disse, o marido tem que amar a esposa como Cristo amou a Sua Igreja - dando sua vida por ela. Amor é a decisão de agir em favor do outro. Temos que abandonar aquele tipo de amor-fantasia, amor de novela, amor emocional. Amar é desempenhar atos de amor. Amar é ser gentil com o cônjuge, é procurar atender às necessidades do outro, é saber ouvir, é ser paciente, é não procurar seus próprios interesses, é não ser egoísta, é não mentir ao outro, é ter palavras de elogio e não de crítica, etc... A ausência destas atitudes sufoca e estrangula o casamento.

O divórcio não oferece uma oportunidade fácil de começar uma vida nova. Lembre-se que sempre que desobedecemos a Deus sofremos conseqüências. Você leva cicatrizes do divórcio consigo para sempre.

Note as palavras de um irmão após alguns anos de seu divórcio:

"Acho que a morte é mais fácil de suportar do que um divórcio, porque nela existe um fim. O divórcio simplesmente não acaba”.

A Bíblia afirma inegociavelmente: "aquilo que Deus ajuntou não separe o homem". Ferir este princípio é atrair desastrosas conseqüências.

Alguma coisa a mais ainda poderia ser dito aqui sobre este assunto; talvez algumas medidas de prevenção. Contudo, entendo que a melhor maneira para se prevenir ao divórcio é começar combatendo as suas causas: Monitore sua vida espiritual e comece a levar Jesus para dentro de seu casamento, aprenda a perdoar ao invés de guardar ressentimentos, esteja disposto a promover mudanças significativas em seu relacionamento, ao invés de cobrar mudanças, e tome a decisão de amar seu cônjuge.

Que o Deus da aliança abençoe seu casamento! E lembre-se: Ele odeia o divórcio.

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quinta-feira, 5 de maio de 2011


Conselhos para Quem Quer se Casar





Pr. Nélson R. Gouvêa

"Ao homem pertencem os planos do coração; mas a resposta da língua é do Senhor. Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos; mas o Senhor pesa os espíritos. Entrega ao Senhor as tuas obras, e teus desígnios serão estabelecidos. O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos" Pv. 16: 1-3, 9.

Hoje eu quero passar algumas informações principalmente aos juvenis e jovens que pensam em se casar um dia e querem ser felizes e abençoados por Deus.

Em dias que os valores estão distorcidos, onde existe tanta irresponsabilidade na área de formação de famílias. Em dias em que a mídia sem escrúpulos coloca como atores principais adolescentes em cenas de nudez e perversão sexual, ou novelas do tipo Malhação, onde um tempo atrás uma médica aconselha a uma mãe a deixar que o filho transe com a namorada dentro de sua própria Casa.

Eu gostaria como prevenção aos nossos jovens e adolescentes apresentar uma seqüência de princípios que aos ajudarão refletir sobre os verdadeiros valores que valem realmente a pena serem observados e praticados.

1. JOVEM, NÃO SE PRECIPITE.
Deixe as coisas acontecerem naturalmente. Você é especial para Deus e Ele tem preparado aquele (a) que irá compartilhar com você os seus sonhos, os seus anseios.

Se você já está namorando alguém, deve lembrar que no período de namoro deve-se ter um comportamento Santo, evitando ao máximo as carnalidades, os contatos físicos, porque esta atitude está na contra mão da espiritualidade. Embora a idade da adolescência, da juventude a pessoa esteja biologicamente com a sua sexualidade a flor a da pele. Deve-se buscar em Deus o equilíbrio, o controle.

Eu fico estarrecido quando vejo na mídia, nas instituições religiosas e governamentais estimularem e orientarem os nossos jovens a praticarem o sexo com segurança; Isto é, usando preservativo como se o sexo livre fosse opcional. Else passam à mensagem de que você deve se soltar e só fazer sexo com alguém que você AMA para se sentir seguro (a). Etc. A Bíblia condena claramente a prática do sexo, for a do casamento. Definitivamente não existe sexo seguro for a do casamento. Não devemos esquecer que camisinhas furam. Por isso você jovem não deve se precipitar. Deixe o afã das carícias para ser desfrutado após o casamento.

Se você estiver namorando gaste tempo para conhecer esta pessoa que você diz amar. É bom tirar tempo no sentido de conversar sobre os gostos e o futuro de vocês evitando ao máximo contatos físicos.

