sábado, 13 de novembro de 2010




A Base nas Escrituras Para Esperarmos o Arrebatamento Antes da Tribulação


Pr. Ron Riffe

Está provado que a compreensão da profecia bíblica é progressiva - à medida que os eventos mundiais continuam a se desdobrar, os elementos que antes eram considerados alegóricos agora fazem pleno sentido! Além disso, desde 1989, os espíritos-guia demoníacos estão dizendo aos autores de livros de Nova Era para prepararem seus aderentes para o arrebatamento do povo cristão.

"Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" - apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses 4:18.

...

Já usei muito esta ilustração, mas a julgar pelos comentários que recebemos desafiando nossa posição que o arrebatamento ocorrerá antes da Tribulação, ela aparentemente precisa ser repetida com freqüência: o que estava anteriormente fora dos limites da razão agora tornou-se bastante razoável à luz dos eventos atuais.

Por exemplo:
Até o início do século XX, a maioria dos comentaristas via o exército de duzentos milhões de soldados mencionado em Apocalipse 9:16 como algo totalmente fantástico [[impossível]] e que deveria ser considerado como uma alegoria - representativo de alguma outra verdade espiritual. Eles raciocinavam que como todos os exércitos do mundo daquela época combinados não atingiriam aquele número astronômico, a passagem não deveria ser entendida literalmente. Entretanto, setenta e cinco anos depois, ficamos sabendo que a China sozinha provavelmente poderia mobilizar um exército daquele tamanho, se assim desejasse. Novamente, aquilo que antes estava fora dos limites da razão tornou-se agora bastante razoável! E o mesmo princípio aplica-se às demais profecias - o tempo inevitavelmente lança mais luz sobre a interpretação.

Similarmente, a história da igreja mostra que, em alguns casos, foram necessários várias centenas de anos para que todas as grandes doutrinas da fé fossem codificadas e solidificadas. Por exemplo, a justificação unicamente pela fé não foi completamente "firmada" até os dias de Martinho Lutero, nos anos 1500s. Assim, não vamos cair na armadilha de pensar que tudo o que os primeiros pais disseram seja sacrossanto e esteja fora de revisão.

Até hoje, muitos ainda ridicularizam o conceito do que caracterizam como "um arrebatamento secreto" porque insistem que uma pessoa supostamente chamada Margaret McDonald concebeu a idéia em 1830 - e a idéia foi adotada posteriormente pela denominação Irmãos Plymouth, e popularizada por meio dos esforços de C. I. Scofield, e sua famosa Bíblia de Referência.

Para responder a essas objeções, tudo o que podemos [[ou precisamos]] dizer é, "O que dizem as Escrituras"? A posição (como afirmamos enfaticamente) encaixa-se com todas as Escrituras e fazem mais sentido do que aquelas que são anteriores a ela? Vamos descobrir examinando o assunto da forma mais objetiva que pudermos.

Que haverá uma remoção instantânea da igreja do mundo é algo que está fora de disputa, porque 1 Tessalonicenses 4:13-18 e 1 Coríntios 15:51-53 declaram isso. A principal diferença de opinião gira em torno de quando ocorrerá essa remoção, pois muitos insistem que será simultânea à Segunda Vinda de Cristo no final do Período da Tribulação, e não no início. Todos os crentes concordam que Deus certamente arrebatará seus filhos eleitos deste mundo a qualquer tempo que escolher, mas existem várias razões lógicas para acreditarmos que esse evento ocorrerá antes da Tribulação.

Primeiro, precisamos compreender que o principal propósito do Período da Tribulação ("O Dia do Senhor") é punir e refinar a nação de Israel - não a igreja de Jesus Cristo - que é sua amada noiva. Parte (senão a maioria) da confusão que cerca esse assunto é causada pela compreensão incorreta do termo "escolhido" como se referisse aos filhos de Deus.

A igreja é formada exclusivamente de indivíduos escolhidos, mas existem dois grupos distintos de escolhidos fora da igreja: O primeiro é formado pelos santos do Antigo Testamento e o segundo é o grupo daqueles que serão salvos durante o período da Tribulação. Portanto, quando vemos o termo "escolhidos" usado em Mateus 24, juntamente com algumas referências nos evangelhos de Marcos e Lucas - precisamos entender que esses não são os santos da Época da Igreja - por razões que serão explicadas em detalhes posteriormente.

A maioria das profecias sobre o Período da Tribulação encontra-se no Antigo Testamento e, portanto, é claramente destinada a Israel. Adicionalmente, não faz absolutamente nenhum sentido o Senhor fazer sua noiva passar pelos horrores inimagináveis da Tribulação - mesmo considerando-se que a igreja é formada por pecadores merecedores do inferno. Ele nos salva pela sua graça e não por algum mérito nosso, assim que propósito haveria em punição durante a Tribulação? Enquanto estivermos nestes corpos mortais, o pecado continuará a caracterizar nossa existência e nenhuma punição apagará nossa natureza pecaminosa. Somente após recebermos nossos corpos glorificados é que finalmente estaremos livres do pecado.

Aqueles que insistem que o período da Tribulação servirá para remover "as máculas e as rugas" [Efésios 5:27] da igreja antes que ela possa se apresentar diante de Cristo, negligenciam esse fato básico. As imperfeições humanas e toda mancha do pecado precisa ser removida de nós como um pré-requisito para que possamos comparecer na presença de Deus - e isso será realizado instantaneamente no arrebatamento [1 Coríntios 15:50-58]. Tal crença [[que a Tribulação é necessária para purificar a Igreja]] forma a base para [[a doutrina romanista, falsa, de]] o Purgatório, de modo que aqueles que acreditam que a igreja precisa passar por um período de "purificação" estão aceitando a mentira do Purgatório! Os cristãos que constituem a igreja são imaculados, pois Jesus Cristo nos imputou sua perfeição.

Vejamos o que dizem as Escrituras do Antigo Testamento sobre o assunto "Dia do Senhor" - "o tempo de angústia de Jacó" - para obter uma melhor compreensão de sua aplicação a Israel. Como veremos, poucos temas bíblicos associados com o final dos tempos atraíram tanta atenção ou foram tão enfatizados no Antigo Testamento.

Quando os profetas mencionam: "O dia do Senhor", freqüentemente soam como Amós, que escreveu:

"Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e não de luz. É como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra. Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?" [Amós 5:18-20]

Embora o "Dia do Senhor" como um termo teológico, inclua tudo o que acontece em todo o período durante o qual Deus cumpre suas promessas e traz a história ao fim, a ênfase encontrada na maioria das passagens do Antigo Testamento está no período tenebroso de tribulação e julgamento que iniciará aquele dia. Ele é retratado como um tempo terrível para a humanidade; dias repletos dos juízos de Deus em que a Terra será devastada e esvaziada, e seus habitantes morrerão aos milhões. Haverá trevas, aflições e ais, à medida que a ira de Deus for totalmente liberada contra a humanidade rebelde [compare Deuteronômio 4:30-31; Isaías 2:19, 24:1,3,6,19-21; Jeremias 30:7; Daniel 12:1; Joel 1:15, 2:1-2; Amós 5:18-20; Sofonias 1:14-15,18] Conforme descobrimos nessas passagens do Antigo Testamento, as nações pagãs e o povo eleito de Deus, Israel, experimentarão o julgamento divino, pois a abrangência da Tribulação será mundial.

Como Jeremias disse em 25:32-33: "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tormenta se levantará dos confins da terra. E serão os mortos do SENHOR, naquele dia, desde uma extremidade da terra até à outra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão por esterco sobre a face da terra. Uivai, pastores, e clamai, e revolvei-vos na cinza, principais do rebanho, porque já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e dispersos, e vós então caireis como um vaso precioso. E não haverá refúgio para os pastores, nem salvamento para os principais do rebanho."

No entanto, apesar de todos os horrores desse tempo terrível, o objetivo é claro que ele levará ao livramento.

Eis algumas citações dos profetas:

"Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela."[Jeremias 30:7]

"Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós. E vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada. E vos levarei ao deserto dos povos; e ali face a face entrarei em juízo convosco; como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor DEUS. Também vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo da aliança. E separarei dentre vós os rebeldes, e os que transgrediram contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel não voltarão; e sabereis que eu sou o SENHOR." [Ezequiel 20:37-38]

"E acontecerá em toda a terra, diz o SENHOR, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O SENHOR é o meu Deus." [Zacarias 13:8-9] [Observe que dois terços de Israel serão mortos e somente um terço sobreviverá aos rigores do julgamento de Deus!]