Cultive um relacionamento de harmonia, de Paz e de autocontrole, de amor puro. Não façam nada que venham a se envergonhar mais tarde. Vale a pena esperar o casamento. Vocês terão muito tempo, uma vida inteira para se relacionarem sexualmente

2. ESTEJA SEMPRE DEBAIXO DAS ORIENTAÇÕES DE SEUS PAIS

Há uma tendência e prática no meio da juventude de pensar que já são livres em suas ações e que os pais não devem se intrometer. A obediência às determinações dos pais com certeza é o fundamento básico para a benção enquanto estão juntos a else e obedecendo-os com certeza estarão sendo preparados para que no futuro saibam administrar a sua própria família. O quinto mandamento com promessa deixa bem claro: “Honra a teu pai e a tua mãe, como o senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem à terra que o Senhor teu Deus te dá”. (Dt. 5:16).

Com certeza os seus pais querem o melhor pra você e a interferência deles é sem dúvida nenhuma saudável e necessária para as devidas correções de rumo em sua vida.

Leve a sério as sua orientações, observações e conselhos. Siga sempre os horários pré–estabelecidos. Conviva somente com amizades reconhecidas pela sua família.

Infelizmente, quero destacar que existem modelos de pais por aí que, muitas vezes não correspondem com uma realidade cristã e, por conseguinte deixam a desejar no que diz respeito na formação de caráter de seus filhos, porém mesmo assim a sua atitude para com else deve ser de testemunho bom e saudável. Busque em Deus e na sua Palavra às orientações seguras. O seu pastor poderá ajudá-lo (a) nestas horas de conflito, para que o seu futuro não esteja comprometido e você esteja fazendo exatamente a vontade de Deus.

3. LEMBRE-SE: QUANDO ESCOLHER ALGUÉM PARA NAMORAR, ESTA PESSOA DEVE SER UM CRISTÃO LEGITIMO.
A Bíblia diz: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo”. (Am. 3:3).

A Bíblia também fala em II Co. 6:14 sobre o jugo desigual. “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? Ou que comunhão tem a luz com as trevas”?

Imagine você já casado (a) e o seu cônjuge começar a pensar e agir totalmente contrário aos princípios bíblicos. Você vai querer ir à Igreja no Domingo na Escola Dominical – Ele (a) vai querer ir ao clube e ainda por cima levar as crianças.

Você como um bom cristão que ama Deus não vai querer bebida alcoólica dentro de casa. Ele (a) além de trazer bebida pra casa, ainda vai trazer os amigos inconvenientes. Estes e tantos outros motivos são fatores pelos quais os casamentos se desfazem. Com certeza muitas pessoas ignoram em tempos de namoro estes pequenos porem importantes detalhes e por isso passam por situações muitas vezes constrangedoras

O bom mesmo, para um relacionamento ser estável é começar certo. O bom é que ambos sejam cristãos genuínos, nascidos de novo, conhecerem verdadeiramente Jesus Cristo, ter uma experiência com um poder restaurador de Deus.

4. ANTES DE SE ENVOLVER EMOCIONALMENTE COM ALGUÉM NO NAMORO, SE ENVOLVA ESPIRITUALMENTE COM CRISTO JESUS.
Jesus Cristo deve ser a prioridade de sua vida. A Bíblia diz que você deve buscar a Deus em primeiro lugar e a sua justiça e as demais coisas serão acrescentadas por Ele em sua vida. (Mt. 6:33).

Gaste tempo, tendo prioridade na leitura, estudo da Bíblia e na oração.

Leve a sério à vida cristã. Tenha compromisso com a sua igreja local. Não fique pulando de Igreja em Igreja. Se identifique com os projetos de sua Igreja local.

Ame o seu pastor, as lideranças que Deus tem colocado sobre a sua vida.

5. NÃO NEGLIGENCIE NOS ESTUDOS SECULARES
Estude e estude muito. Há um conceito errado que têm se formado no meio de jovens cristãos, que Jesus está voltando e por isso não se precisam de ensinos seculares somente os que a Bíblia ensina. Muitos jovens abandonam os estudos para ir para Seminário. Eu creio que esta não é a vontade de Deus. Todas as coisas têm o seu tempo certo. A um tempo de estudar e se preparar e usar a própria profissão no futuro em função do Reino de Deus.