O Período da Tribulação objetiva fazer a purificação [veja também Apocalipse 7:9 e 14:4] e preparar a conversão nacional de Israel [compare com Ezequiel 20:37-38; Zacarias 13:1,8-9, citado anteriormente]. E, de tudo isso, devemos compreender que a Tribulação do mundo inteiro está bem próxima. Entretanto, até mesmo esse mais terrível de todos os tempos será usado por Deus para o bem final, e levará a história em direção ao fim que ele planejou. Estes são alguns textos adicionais para estudo:

Dia do Senhor: Isaías 2:12; 13:6; Ezequiel 13:5; 30:3; Joel 1:15, 2:1,11,31; Amós 5:18-20; Obadias 1:15; Sofonias 1:7,14; Zacarias 14:1; Malaquias 4:5.

Tribulação: Deuteronômio 4:30-31; Isaías 2:19, 24:1,3,6,19-21, 26:20-21; Jeremias 30:7; Daniel 9:27, 12:1; Joel 2:1-2; Amós 5:18-20; Sofonias 1:14-15,18.

Agora que estabelecemos a base para o Período da Tribulação e mostramos como ele se refere a Israel e não à igreja, voltemos nossa atenção para os aspectos lógicos e de bom senso para o arrebatamento antes da Tribulação. Já dissemos que é um ponto irrealista e espiritualmente improdutivo pensar que o Senhor sujeitaria sua amada noiva aos terríveis eventos da Tribulação. E, aproveitando que estamos no assunto da noiva de Cristo, vamos dar uma rápida olhada nos antigos costumes hebraicos de noivado e casamento.

Uma vez que os pais concordassem com o casamento de seus filhos e o noivado formal fosse declarado (o noivado naquele tempo tinha o mesmo vínculo de indissolubilidade que o casamento), o noivo então iria providenciar uma casa para viver com a noiva. Isso, freqüentemente levava até dois anos para ser concluído. Enquanto esperava, a noiva permanecia na casa de seu pai, mas vivia em uma "expectativa do retorno do noivo a qualquer momento". Suas malas ficavam prontas, por assim dizer, pois ela ansiava com expectativa pelo dia em que seu pretendido voltaria para ela. Então, quando o noivo finalmente ficava preparado para receber sua noiva, um alegre grupo de celebrantes, juntamente com os "amigos do noivo" - os paraninfos, ou padrinhos, na terminologia atual - vinham à casa da noiva à meia-noite, e um amigo do noivo gritava "Aí vem o noivo!" A noiva, logicamente, devia acordar e abrir a porta para os celebrantes. Nesse ponto, ele acompanhava o grupo festivo até a casa do pai do noivo, onde a cerimônia de casamento ocorria - e depois disso, o casal se mudava para sua nova casa, para uma lua-de-mel que normalmente durava sete dias.

Os paralelos entre o costume hebraico do casamento e o arrebatamento da igreja são inegáveis! A noiva (a igreja) deve esperar a vinda no noivo (Jesus Cristo) na casa de seu pai (este mundo, controlado por Satanás). Quando o noivo volta após um período de separação de dois anos (aproximadamente 2.000 anos até aqui), a noiva é levada para a casa do pai do noivo (a casa do Pai Celestial) onde ocorre a cerimônia de casamento. A lua-de-mel na nova casa (as "moradas" de João 14:2) dura sete dias (corresponde aos sete anos do Período da Tribulação aqui na Terra).

Então, encontramos outro forte argumento para um arrebatamento anterior à Tribulação em 1 Tessalonicenses 5:9, em que lemos: "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo."

Esse verso, considerado no contexto, está obviamente conectado com o ensino de Paulo a respeito do arrebatamento - pois esse é o assunto do capítulo 4 e verso 13 até o capítulo 5 verso 11. E, uma das principais razões que motivou Paulo a escrever essa primeira carta era que a igreja de Tessalônica estava entristecida pelo destino dos seus amados. Aquelas pessoas também tinham crido e aparentemente tinham morrido sem terem sido tomadas nos céus por Cristo (como Paulo tinha ensinado anteriormente, isso aconteceria algum dia). No entanto, como Paulo só esteve com eles por aproximadamente um mês, o conhecimento que eles tinham do assunto era incompleto. Portanto, para corrigi-los nesse mal-entendido, Paulo diz que seus familiares mortos "em Cristo" na verdade (somente por um momento) precederiam aqueles que estarão vivos no instante do arrebatamento.

Observe que Paulo usa a palavra "consolai-vos" duas vezes em seu discurso, em um esforço de aliviar seus temores; depois ele conclui com o verso citado anteriormente (5:9), dizendo que Deus não os tinha destinado para a ira - a ira divina que está reservada para a nação de Israel (em particular, e para o restante do mundo em geral) e, portanto, devemos compreender que esse ensino a respeito do arrebatamento objetiva ser uma fonte de consolação para todos os crentes da Época da Igreja.

Como o Diabo não tinha acabado de atormentar esses cristãos tessalonicenses, circulou a falsa noção que por causa da perseguição que eles estavam experimentando, o "dia do Senhor" (o Período da Tribulação) já estava presente e eles tinham perdido o arrebatamento! Isso levou Paulo a escrever sua segunda epístola, em que lhes deu (e a nós também) dois sinais inegáveis, sem os quais o Período da Tribulação não poderá iniciar! No verso três do capítulo dois, Paulo nos diz que não devemos nos deixar enganar por ninguém, pois "aquele dia" não virá sem que ocorra antes a apostasia - uma apostasia, ou afastamento, dependendo da interpretação que se tenha da palavra grega apostasia - juntamente com o aparecimento do "homem do pecado", o Anticristo. Assim, precisamos compreender que esses dois eventos terão de ocorrer antes do início do período da Tribulação.

Neste ponto, gostaria de lhe fazer uma pergunta: Qual outra razão poderia ter motivado Paulo a apresentar esse ensino aos tessalonicenses, se não tivesse em vista o arrebatamento anterior à Tribulação? Pense nisso.

Outro ponto interessante refere-se à "apostasia" de 2 Tessalonicenses 2:3. A maioria vê isso com um afastamento em massa da fé anterior ao Período da Tribulação e essa certamente parece ser uma possibilidade quando o Anticristo ascender ao poder e as pessoas de todo o mundo começarem a adorá-lo. No entanto, ao longo dos anos, vários mestres proeminentes insistem que a palavra gregaapostasia também pode ser traduzida como "afastamento" - como no afastamento da igreja deste mundo - e crêem que isso se refira a um arrebatamento anterior à Tribulação. Entretanto, alguns estudiosos do grego - muitos dos quais adotam a posição anterior à Tribulação - não concordam com a interpretação de "afastamento", de modo que esse ponto em particular está longe de ser resolvido.

O Comentário Bíblico Amplificado usa as palavras "afastamento da igreja" na nota de rodapé para esse verso - 2 Tessaloniceses 2:3 - pois isso dá o significado total da palavra, apostasia.

Outra porção das Escrituras que se aplica à nossa discussão encontra-se em Apocalipse 3:10, onde o Senhor glorificado dirige palavras à igreja de Filadélfia:

"Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra." Pense atentamente na palavra hora. É um termo limitado à Terra. Uma vez que você saia da Terra e do sistema solar, essa palavra não tem a mesma relevância!

As sete igrejas mencionadas em Apocalipse, capítulos 2 e 3, eram igrejas literais espalhadas pela Ásia Menor no tempo em que João escreveu o Apocalipse. Muitos eruditos bíblicos acreditam que elas representam sete períodos distintos da história da igreja, finalizando com os "laodicéienses" - um tempo de espiritualidade morna imediatamente anterior ao período da Tribulação. Outra interpretação é que são sete tipos de igrejas, contendo membros individuais que são representativos de todas as expressões de espiritualidade e fidelidade a Jesus Cristo. E é para o caráter "filadelfense" fiel dos cristãos genuínos (que estiverem vivos naquele tempo), que a promessa é feita: "eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo". Observe que a promessa é "guardar da hora" e não "guardar na hora" da tribulação, como alguns pós-milenistas insistem que é o caso.

Noé foi salvo "da" ira de Deus no dilúvio, mas passou pela hora! Ló foi salvo da ira de Deus, mas passou pela hora. Jesus Cristo promete à igreja que a livrará da hora da provação que virá sobre todo o mundo.

Outro ponto interessante é que a igreja é mencionada freqüentemente até Apocalipse 3, mas então no verso 1 do capítulo 4, João recebe uma súbita ordem "Sobe aqui" (simbólica do arrebatamento?) e a igreja não é mencionada novamente até muito mais tarde, onde a encontramos como a "esposa do Cordeiro", no capítulo 21.

Em seguida, no verso 4 do capítulo 4, encontramos os vinte e quatro anciãos (presbuteros no texto grego) assentados em volta do trono celestial e vestidos de branco e com coroas de ouro. Estar vestido de branco significa que a pessoa é uma vencedora [Apocalipse 3:4-5] e as coroas são consistentemente retratadas no Novo Testamento como representativas de recompensa. Assim, o fato de os anciãos estarem assim vestidos indica que o julgamento ante o Tribunal de Cristo [2 Coríntios 5:10] já ocorreu e os galardões já foram distribuídos! Se você duvida dessa interpretação, apenas veja o verso 3 do capítulo 5, em que encontramos estas palavras: "E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele". O verso 4 continua "... ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele." Meu amigo, Jesus Cristo é homem e Deus ao mesmo tempo - a segunda pessoa da Trindade - mas esses comentários obviamente não se referem a ele! Como então estão essas pessoas no céu, se não pelo arrebatamento? É nossa compreensão das Escrituras que o próprio Jesus Cristo foi o primeiro homem a ressuscitar e entrar nos céus como "as primícias dos que dormem".

Se é assim, os santos do Antigo Testamento ou do período da Tribulação não poderão preceder a igreja nos céus como homens ressuscitados por causa do que encontramos nos seguintes versos: "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda." [1 Coríntios 15:20-23; ênfase adicionada]

Consideradas no contexto, a frase, "os que são de Cristo" refere-se à igreja e, portanto, são os próximos na fila a serem ressuscitados - com nenhum outro grupo precedendo-os.

Acople esses fatos com Apocalipse 7:13-14 e precisamos chegar à outra conclusão:

"E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro."

Que esses são os santos do período da Tribulação está fora de qualquer discussão! E, como acabamos de ver em 1 Coríntios 15:20-23, Cristo é as "primícias dos que dormem" e depois disso os que pertencem a ele serão ressurretos. Assim, quando Apocalipse 7:13-14 informa-nos dos santos do período da Tribulação nos céus, isso requer que a igreja tenha sido arrebatada em algum ponto anterior!

Em que ponto a Tribulação começará na Terra? Em Apocalipse 6:1, encontramos o Senhor Jesus Cristo abrindo o primeiro selo, que sinaliza o início, mas observe algo que acontece antes disso no capítulo 5: Os versos 8 e 9 nos dizem que "os quatro animais" e os vinte e quatro anciãos (esses anciãos claramente representam todos os cristãos) "cantam um novo cântico, dizendo "Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.". A expressão "toda a tribo, e língua, e povo, e nação" está obviamente se referindo a um grupo muito maior do que apenas os vinte e quatro anciãos.

E então há a exortação do apóstolo Paulo a respeito do dia do Senhor: "Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis." [1 Tessalonicenses 5:1-11]

Por que Paulo os ensinou (e nos ensinou) a vigiar se o evento não é iminente - poderia ocorrer a qualquer momento e está em seguida no calendário profético de Deus? Observe a cuidadosa distinção que Paulo faz entre os pronomes "vós" e "eles". Esse contraste destina-se a mostrar que nós, ao contrário daqueles que estão perdidos, não seremos pegos desprevenidos quando o dia do Senhor vier como um ladrão de noite. Entenda isto - O dia do Senhor terá a duração de sete anos ao tempo da Segunda Vinda de Cristo, de modo que "venha" obviamente significa o início dele - exatamente após o "afastamento" e a revelação do homem do pecado.

E isso nos traz ao assunto de Mateus 24 - em minha humilde opinião o capítulo mais malcompreendido e mal-aplicado de toda a Bíblia, no que se refere às profecias. Até mesmo os doutores em teologia que deveriam conhecer mais tropeçam nessa porção das Escrituras e a consideram inteiramente fora do contexto quando tentam aplicar uma parte dela ao arrebatamento. O senso comum diz que Paulo sabia sobre o que estava falando em 1 Coríntios 15:51, quando disse:

"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados."

O que a palavra "mistério" (grego musterion) significa quando é usada no Novo Testamento? Ela se refere a uma Escritura anteriormente não-revelada! Em outras palavras, Paulo está nos dizendo algo aqui em aproximadamente [[o ano]] 59-60 [[d.C]] que nunca antes tinha sido revelado por Deus: o assunto do arrebatamento. Esse fato apenas exige que nenhuma das palavras de Cristo em Mateus 24 possa estar se referindo ao arrebatamento! Por que esse ponto é importante, você pode perguntar. Bem, vamos apenas olhar para o capítulo e destacar alguns detalhes.

Na cena que temos diante de nós, o Senhor está respondendo às perguntas feitas pelos seus discípulos. É muito provável que nesse ponto particular o grupo era formado unicamente de judeus. Jesus Cristo ainda não tinha morrido e a Época da Graça ainda não tinha iniciado, de modo que 100% do que encontramos nos relatos dos evangelhos está sob a lei e não sob a graça! Nenhum dos profetas do Antigo Testamento "viu" a Época da Igreja porque Deus não revelou isso a eles - era um "mistério" divino! E, o ensino do Senhor aqui é perfeitamente coerente com esse princípio. Ele está instruindo os judeus sobre o que a "geração" [verso 34] experimentará durante o Período da Tribulação, pois a igreja ainda não estava visível e ainda seria revelada! Com essa idéia em mente, observe que os versos 4-13 descrevem as condições que o remanescente judaico eleito experimentará durante os dias tenebrosos do período da Tribulação - o "tempo da angústia de Jacó".

Mateus 24:9 diz muito claramente que, "Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome." Deus selará 144.000 judeus no início desse período terrível e é para eles que esse discurso é dirigido. O verso 13 tem sido malcompreendido e mal-aplicado por muitos cristãos pensando que precisamos "perseverar até o fim" para sermos salvos, quando na realidade isso está se referindo ao livramento físico dos judeus que estarão vivos na Segunda Vinda de Cristo - no final do Período da Tribulação!

Lembre-se que isso não pode se aplicar aos cristãos de forma alguma, pois naquele ponto - quando Jesus proferiu as palavras registradas em Mateus 24 - a igreja ainda era um mistério [Efésios 3:1-6]. Observe que o verso 14 diz: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim." Meus amigos, o evangelho da graça ainda era desconhecido naquele tempo! Esse "evangelho do reino" - a mensagem que João Batista e Jesus Cristo pregaram e à qual o Senhor está se referindo aqui - era "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus".

Essa mensagem será pregada novamente durante o período da Tribulação pelos 144.000 israelitas citados em Apocalipse 7 e pelas "duas testemunhas" de Apocalipse 11:3. O final do Período da Tribulação - que ocorrerá na Segunda Vinda de Cristo - não acontecerá até que essa mensagem específica do evangelho tenha sido ouvida por todas as nações e por meio da qual elas saberão que o reino literal de Jesus Cristo na Terra está prestes a ser iniciado. Quando o Senhor disse isso aos seus discípulos, ele tinha acabado de ser rejeitado como rei pela nação de Israel e sabia que suas palavras eram para uma futura geração de descendentes. Em nenhum lugar a igreja aparece aqui.

Começando com o verso 15, temos o início da "Grande Tribulação" - os três anos e meio finais, que serão tão terríveis que o Senhor fez o seguinte comentário no verso 21: " Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver." [Mateus 24:21]

Que os judeus são o foco principal desse discurso é deixado claro no relato paralelo encontrado em Marcos 13. Observe o fraseado do verso 9:

"Mas olhai por vós mesmos, porque vos entregarão aos concílios e às sinagogas; e sereis açoitados, e sereis apresentados perante presidentes e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho." [Marcos 13:9; ênfase adicionada]

Pelo que sei, os judeus não costumam levar os cristãos às suas sinagogas por razão alguma, muito menos para surrá-los! No entanto, durante a Tribulação, os 144.000 judeus eleitos serão perseguidos pelo seu próprio povo, bem como pelos gentios.

Em seguida, no verso 22, temos uma frase muito interessante sobre a abreviação "daqueles dias" por Deus, pois se ele não fizesse isso,nenhuma carne se salvaria! Isso tem uma relação direta com o verso 36 - outro comentário feito pelo Senhor que tem sido mal-aplicado há muitos anos. Os pastores dizem aos seus rebanhos, com base no verso 36, que ninguém poderá saber o "dia e a hora" do arrebatamento - quando esse verso não tem absolutamente nada que ver com o arrebatamento, pois considerado no contexto correto, está claramente se referindo à Segunda Vinda. A perseguição e matança será tão grande que Deus abreviará aqueles dias para que alguns permaneçam vivos para povoar o Reino Milenar. E, como o período será abreviado (algo menor que o número total de dias profetizado por Daniel), ninguém saberá o dia e a hora exatos!!! Lembre-se que todo o capítulo 24 de Mateus está lidando com os judeus sob a lei e não com a igreja sob a graça - a igreja e o arrebatamento, naquele tempo, ainda eram mistérios não-revelados dos conselhos de Deus.