Moças e rapazes se envolvem emocionalmente em namoros e antes do termino dos estudos resolvem se casar. Comprovadamente é um transtorno, pois não estão preparados ainda para este tipo de desafio. Se a pessoa que você está namorando te respeita e te ama verdadeiramente saberá esperar o tempo certo.

6. NAMORO É COMPROMISSO
Nada de ficar. Respeite você próprio. Respeite o seu corpo. Sua família. Estes relacionamentos de paixão, superficial e ligeiro trocando de parceiro sempre que se tem vontade pode trazer sérios problemas de desvio emocional e de afirmação em sua vida, além de trazer conseqüências terríveis na formação de caráter. A sua auto-imagem com certeza vai ficar comprometida. No futuro, quando você estiver por dentro de casamento precisará afirmar-se e você pode ter problemas de relacionamento com seu marido ou esposa. Além de tudo isso deve ser terrível, passar a ter sentimentos de rejeição e de frustração, quando você for alvo de piadas, comentários e fofocas feitas por pessoas do seu relacionamento.

Se pretenderem se casar, antes analisem bem a situação financeira. Há um ditado que diz: “Quem casa quer casa” A Bíblia diz: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e será os dois uma só carne”. (Gn. 2:24)

Este negócio de casar e morar com os pais não funciona, por melhor que eles sejam. Quando você faz isto, quebra-se um princípio da Palavra. Você deve deixar a casa paterna e este Deixar significa em todos os sentidos: Financeiro, geográfico, emocional, íntimo, etc. Isto não quer dizer que você deixará de amar, de honrar os seus pais. Apenas se afastarão para a formação de uma nova família e a farão com a benção deles.

Por parte dos pais deve haver esta compreensão, ou seja, o de liberar os filhos para serem felizes. A função dos pais após o casamento dos filhos é de intercessão, é estar presente quando convocado pelos filhos. Estarão sempre prontos para oferecerem conselhos com discernimento e sabedoria.

Bom eu quero orar por você juvenil ou jovem que acabou de ler estas considerações nesta oportunidade. Eu não conheço você, nem os seus problemas. Mas conheço Jesus que pode solucionar as suas dificuldades. Deus entende você. Quem sabe você está frustrado (a) chateado (a). Quem sabe aquele namoro que não deu certo, porque você quebrou princípios que não poderia ter quebrado. Eu quero lhe dizer que Deus lhe ama e se preocupa com a sua felicidade.

Oração: Deus e Pai. Tu conheces este jovem, esta jovem, e pode com certeza avaliar melhor do que ninguém suas reais preocupações nesta fase de sua vida. Tenho certeza que o Senhor o (a) ama e quer vê-lo (a) feliz e abençoado. Coloque em seu coração vontade de conhecê-lo melhor. Mesmo que este mundo esteja cheio de opções contrarias a sua vontade, trabalhe em sua vida diariamente fortalecendo o seu coração e indicando o caminho que ele (a) deve seguir. Resolva os seus problemas diários, o seu relacionamento com seus pais e abençoa-o (a) com toda sorte de bênçãos espirituais. Faço esta oração em Nome de Jesus Cristo a quem dou toda a honra e Glória, hoje e sempre, Amém.



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sábado, 9 de abril de 2011

PLANEJAMENTO FAMILIAR

Fundamentos bíblicos

Walter Santos Baptista

Temos diante de nós uma tarefa hermenêutica: trazer para hoje a interpretação de algo sobre o qual a Bíblia é muito econômica.

Há todo um quadro sociológico, psicológico, de valores espirituais, e determinantes teológicas que não é o nosso à luz da clareza do evangelho, dos ensinos de Jesus e da Igreja apostólica.

Temos dois diferentes problemas que se entrançam: o da contracepção e o do planejamento familiar. O primeiro não é novo. As Escrituras Sagradas mencionam o caso de Onã, neto de Jacó, filho de Judá com uma mulher cananéia (Gn 38.1-9). Tendo morrido seu irmão Er, Onã assume o seu lugar junto à viúva, com o objetivo legal de deixar descendência para o irmão Diz o texto "que toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para Dar descendência a seu irmão" (v.9). Realizava ele o que é chamado "coito interrompido", considerado no texto como um mal. Aliás, a análise dos métodos anticoncepcionais considera como "um dos menos eficazes" . Quanto ao caso seguinte, ou seja, de planejamento familiar, a Bíblia menciona em Gênesis 30.14 algo nos domínios da medicina popular, "saiu Rúben nos dias de ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe. Então disse Raquel a Léia. Dá-me, peço das mandrágoras de teu filho".