O verso 44 tem sido usado para fortalecer o argumento que ninguém pode saber o tempo do arrebatamento, quando na verdade ele está falando dos judeus aterrorizados que estarão escondidos e suas mentes preocupadas com a sobrevivência - não em contar o número de dias que faltam na "Grande Tribulação", conforme informado ao profeta Daniel (um dos argumentos usados contra "saber o dia e a hora"):

"Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis." [Mateus 24:44]

Pense nisto - os cristãos são exortados em todo o Novo Testamento a vigiar e aguardar o retorno do Senhor para nos levar para si mesmo e somos ensinados que não virá como uma surpresa, de acordo com o seguinte:

"Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios."[1 Tessalonicenses 5:4-6; ênfase minha]

Assim, novamente, vemos que as afirmações em Mateus 24 não podem estar referenciando ao arrebatamento.

O ajuntamento dos escolhidos de Deus "desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" [verso 31] é "logo depois da aflição daqueles dias..." [verso 29] - Novamente, essa é a Segunda Vinda e não o arrebatamento. As ilustrações "será levado um, e deixado o outro" dos versos 40 e 41 - tão freqüentemente usadas para ilustrar o arrebatamento - na verdade referem-se à separação das ovelhas e dos bodes discutida em Mateus 25:33; os que ficarem são aqueles que entrarão no reino milenar. E essa passagem está, logicamente, em um contexto não-interrompido, e é parte dos comentários estendidos do Senhor com relação à sua segunda vinda.

É compreensível que muitos tentem usar Mateus 24 como texto de prova para o arrebatamento pois grande parte do capítulo parece "se encaixar" nele, mas, como vimos - uma inspeção cuidadosa revela que isso simplesmente não é o caso.

Embora muitos bons homens tenham "quebrado a cara" tentando prever a data do arrebatamento, Mateus 24:36 não é uma barreira legítima!

Os eventos mundiais e as atitudes nacionais estão aparentemente convergindo a um perfeito alinhamento com o que as Escrituras dizem que serão as condições existentes na época do aparecimento do Anticristo. Assim sendo, e pelas razões detalhadas anteriormente, acreditamos que o arrebatamento realmente possa ocorrer a qualquer momento. Você está preparado para encontrar o Senhor nos ares? 



Nota Final

Que fique bem claro que não adotamos a posição do arrebatamento anterior à Tribulação porque não somos "corajosos" o suficiente para passar pelas perseguições do Anticristo. Muitas pessoas nos escrevem fazendo exatamente essa acusação. Essa noção é uma bobagem, por um único fato bem simples: Embora a igreja será poupada das perseguições do Anticristo, passará pela fase final das dores do parto que produzirão o Anticristo [Mateus 24:8]

Todos os cristãos hoje precisam amadurecer espiritualmente bem depressa, pois não sabemos quando seremos cercados, perseguidos e até torturados por causa da nossa fé.

A idéia que ensinamos o arrebatamento anterior à Tribulação porque desejamos "escapar" da perseguição é risível e totalmente falsa. 


Verdadeiramente, o final dos tempos está bem diante de nós. O mundo está na iminência de ver o aparecimento do iníquo.



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Autoridade

por Gary Fisher

Qual o fundamento que usamos para descobrir a vontade de Deus?

Autoridade significa o direito e a capacidade de comandar, fazer leis, exigir obediência e julgar. Em outras palavras, a nossa autoridade é o fundamento ou o padrão que temos para distinguir o certo do errado. Em todas as áreas, tem que haver um padrão de autoridade. Para as distâncias, a autoridade é o metro; para o peso, é a balança; para o tempo, o relógio; na escola, o diretor. Dependemos da autoridade para tudo o que realizamos; sem autoridade, só há confusão e anarquia.
Também na religião, a autoridade é vital. Como podemos discernir o certo do errado? Qual o fundamento que usamos para descobrir a vontade de Deus?

A fonte da autoridade

  • Deus
    Em última análise, Deus é a autoridade sobre todas as coisas. Ele nos criou; nos julgará; nunca erra. É o soberano governador sobre todas as coisas e sobre todas as nações (veja Daniel 4).

  • Jesus
    No presente século, Deus deu toda a autoridade a seu Filho, Jesus Cristo (Mateus 17:5; 28:18). Jesus sempre transmite a mensagem de Deus (João 7:16; 12:48,49). Ele sempre fala a verdade (João 14:6; 18:37). É Senhor sobre o céu e a terra (Mateus 28:18; Efésios 1:21); sobre judeu e gentio (Romanos 10:12); sobre palavras, ações e pensamentos (Colossenses 3:17; Hebreus 4:12,13); sobre os vivos e os mortos (Romanos 14:9). Jesus apresentou as credenciais que provavam que sua autoridade não era apenas uma alegação infundada; ele tem de fato toda a autoridade. Seus maravilhosos ensinos, seu caráter, seus milagres, as profecias detalhadas que ele cumpriu e, acima de tudo, a sua ressurreição provam a afirmação de Jesus, de que ele é a autoridade absoluta.

  • As Escrituras
    Jesus confirmou a autoridade da Bíblia. Ele confirmou a inspiração do Antigo Testamento. Muitas vezes, ao referir-se às Escrituras, disse: "não lestes . . .?" ou "está escrito". Ele disse que a Escritura não podia falhar (João 10:35), e nem mesmo um i ou um til jamais passaria da lei até que tudo se cumprisse (Mateus 5:18).
    Jesus afirmou a autoridade dos apóstolos. Ele prometeu enviar o Espírito Santo, o qual os guiaria para revelar toda a verdade (João 14:26; 15:26,27; 16:12,13). Enviou os apóstolos com a missão de lhe servirem como porta-vozes e representantes (João 20:21; Mateus 28:19,20; Atos 1:8). Os próprios apóstolos afirmaram ter recebido a sua mensagem por revelação de Deus (Efésios 3:3-5; 1 Tessalonicenses 4:2; 1 Coríntios 2:10-13).
    A mensagem dos apóstolos é registrada na Bíblia. Isso significa que as palavras das Escrituras são os mandamentos de Deus (1 Coríntios 14:37). A Bíblia é a revelação de Deus para o homem; é a nossa autoridade. As suas palavras são as palavras de vida eterna, as quais nos julgarão no último dia (João 6:68; 12:48).

  • As fontes em que não se deve buscar autoridade
    Há coisas que se usam de modo errôneo como a autoridade religiosa. Algumas pessoas, por exemplo, seguem a sua consciência. Mas a consciência apenas mostra nossos pensamentos sobre o que é certo, mas não declara o que é objetivamente verdadeiro. Veja o caso de Paulo: ele tinha uma boa consciência, mesmo perseguindo os cristãos (Atos 23:1). Alguns obedecem as próprias idéias e desejos, mas o resultado é desastroso. (Veja Juízes 17-21, especialmente 17:6 e 21:25, que mostram o resultado das pessoas que fazem o que é bom aos próprios olhos.) Há pessoas que servem às tradições e às doutrinas dos homens. Jesus, porém, condenou os fariseus por observarem as tradições humanas (Marcos 7:1-13). Há ainda quem siga a igreja. As Escrituras mostram, no entanto, que as igrejas muitas vezes se afastam da verdade (Atos 20:29-31; 2 Tessalonicenses 2; 1 Timóteo 4:1-3; Apocalipse 2-3). Alguns seguem revelações posteriores, concedidas por algum mestre notável. Mas Paulo ensinou que, ainda que um anjo, vindo do céu, rvelasse algo que divergisse do evangelho, não deveríamos acreditar (Gálatas 1:6-9).
    A única autoridade satisfatória para nós em nosso serviço a Deus é a Bíblia.

    As características da nossa autoridade


  • Escrita
    A autoridade de Deus é expressa em palavras. Ao escrever a Bíblia, seus autores o fizeram por inspiração do Espírito Santo. Os autores do Antigo Testamento falavam quando movidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1:20-21), de modo que Deus falava pela boca deles (Atos 3:18, 21). Os escritores do Novo Testamento também proferiram as palavras escolhidas pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2:13), de modo que, conseqüentemente, anunciaram os mandamentos do Senhor (1 Coríntios 14:37). Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo são chamados de Escrituras (1 Timóteo 5:18), e as Escrituras como um todo são inspiradas por Deus (2 Timóteo 3:16-17). A palavra inspirada, que é usada neste trecho, significa literalmente "soprada por Deus". A Bíblia é a maneira que Deus usou para revelar a sua vontade ao homem.
    Às vezes, as pessoas ficam surpresas pelo fato de que Deus pudesse usar homens para escrever a sua revelação. Mas a sua capacidade de se revelar com exatidão por meio dos homens não se trata de uma idéia nova. Deus escolheu revelar-se por meio de Jesus Cristo. Jesus teve forma humana, mas ele foi a manifestação exata da natureza de Deus. Assim, também a Bíblia foi escrita por homens e, portanto, tem forma humana, mas expressa exatamente a vontade de Deus.

  • Perfeita
    As Escrituras não têm erros. Da mesma forma que Jesus veio ao mundo como homem, mas jamais pecou, também a Bíblia foi escrita por homens, mas não contém erros. Deus não pode mentir (Números 23:19; 1 Samuel 15:29; Tito 1:2; Hebreus 6:18); portanto, tudo o que diz é verdade. Cada palavra da Bíblia é exatamente o que ele queria que estivesse escrito. Jesus disse que as Escrituras não podem falhar (João 10:35). Muitas vezes, os escritores do Novo Testamento fundamentam um argumento em apenas uma simples palavra das Escrituras (veja, em Hebreus 2:11-12, "irmãos"; em 3.7-4.13, "hoje"; em 8.8-13, "nova" etc.). Eles foram capazes de comprovar o que afirmavam com apenas uma palavra da Bíblia, porque cada palavra das Escrituras é verdadeira e precisa.

  • Rigorosa
    As Escrituras devem ser aplicadas à risca. É assim que acontecia no Antigo Testamento. Moisés recebeu a ordem de construir o tabernáculo de acordo com o padrão que Deus lhe havia mostrado (Êxodo 25:9,40; 26:30; 27:8), e agiu exatamente como o Senhor lhe ordenou (Êxodo 40:16,19,21,23, 25,27,29,32). Portanto, Deus desceu e habitou no tabernáculo (Êxodo 40:34-38). Mais tarde, Moisés advertiu que não se retirasse nada da Palavra, nem lhe acrescentasse qualquer coisa (Deuteronômio 4:2; 12:32); também que o povo não se desviasse nem para a esquerda, nem para a direita (Deuteronômio 5:32-33; 17:20; 28:14). Deus ordenou que Josué não se voltasse para a esquerda, nem para a direita, mas agisse apenas segundo o que a lei mandava (Josué 1:7), e Josué mais tarde ordenou ao povo que fizesse o mesmo (Josué 23:6). Do começo ao fim do Antigo Testamento, ensinam-se princípios semelhantes. O Novo Testamento também deve ser aplicado com rigor. Só quem faz a vontade do Pai será abençoado (Mateus 7:21). É estritamente proibda a pregação de um evangelho que divirja da verdade das Escrituras (Gálatas 1:6-9). Paulo mostrou que, mesmo no caso de um acordo feito por homens, após firmado, ninguém pode acrescentar nem retirar nada (Gálatas 3:15). Acrescentar às Escrituras ou subtrair-lhes alguma coisa é absolutamente condenado (Apocalipse 22:18-19).
    Desobedecer à autoridade de Deus acarreta graves conseqüências. Quando Adão e Eva, no jardim, comeram o fruto que Deus lhes havia proibido, foram punidos severamente. Muitas vezes, Deus mostrou o seu parecer quanto à desobediência. Quando exigiu que não se trabalhasse no sábado, aquele que juntasse lenha naquele dia deveria ser apedrejado (Êxodo 35:2-3; Números 15:32-36). Quando ordenou que o fogo usado para o incenso fosse extraído de determinada fonte, os que ofereciam fogo estranho eram incinerados (Êxodo 30:9; Levítico 10:1-2). Quando Deus ordenou a Saul que destruísse completamente os amalequitas, este foi punido apenas por poupar alguns animais com o objetivo de oferecê-los em sacrifício a Deus (1 Samuel 15). Deus afirmou: ". . . o obedecer é melhor do que o sacrificar . . ." (1 Samuel 15:22). Deus castiga a desobediência.

    A necessidade de autoridade


    É necessário ter a permissão de Deus, ou seja, sua autorização antes de fazermos qualquer coisa. Se Deus não manifestou a sua aprovação, não temos o direito de agir. Isso é muito importante, apesar do fato muitos acreditam que podem fazer qualquer coisa que Deus não tenha proibido expressamente. Pessoas assim não vêem nenhuma necessidade para receber permissão do Senhor. Mas a Bíblia ensina que tudo o que está fora da autorização de Deus é errado.

  • Não acrescentar
    Estamos proibidos de acrescentar alguma coisa ao que está escrito ou ultrapassá-lo (Deuteronômio 4:2; 12:32; Provérbios 30:5-6; Apocalipse 22:18-19; 1 Coríntios 4:6). Todas as boas obras encontram-se nas Escrituras; portanto, toda obra que não esteja nas Escrituras não é boa (2 Timóteo 3:16-17). Não temos direito algum de ultrapassar a doutrina de Cristo; antes, devemos permanecer debaixo de sua autoridade (2 João 9). Há apenas duas fontes de autoridade: ou de Deus ou do homem. Se determinada prática não se acha na Bíblia, ela provém do homem. No entanto, sabemos que o fato de seguir os ensinos do homem invalida a nossa adoração, e que os ensinos do homem serão retirados (Mateus 15:9,13). Isso quer dizer que não basta dizer que uma coisa não foi especificamente proibida; se Deus não expressa a sua permissão, então é errada.

  • Não agir por presunção
    Agir sem a permissão clara de Deus é agir presunçosamente. A presunção é sempre condenada na Bíblia. Quando Saul atreveu-se a achar que não fazia mal se ele oferecesse os sacrifícios, ainda que Deus não houvesse dito isso, foi condenado (1 Samuel 13). Enquanto Naamã confiou presunçosamente que os rios da Síria lhe concederiam a purificação da mesma forma que o rio Jordão, continuou com lepra (2 Reis 5). Quando Nadabe e Abiú tomaram por certa a permissão de oferecerem outro fogo, a respeito do que Deus não falou, foram consumidos por Deus (Levítico 10). Quando Uzias confiou por presunção que um não-levita pudesse queimar incenso, ainda que Deus não o houvesse declarado, foi castigado com lepra (2 Crônicas 26). Fazer o que Deus não autorizou é agir por presunção e pecar.

  • Exemplos bíblicos
    Observe o caso de Davi e a arca de Deus. Deus havia ordenado que a arca fosse transportada pelas varas sobre os ombros dos levitas. Não disse nada sobre transportá-la de carro de boi. Ele não especificamente proibiu isso; mas também não autorizou. Podemos agir sem a permissão de Deus? Podemos fazer o que ele não autorizou claramente? 1 Crônicas 13 e 15 respondem sem sombra de dúvida: "Não!". Por ser a arca, nesse caso, carregada de modo não permitido, Uzá foi atingido e morto por castigo. Antes de agir, devemos confirmar nas Escrituras se Deus aprova o que queremos fazer.
    Hebreus 7:12-14 é mais um exemplo disso. Para provar que a lei havia mudado, o escritor mostra que o sacerdócio (elemento fundamental da lei) foi mudado. Ele prova que esta mudança aconteceu da seguinte forma: Cristo é um sacerdote; ele é da tribo de Judá. Mas a lei do Antigo Testamento nunca mencionou sacerdotes de Judá. Portanto, a lei só podia ter sido mudada. Se a lei não dissesse nada a respeito de um sacerdote de certa tribo, não poderia haver nenhum sacerdote daquela tribo segundo a lei. O silêncio de Deus não dá permissão; seu silêncio proíbe. Se Deus não se pronuncia a respeito de uma ação, não se tem o direito de agir.