Também Oséias 1.8 relata algo que se enquadra ao que a medicina ensina a respeito da esterilidade por ocasião do aleitamento:
"ora depois de haver desmamado a Lo-Ruama, concebeu e deu à luz um filho",
Onde, além de nutrição do recém-nascido, era forma de controle da natalidade e de planejamento da família. Nesse sentido, o problema é novo:
"As trinta mil gerações humanas que nos precedem sempre consideraram que a procriação freqüente era a primeira garantia da família e da sobrevivência do grupo. Nosso problema não preocupou mais que as últimas doze gerações da espécie humana. Não nos deve estranhar, portanto, que seja difícil mudar um hábito mental e moral tão antigo".

O QUADRO BÍBLICO

A Bíblia não fala de controle de nascimentos. Discute, sim, sobre filhos, responsabilidade familiar e questões de sexualidade.


Relações sexuais entre os cônjuges são perfeitamente corretas: "Honrado seja todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará"(Hb 13.4). E, "Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente" (Pv. 5.18,19).

O relacionamento sexual no casamento é um dever e um privilégio. Dessa forma, "O marido pague à mulher o lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não vos negueis um ao outro senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência" (I Co 7.3-5).

O sexo há de ser apreciado e valorizado:
"O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios. A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace" (Ct 1.13; 2.6).

Mas o problema proposto é "quantos filhos?" A Bíblia não responde, apenas diz: "Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão dum homem valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta" (Sl.127.3-5);

E, também: "Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre os animais que arrastam sobre a terra." (Gn. 1.28; (Cf. Gn 9.1; Sl. 128 3,4).

Daí em diante, entra a inteligência nossa no discernimento, e de outros na orientação e ajuda. É deduzir do estudo da Palavra de Deus, e nos conduzirmos nos seus parâmetros.

Não podemos esquecer a origem nômade do povo hebreu. Nesse quadro, havia um caráter tríplice que tornava a geração de filhos um dever sagrado:
  • caráter pastoril,
  • O tribal, e
  • O patriarcal.
Crescia o clã, crescia a tribo e a importância da nação. Havia, portanto, necessidade de renovação e ampliação. Por isso: "Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar, e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência" (Gn. 15.5), E,
"Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão." (Sl. 127.3)

Como resultado, vinha o respeito ao homem rico, à mãe de família numerosa, ao idosos, às pessoas de vida longa. E o conseqüente desprezo ao pobre, às mulheres estéreis, e ao doente. É ler, "E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então poderá ser contada a tua descendência" (Gn13.16);

"Disse Deus a Abraão: Quanto a Sarai, tua mulher, não lhe chamarás mais Sarai, porém Sara será o seu nome. Abençoá-la-ei, e também dela te darei um filho; sim, abençoá-la-ei, e ela será mãe de nações; reis de povos sairão dela. Ao que se prostrou Abraão com o rosto em terra, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará a luz Sara, que tem noventa anos?" (Gn 17.15.17);

"E Abraão expirou, morrendo em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi consagrado ao seu povo" (Gn 25.8).

Para o hebreu que morresse sem deixar filhos, foi criada a já mencionada lei do levirato encontrada em Deuteronômio 25.5-10.

O Antigo Testamento insiste no dever de gerar filhos, ou seja, na bênção divina que representa um nascimento (Cf. Gn. 13.16; 12.3b). Rico em filhos, rico em força de trabalho, prestígio social, autoridade no presente, segurança no futuro. Por isso, a suprema miséria, é não ter filhos ou propriedade. A esterilidade é um drama teológico. Segundo o Talmude da Babilônia, a esterilidade da mulher aos dez anos de casamento dava ao marido o direito do divórcio. E, no entanto, o "tema da mulher estéril" é freqüente no Antigo e no Novo Testamentos, haja vista as esposas dos patriarcas - Sara (Gn 11.30; 16.2), Rebeca (Gn 25.21) Raquel (Gn 29.13) - e também a mãe de Sansão (Jz 13.24), Ana (1 Sm 1.6), Isabel (Lc 1.7). Tão importante é a descendência que há bênçãos que atingem até a quarta geração.