  • Exemplos do dia-a-dia
    É fácil encontrarmos exemplos da necessidade de autoridade no dia-a-dia. Imagine que você tenha encomendado um par de sapatos do Mappim. Poucos dias depois, um enorme caminhão de entregas estaciona em frente a sua casa e dois homens fortes descem do veículo. Eles abrem as portas trazeiras do caminhão e arrastam com dificuldade duas caixas até o seu portão: uma caixa pequena de sapatos e outra enorme. Você vai até o portão e pergunta:
    -- O que é isso?
    -- A gente é do Mappin. Viemos entregar uma caixa de sapato e uma geladeira -- respondem. Imediatamente você liga para a loja e reclama:
    -- O caminhão de entregas de vocês acabou de trazer uma geladeira que eu não pedi. O funcionário que o está atendendo pede que espere um segundinho e volta ao telefone com a fatura em mãos.
    -- Deixe-me entender . . . O senhor não gostou porque os nossos entregadores deixaram uma geladeira em sua casa. É isso? — confirma ele.
    -- Exatamente — você responde. Então o funcionário retorna:
    -- Mas, senhor, eu estou com a sua nota bem aqui na minha mesa. E em lugar nenhum aqui o senhor declara que não queria receber uma geladeira. Obviamente, você não precisava ter dito para que não enviassem. O simples fato de você não ter solicitado aquele eletrodoméstico significa que a loja não estava autorizada a enviá-lo. Ou então imaginemos que eu tenha adoecido e fui procurar um médico, o qual me mandou à farmácia com uma receita. Após tomar o remédio por alguns dias, meu estado se agravou e retornei ao consultório. O médico liga para o farmacêutico e pergunta:
    -- Que componentes você colocou no remédio que deu ao meu paciente.
    -- O A, o B e o C, senhor — responde ele.
    -- Mas eu só disse que pusesse o A e o B . Por que você acrescentou o C? -- retorna o médico. Você pode imaginar o choque que o médico levaria se o farmacêutico respondesse: "Mas, senhor, a receita está bem na frente dos meus olhos, e não está escrito em lugar nenhum que eu não pudesse incluir o C"? Naturalmente, o farmacêutico não tinha direito algum de acrescentar uma droga sem autorização! Em qualquer momento da vida, sabemos que é necessário ter autoridade antes de agir.

    Para entender a autoridade


    A Bíblia refere-se às coisas como ligadas ou desligadas (Mateus 16:19; 18:18). Deus ligou algumas coisas e não deu nenhuma liberdade de escolha nesses casos. Ele desligou outras, dando-nos uma variedade de opções. Mas como sabemos qual é qual?
    Digamos que eu dê cinco reais ao meu filho e lhe peça que vá à padaria comprar pão. Ele volta com uma dúzia de pãezinhos, uma casquinha de sorvete, um pacote de chicletes, uma barra de chocolate e algumas moedinhas. Ele me obedeceu? Não. Eu não lhe dei autorização para comprar os doces. Mas e se eu lhe mandasse ao supermercado comprar frutas e ele retornasse com um cacho de bananas. Estaria me obedecendo? Sim. Porque eu “liguei” frutas, mas “desliguei” o tipo de frutas. Embora eu não tenha mencionado bananas especificamente, o fato de serem elas um tipo de frutas significa que meu filho me obedeceu ao comprá-las. Quando lhe pedi que comprasse frutas, as bananas eram permitidas, mas uma barra de chocolate não seria. De modo geral, quanto mais específica for a determinação, mais se "ligará" e menos ficará "desligado".
    Veja alguns exemplos bíblicos. Deus mandou que Noé construísse uma arca de tábuas de cipreste. Isso quer dizer que Noé não tinha a permissão da parte de Deus de construir a arca de cedro ou jacarandá. Por outro lado, Deus não especificou onde Noé encontraria a madeira: se compraria em depósitos de madeira, se cortaria ele mesmo as árvores, etc. Assim, o tipo de árvore estava "ligado", mas a forma de consegui-la estava "desligada".
    Deus mandou que Naamã mergulhasse no Jordão para ser purificado da lepra (2 Reis 5). Ele não tinha nenhum direito, portanto, de mergulhar nos rios da Síria, o Abana e o Farfar. Mas Deus não especificou em que altura do Jordão ele devia mergulhar. Deus "ligou" o rio, mas "desligou" a localização exata no rio.

    Aplicações


    É muito importante aplicar corretamente esses princípios de autoridade. Examine a questão do batismo. Deus ordenou que os crentes fossem batizados (Mateus 28:19; Marcos 16:16; Atos 2:41); mas não autorizou o batismo de recém-nascidos ou crianças de colo. Portanto, é errado batizá-las. Deus não especificou o local de batismo, então pode-se batizar num tanque, num rio, num oceano ou em qualquer outro lugar com água suficiente. Retornando ao exemplo acima, o batismo de crianças seria a barra de chocolate; o lago é a banana. Em outras palavras, Deus delimitou quem deve receber o batismo, mas não delimitou o local.
    Veja o exemplo da ceia do Senhor. Deus ordenou aos discípulos que lembrassem de sua morte compartilhando juntos do pão e do fruto da videira. Seria errado servir chá com bolo na Mesa do Senhor. Alguns podem afirmar que Deus não proibiu especificamente o uso de chá e bolo na ceia do Senhor, e isso é verdade. Mas ele não autorizou o seu uso; a ausência da permissão expressa de Deus significa que não temos direito algum de nos atrever a pensar que ele aceitaria esse acréscimo. Por outro lado, a Bíblia não especifica o tipo de prato em que se deve servir o pão. Temos, portanto, a permissão de usar o meio mais fácil para a distribuição do pão, uma vez que ainda estamos fazendo exata e somente o que Jesus ordenou: partilhando do pão e do suco da videira.
    Reflitamos sobre o uso da música no culto a Deus. O Novo Testamento nos autoriza a cantar (Efésios 5:19; Colossenses 3:16). Tocar piano ou teclados seria acrescentar algo que Deus não ordenou. Usar um livro de cânticos para não esquecer a letra não se trata de um acréscimo. No primeiro caso, estamos fazendo algo além de cantar: tocar. No segundo, ainda estamos apenas cantando. O instrumento musical é a barra de chocolate; o livro de cânticos, o embrulho das bananas.
    Há, naturalmente, muitas outras aplicações desses princípios. Precisamos ter a permissão de Deus antes de agir. Se Deus não se pronunciou sobre determinado assunto, não devemos atrever-nos a crer que ele se agradará se o fizermos. Devemos amar a Deus o bastante para questionar qualquer ensino ou prática religiosa: “Em que lugar Deus autorizou isso? Provém do Senhor ou é invenção humana?” E devemos ter a coragem de abandonar cada ato não autorizado. O mesmo Deus que consumiu Nadabe e Abiú com fogo do céu nos castigará se fizermos acréscimos ao que ele ordenou.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma Perspectiva Cristã do Sexo

Samuele Bacchiocchi

A atitude da sociedade quanto ao sexo tem ido de um extremo ao outro. “A pessoa da época vitoriana,” escreve Rollo May, “procurava ter amor sem cair no sexo; o humano moderno procura ter sexo sem cair no amor.”1 Do ponto de vista puritano do sexo como um mal necessário para a procriação, chegamos à concepção popular do sexo como algo necessário para recreação.

Ambos os extremos estão errados e deixam de cumprir a intenção divina quanto ao sexo. A opinião negativa faz os casados se sentirem culpados quanto a suas relações sexuais; a opinião permissiva transforma as pessoas em robôs, entregando-se ao sexo sem muito sentido ou satisfação.

Como deveria o cristão relacionar-se com o sexo? Que diz a Bíblia sobre a sexualidade? Como cristão que crê na Bíblia, achei os sete princípios seguintes úteis para a compreensão de como deveríamos nos relacionar com o sexo.

Princípio nº 1: A Bíblia fala da sexualidade humana como boa
Comecemos com o começo: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Depois de cada ato de criação, Deus disse “que isso era bom” (Gênesis 1:12, 18, 21, 25), mas depois da criação da humanidade como homem e mulher, Deus disse “que era muito bom” (Gênesis 1:31). Esta avaliação inicial da sexualidade humana como algo “muito bom” mostra que a Bíblia vê a distinção sexual macho/fêmea como parte da qualidade boa e perfeita da criação divina original.

Note também que a dualidade sexual humana como macho e fêmea é dita explicitamente ter sido criada à imagem de Deus. Como as Escrituras distinguem os seres humanos de outras criaturas, os teólogos têm usualmente pensado que a imagem de Deus na humanidade se refere às faculdades racionais, morais e espirituais que Deus outorgou a homens e mulheres.

Contudo, há um outro modo de compreender a imagem de Deus, implícita em Gênesis 1:27: “À imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou.” Assim a masculinidade e a feminilidade humanas refletem a imagem de Deus no sentido que o homem e a mulher têm a capacidade de experimentar uma unidade de companheirismo semelhante à que existe na Trindade. O Deus da revelação bíblica não é um Ser solitário e único, que vive em alheamento eterno, mas sim um companheirismo de três Seres unidos de um modo tão íntimo e misterioso que nós Os adoramos como um só Deus. Esta unidade misteriosa da Trindade reflete-se como uma imagem divina na humanidade, na dualidade sexual de homem e mulher, misteriosamente unidos em casamento como “uma só carne”.