Quanto ao cristianismo, o Novo Testamento não tem textos que falem sobre planejamento familiar e/ou controle da natalidade. Na verdade, a fé na vinda do Messias mudou a perspectiva da necessidade de descendência. No judaísmo, a mulher queria filhos para ser mãe do Messias, mas no cristianismo, a doutrina era que os tempos se haviam cumprido. Então, para que prolongar a espécie humana? Para que filhos? Deu-se o contrário: a abstinência, ou como colocou André Dumas, teólogo protestante francês: "a abstinência veio por entusiasmo escatológico".

Há no entanto, dois versículos no Novo Testamento em que é feita recomendação às esposas cristãs de terem filhos, visto que estavam demasiadamente tendentes a se libertarem da condição de mães:
"... a mulher... salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos..." (1 Tm 2.15);
"Quero pois que as mais novas se casem, tenham filhos..." (1 Tm 5.14).

A geração de filhos antes do nascimento de Jesus era uma sagrada esperança; depois depois de Cristo era dever para calar, os que acusavam os cristãos de abandonar a família e o trabalho. Nada disso, porém, ensina sobre o controle da natalidade, ou mesmo o planejamento da família, e especialmente sobre as motivações atuais.

O Novo Testamento combate o exagero da continência (1 Co. 7.5), o menosprezo do casamento.

"Mas o Espírito expressamente diz em tempos posteriores alguns apostarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrina de demônios,... proibindo o casamento,..." (1 Tm 4.1,3a), e exorta contra perversões (adultérios, fornicação, homossexualidade, prostituição). Nem ascetismo nem libertinagem carnal. As heresias gnósticas condenavam a procriação porque significava criar corpos materiais que eram maus e que encarcerariam as almas que eram boas.

O DESPERTAMENTO PARA O PROBLEMA

A reforma Protestante do século XVI trouxe mudanças na compreensão cristã da sexualidade e do casamento. A ética protestante sempre foi mais favorável à natalidade por ver no casamento uma vocação religiosa preferível ao celibato. Daí porque, enquanto os católicos romanos louvam a virgindade e o celibato (veja-se o ministério religioso entre os padres, freiras, frades, eremitas), entre os evangélicos, olha-se com desconfiança o pastor não casado, a não ser que haja vocação para isso (Cf. 1 Co. 7.7; Mt. 19.12b)


Também não há entre os evangélicos o tom sacramental que caracteriza o casamento católico romano.
Igualmente está modificada a doutrina dos fins do casamento que ensina ser unicamente para a procriação. Afirmamos os evangélicos que a procriação acompanha e coroa a companhia mútua dos cônjuges (esse o sentido de Gênesis 2.24: 'Portanto, deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e uni-se-á à sua mulher, e serão uma só carne".

O consenso nas Igrejas Protestantes e Evangélicas é sobre a legitimidade do controle de nascimentos sem distinguir, em princípio, entre os diversos métodos, desde que os casais o pratiquem de modo responsável e em comum acordo.

Algumas importantes datas são:
1910 - Lançado em Nova Iorque o movimento para o Planejamento Familiar por Margaret Sanger.
1923 - Fundada em Londres a primeira clínica de controle da natalidade, e autorizada pela Câmara dos Lordes o ensino do mesmo nos centros comunitários da Grã-Betanha (os Welfare Centres).
1930 - A Assembléia de Lambert da Igreja Anglicana (Epscopal) expressou o reconhecimento do conceito de limitações da família (a partir de 1930 houve consenso favorável nas esferas protestantes sobre a geração responsável de filhos).

1958 - realização de outras Assembléias de Lambert que emitiu uma declaração instituída A Família do Dia de Hoje, que, entre outras coisas diz:
"É preciso voltar a insistir sobre o Planejamento Familiar como resultado de uma decisão cristã pensada em oração. Assim, os maridos e mulheres cristãos não devem vacilar em oferecer humildemente sua decisão a Deus e seguí-la com clara consciência"(Cit. Dumas, p.54)

Lambert utilizou o conceito de "paternidade responsável", evitando expressões como "controle da população", "regulação da fertilidade", "prevenção da natalidade", entre outras. A expressão "paternidade responsável" nasceu no meio protestante-evangélico, falando do papel central do casal, papel que não pertence ao estado, às Igrejas, ou a um só cônjuge.