Princípio nº 2: A relação sexual é um processo pelo qual dois tornam-se “uma só carne”
O companheirismo íntimo entre homem e mulher é expresso em Gênesis 2:24: “Por isto deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” A frase “uma só carne” refere à união de corpo, alma e espírito entre cônjuges. Esta união total pode ser experimentada especialmente através da relação sexual, quando o ato é a expressão de amor, respeito e devoção genuínos.

A frase “tornando-se os dois uma só carne” expressa a estimativa divina do sexo dentro da relação conjugal. Diz-nos que Deus vê o sexo como um meio pelo qual o marido e a esposa podem atingir nova unidade. É digno de nota que a imagem “uma só carne” nunca é usada para descrever a relação de uma criança com seu pai ou mãe. O homem precisa deixar seu pai e mãe para se tornar “uma só carne” com sua mulher. Sua relação com sua esposa é diferente de sua relação com os pais porque consiste de uma nova unidade consumada pela união sexual.

Tornar-se “uma só carne” implica também que o propósito do ato sexual não é apenas procriativo (produzir filhos), mas também psicológico (satisfazendo a necessidade emocional de consumar nova relação de unidade). Unidade implica na disposição de revelar ao outro do modo mais íntimo seu eu físico, emocional e intelectual. Ao se conhecer do modo mais íntimo, o casal experimenta o significado de tornar-se uma só carne. A relação sexual não garante automaticamente esta unidade. Antes consuma a intimidade de uma participação perfeita que já se desenvolveu.

Princípio nº 3: Sexo é conhecer um ao outro no nível mais íntimo
Relações sexuais dentro do casamento permitem a um casal chegar a conhecer um ao outro de um modo que não pode ser experimentado de nenhum outro modo. Participar da relação sexual significa revelar não apenas seu corpo, mas também seu ser interior um ao outro. É por isto que as Escrituras descrevem a relação sexual como “conhecer” (ver Gênesis 4:1), o mesmo verbo usado no hebraico em referência a conhecer a Deus.

Obviamente Adão tinha chegado a conhecer Eva antes de sua relação sexual, mas através dela chegou a conhecê-la mais intimamente do que antes. Dwight H. Small observa a propósito: “Revelação através da relação sexual encoraja revelação em todos os níveis da existência pessoal. Esta é uma revelação exclusiva e única para o casal. Eles se conhecem como a ninguém mais. Este conhecimento único equivale a reclamar o outro num pertencer genuíno... A nudez e a ligação física é simbólica do fato de que nada é oculto ou retido entre eles.”2

O processo que leva à relação sexual é um de conhecimento crescente. Do conhecimento casual inicial ao cortejo, casamento e relação sexual, o casal cresce no conhecimento um do outro. A relação sexual representa a culminação deste crescimento recíproco e intimidade. Como Elizabeth Achtemeier o expressa: “Sentimos como que a mais oculta profundidade de nosso ser é trazida à superfície e revelada e oferecida um ao outro como a expressão mais íntima de nosso amor.”3

Princípio nº 4: A Bíblia condena o sexo fora do casamento
Uma vez que sexo representa a mais íntima de todas as relações interpessoais, expressando uma unidade de devoção completa, tal unidade não pode ser expressada ou experimentada numa união sexual casual na qual o intento é puramente recreacional ou comercial. A única unidade experimentada em tais uniões é a da imoralidade.

Imoralidade sexual é grave porque afeta o indivíduo mais profunda e permanentemente do que outro pecado qualquer. Como Paulo afirma: “Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica imoralidade peca contra o próprio corpo” (I Coríntios 6:18). Alguém poderá dizer que até a glutonaria e a bebedice afetam uma pessoa no interior do corpo. Mas esses pecados não têm o mesmo efeito permanente sobre a personalidade como o pecado sexual.

Abuso no comer ou no beber pode ser vencido, bens furtados podem ser devolvidos, mentiras podem ser retratadas e substituídas pela verdade, mas o ato sexual não pode ser desfeito. Uma mudança radical, que não pode jamais ser desfeita, ocorreu na relação interpessoal do casal em questão.

Isto não significa que pecados sexuais sejam imperdoáveis. A Bíblia nos assegura por exemplo e preceito que se confessarmos nosso pecado, o Senhor é “fiel e justo para perdoar todos os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9). Quando Davi se arrependeu de seu duplo pecado de adultério e homicídio, Deus o perdoou (ver Salmos 51 e 32).

Princípio nº 5: O sexo sem compromisso reduz a pessoa a um objeto
Sexo fora do casamento é sexo sem compromisso. Tais relações casuais destroem a integridade da pessoa por reduzir a outra a um objeto de gratificação pessoal. Pessoas que se sentem feridas e usadas depois de encontros sexuais podem se retrair completamente de atividade sexual de medo de serem usadas novamente, ou podem decidir usar seus corpos egoistamente, sem consideração pelos sentimentos dos outros. De um modo ou de outro, a sexualidade é pervertida porque ele ou ela destruiu a possibilidade de usar sua sexualidade para relacionar-se genuina e intimamente com a pessoa que ama.

Sexo não pode ser usado como divertimento com um parceiro uma vez e como modo de expressar amor genuíno e compromisso com outro parceiro noutra ocasião. A perspectiva bíblica de unidade, intimidade e amor genuíno não pode ser realizada em sexo fora do casamento ou em sexo com parceiros múltiplos.

Noivos provavelmente dirão que estão expressando amor genuíno ao engajar em sexo pré-marital. De uma perspectiva cristã, noivos respeitarão um ao outro e considerarão o noivado como uma preparação para o casamento, e não como casamento. Até assumir os votos matrimoniais, existe a possibilidade de romper a relação. Se um casal teve relação sexual, comprometeram sua relação. Qualquer ruptura subseqüente deixará cicatrizes emocionais permanentes. É somente quando um homem e uma mulher desejam tornar-se um, não apenas verbal como também legalmente, assumindo responsabilidade por seu parceiro, que eles podem selar seu relacionamento através da união sexual.

Em nenhuma outra área tem sido a moralidade cristã atacada como na área de sexo fora do casamento. A condenação bíblica de atos sexuais ilícitos é clara, mas freqüentemente ignorada com subterfúgios. Por exemplo, a fornicação é chamada sexo pré-marital, com a ênfase sobre o “pré”. Adultério é chamado sexo “extramarital”, não como um pecado contra a lei moral divina. A homossexualidade passa de uma perversão grave para “desvio” e “variação gay”.

Mais e mais, cristãos estão cedendo ao argumento especioso de que “o amor o justifica”. Se um homem e uma mulher se amam profunda e genuinamente, é dito que eles têm o direito de expressar seu amor através da união sexual fora do casamento. Alguns argüem que sexo pré-marital libera as pessoas de suas inibições, dando-lhes a sensação de liberdade emocional. A verdade é que o sexo pré-marital aumenta a pressão emocional porque reduz o amor sexual a um nível puramente físico, sem o comprometimento total de duas pessoas casadas.

Princípio nº 6: Sexo é ao mesmo tempo procriativo e relacional
Até o começo de nosso século, os cristãos geralmente criam que a função primária do sexo era procriativa. Outras considerações, como os aspectos de união, relação e prazer do sexo eram vistos como secundários. No século XX a ordem foi invertida.

De um ponto de vista bíblico, atividade sexual dentro do casamento é tanto procriativa como relacional. Como cristãos, precisamos recuperar e manter o equilíbrio bíblico entre estas duas funções do sexo. União sexual é um ato prazenteiro de participação perfeita que gera um sentimento de unidade ao mesmo tempo que oferece a possibilidade de trazer um novo ser ao mundo. Precisamos reconhecer que o sexo é uma dádiva divina que pode ser desfrutada legitimamente dentro do casamento.

Paulo encoraja maridos e esposas a cumprirem seus deveres conjugais, porque seus corpos não lhes pertencem somente mas um ao outro. Portanto não deveriam privar um ao outro do sexo, exceto por acordo mútuo por algum tempo para se devotar à oração. Depois deveriam se ajuntar de novo para que Satanás não os tente por causa da incontinência (I Coríntios 7:2-5; ver também Hebreus 13:4).

Princípio nº 7: O sexo permite ao homem e à mulher refletirem a imagem de Deus participando em Sua atividade criativa
Na Bíblia, o sexo serve não somente para gerar uma unidade misteriosa de espírito, mas também oferece a possibilidade de trazer crianças a este mundo. “Sede fecundos, multiplicai-vos,” diz o mandamento de Gênesis (Gênesis 1:28).

Naturalmente, nem todos os casais podem ter ou são justificados em ter filhos. Velhice, infertilidade e enfermidades genéticas são alguns dos fatores que tornam a geração de filhos impossível ou desaconselhada. Para a maioria dos casais, contudo, ter filhos é uma parte normal da vida conjugal. Isto não significa que todo ato de união sexual deva resultar em concepção.