PATERNIDADE RESPONSÁVEL

O conceito é pertinente, autêntico, nobre e bíblico. Afinal, os pais são admoestados na Bíblia a fazer provisão para a sua família:

"Se alguém não cuida... da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo." (I Tm 5.8),
e daí as lições:
"Instrui o menino no caminho em que deve andar, até quando envelhecer não se desviará dele" (Pv. 22.6; cf. Dt. 6.6,7).

Por isso, a paternidade deve ser planejada, e deve-se prover o bem-estar dos filhos financeira, acadêmica, social (através da disciplina e amor) e espiritualmente. Se não pode fazê-lo, deve considerar seriamente se está realmente honrado a Deus colocando filhos no mundo. E porque a Bíblia não fala especificamente sobre o Planejamento Familiar, deu-nos a responsabilidade de usar a inteligência, porque os casais têm problemas e sensibilidades diferentes. Não é nossa responsabilidade julgar, mas ensinar e instruir.

São condições que o casal deve possuir para a paternidade consciente e responsável: felicidade e harmonia (espiritual, psicológica e sexual) que assegurem ambiente emocionalmente equilibrado nas relações familiares; saúde física e psíquica; disposição para uma preparação constante tanto para a paternidade quanto para a educação; capacidade de modificar psicossocialmente o pensamento para assimilar novas idéias.

Interessante aplicação do verso cinco do Salmo 127 ("Bem-aventurado o homem que enche [de filhos] a sua aljava...") pode ser feita nos seguintes termos: a aljava (depósito de flechas) era proporcional ao tamanho e peso do portador. Assim, o pai deve colocar no mundo tantos filhos quantos possa sustentar, criar e educar adequadamente. Cada casal cristão responsavelmente dará a resposta à pergunta "quanto filhos?" que corresponda a suas possibilidades. Quem tem capacidade para cinco filhos, cinco; para dois, dois para um, um. O princípio bíblico a ser adicionado será o de Lucas 12.48a: "a quem muito é dado, muito se lhe requererá", pois que o planejamento familiar e a Paternidade Responsável levam em conta não só o número de filhos e sua educação, mas também o próprio relacionamento familiar e suas necessidades morais e religiosas. Ao casal com uma consciência bem orientada compete decidir quanto ao tamanho da família, e qual o método a ser adotado.

Por outro lado, a Paternidade Responsável leva em consideração a qualidade de vida familiar. Ou seja, é melhor cinco filho que dez, e dois, que cinco. Não podemos, então esquecer a espiritualidade da procriação, quando o ser humano é co-criador (cf. Gn 1.26-28).

O Planejamento Familiar deve nascer a rigor no namoro porque será sábio o casamento sem que haja temor de gravidez prematura, seja emocional ou economicamente. E visto que os meios de Planejamento Familiar são, em grande medida, questão de escolha médica e estética, desde que admissível à consciência cristã, impõe-se a formação da consciência. Quer dizer que a privação voluntária da relação sexual por parte de um dos cônjuges não pode ser aprovada porque nega as intenções do casamento; meios que interrompam ou impeçam o cumprimento do ato sexual, e assim que ele chegue ao seu apogeu, também; o aborto provocado, o feticídio, a não ser que seja imperativo para a vida da mãe e por inegável necessidade médica. O uso de método contraceptivos deve honrar o vínculo do matrimônio e enriquecê-lo moral e espiritualmente, porque o Planejamento Familiar deve ser meio de ajudar a família a encontrar seu equilíbrio.

O AMOR...

Não haverá família de verdade senão onde reinar o amor entre marido e mulher. Por isso, São Paulo ensina, "Todos os vossos atos sejam feitos com amor" (1Co 16.14 AR).


O filho deve ser desejado, recebida com alegria, bem-vindo, pois há diferença entre controle da maternidade e o controle consciente da natalidade, caso em que são levados em consideração os valores humanos.


Fontes Primárias
1. DUMAS, André. El Control de los Nascimentos en el Pensamiento Protestante. Buenos Aires, La Aurora, 1968. Tead A F. Sosa, 191p.
2. HAVEMANN, Ernest et al. (orgs). Control de la Natalidad. Países-Baixos, Time-life, 1967. 118 p.
3. KELLY, George A. Manual do Matrimônio Católico, São Paulo, Dominus, 1963. 219 p.
4. NARRAMORE, Clyde M. A Christian View of Birth Control, 3ª impr 1961. 30 p.
5. RODRIGUES, Walter. Planejamento Familiar, 2ª ed. Rio, Departamento da Infância e Educação (Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil), s.d. 60 p.


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