“Não fomos feitos para separar sexo da geração de filhos,” escreve David Phypers, “e os que o fazem, de modo total e final, puramente por razões pessoais, estão certamente falhando quanto ao propósito divino para suas vidas. Correm o risco de que seu casamento e atividade sexual se tornem egoístas. Só consideram sua própria satisfação, em vez de levar em conta a experiência criativa de trazer nova vida ao mundo, nutrindo-a para a maturidade.”4

Procriação como parte da sexualidade humana traz à tona a importante questão de medidas anticoncepcionais. Será que o mandamento de ser fecundo e multiplicar significa que devemos deixar o planejamento familiar ao esmo?

Não se encontra uma resposta explícita na Bíblia. Vimos que o sexo é tanto relacional como procriacional. O fato de que a função do sexo no casamento não é apenas de gerar filhos, mas também para expressar e experimentar amor mútuo e compromisso, implica a necessidade de certas limitações na função reprodutiva do sexo. Isto significa que a função relacional do sexo pode ser uma experiência dinâmica viável, se sua função reprodutiva for controlada.

Isto nos leva a outra questão: Temos o direito de interferir com o ciclo reprodutivo estabelecido por Deus? A resposta histórica da Igreja Católica Romana tem sido um claro “NÃO”! A posição católica tem sido moderada pela encíclica Humanae Vitae (Julho 29, 1968), do Papa Paulo VI, que reconhece a moralidade da união sexual entre marido e mulher, mesmo se não visa a geração de filhos.5 A encíclica, embora condenando medidas anticoncepcionais artificiais, permite um método natural de controle de natalidade conhecido como o “método do ritmo”. Este método consiste em limitar a união sexual aos períodos inférteis no ciclo menstrual da mulher.

A tentativa da Humanae Vitae de distinguir entre medidas anticoncepcionais “artificiais” e “naturais”, tornando a primeira imoral e a segunda moral, tem um ar de arbitrariedade. Tanto num caso como no outro, a inteligência humana impede a fertilização do ovo. O rejeitar como imoral o uso de medidas anticoncepcionais artificiais pode levar à rejeição do uso de qualquer vacina, hormônio ou medicamento que não é produzido naturalmente pelo corpo humano.

“Como quaisquer outras invenções humanas,” escreve David Phypers, “a prevenção de gravidez é moralmente neutra; o que importa é o que fazemos com ela. Se a usarmos para praticar sexo fora do casamento ou egoistamente dentro do casamento, ou se por ela invadimos a privacidade do casamento de outros, podemos com efeito ser culpados de desobedecer a vontade de Deus e de perverter a relação matrimonial. Contudo, se a usarmos com o devido respeito à saúde e ao bem-estar de nossos parceiros e de nossas famílias, então pode aprimorar e fortalecer nosso casamento. Pela prevenção de gravidez podemos proteger nosso casamento das tensões físicas, emocionais, econômicas e psicológicas que poderiam advir de outras concepções, e ao mesmo tempo podemos usar o ato conjugal, reverente e amorosamente, para nos unir numa união duradoura.”6

Conclusão
A sexualidade é parte da bela criação divina. Nada tem de pecaminoso. Contudo, como todas as dádivas de Deus aos seres humanos, o sexo caiu sob o plano satânico de desviar a humanidade da intenção divina. A função do sexo é de unir e procriar, dentro da relação de homem e mulher se unirem para formar “uma só carne”. Quando esta relação é rompida, quando o sexo ocorre fora do casamento — tanto premarital como extramaritalmente — temos a violação do sétimo mandamento. E isto é pecado — pecado contra Deus, contra um ser humano e contra o próprio corpo.

Mas a Bíblia não nos deixa sem esperança. Ela nos oferece a graça de Deus e o poder de vencer todo pecado que nos assedia, incluindo o pecado sexual. Embora pecados deixem marca na consciência e prejudiquem a outra pessoa, o arrependimento genuíno pode abrir a porta ao perdão divino. Nenhum pecado é tão grande que a graça de Deus não possa curar e restaurar. Tudo de que precisamos é buscar aquela graça, pois é ela que nos habilita a alcançar todo potencial que o Criador pôs dentro de nós.

E isto se aplica também ao sexo. Numa época em que a permissividade e a promiscuidade sexuais prevalecem, é imperativo para nós cristãos reafirmarmos nosso compromisso com o ponto de vista bíblico acerca do sexo como uma dádiva divina para ser desfrutada somente dentro do casamento.

Notas e referências
1.            Rollo May, “Reflecting on the New Puritanism”, em Sex Thoughts for Contemporary Christians, ed. Michael J. Taylor, S. J. (Garden City, New York: Doubleday, 1972), pág. 171.
2.            Dwight H. Small, Christian: Celebrate Your Sexuality (Old Tappan, N.J.: Revell, 1974), pág. 186.
3.            Elizabeth Achtemeier, The Committed Marriage (Philadelphia: Westminster, 1976), pág. 162.
4.            David Phypers, Christian Marriage in Crisis (Bromley: Marc Europe, 1985), pág. 38.
5.            Humanae Vitae, parágrafo 11.
6.            Phypers, pág. 44.

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O JOVEM E A MÚSICA ROCK NA EVANGELIZAÇÃO


Rev. Gildásio Jesus Barbosa dos Reis

Tenho ouvido de alguns jovens o argumento de que precisam usar a mesma linguagem do mundo como uma estratégia para evangelizar.

O texto de I Co 9:22 "Fiz-me tudo para com todos, para de todos os meios chegar a salvar alguns" tem sido usado para fundamentar tal argumento. Mas será esta uma máxima válida?


1 - O método evangelístico de Jesus (O Antigo Evangelho)


Se analisarmos com honestidade o Evangelho de Jesus e seus métodos de evangelismo, veremos que é bem diferente da mentalidade acima. Ele entrou na casa de publicanos e pecadores, falou com homens e mulheres de péssima reputação, sem jamais colocá-los à margem de Sua graça perdoadora. Todavia, em nenhum momento conestou com os pecadores destes e nem os usou como isca para fins evangelísticos. O antigo Evangelho de Jesus ensina que o preço para seguí-lo é alto, que o caminho é estreito e que poucos o encontram ( Mt 7:13,14). Em mais de uma ocasião, a própria mensagem de Jesus afastou de Si aqueles que não estavam dispostos a submeterem-se ao nível de compromisso exigido por Ele (Jo 6:60-66; Lc 9:57-62). Ainda podemos ler isto de Jesus: "Quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim" (Mt 10:38) e "Assim todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo" (Lc 14:33).


2 - O método evangelístico através do rock (O Novo evangelho)


Este evangelho moderno que se utiliza do estilo rock para lotar estádios e comunidades cristãs, tem ignorado os alertas de Jesus sobre o discipulado que custa um alto preço. A visão do que seja a fé salvadora, apresentada em sua música, tem se tornado mais superficial. A graça tem sido barateada dando lugar ao emocionalismo, sensacionalismo e sensualismo. Este tipo de evangelismo tem pregado uma fé fácil em um Salvador digno de dó e em um Deus patético que é desconhecido pelo Evangelho do Senhor Jesus. Muitos jovens e adolescentes desconhecem a salvação, têm procurado estes SHOWS EVANGELÍSTICOS , em busca de curtição, não porque Deus esteja lá, se é que sabem disso. A música a respeito de Deus deve refletir a Sua glória, sua beleza e santidade, deve conduzir o homem a Ele e aos Seus caminhos, e não a uma animação superficial que serve mais para entretenimento, contribuindo assim para uma total irreverência.


3 - As razões para o uso deste método


Com certeza as razões do novo evangelho em utilizar a música rock, podem ser encontradas em palavras de A W. Tozer: "É muito difícil, em qualquer parte, atrair pessoas para reuniões onde o único atrativo seja Deus. O novo evangelho não se satisfaz apenas com a presença de Deus. Ter só Deus não é suficiente. Precisam de algo mais." Notem as palavras de Paul Basset: "Uma das formas mais sutis de agradar o homem é comunicando o Evangelho de forma que ele deseja ouvi-lo, não da forma que ele precisa ouvi-lo."

A Antiga CRUZ tem sido substituída por uma nova. Novamente cito Tozer, quando ele diz "A antiga cruz condenava os homens; a nova os diverte. A antiga cruz os matava; a nova os entretém. A antiga cruz destruía a confiança na carne, a nova estimula."

O novo evangelho tão em moda em shows de música gospel, não prega as verdades bíblicas tais como a incapacidade natural do homem em crer, a eleição incondicional, a morte de Cristo especificamente pelas Suas ovelhas e a obra soberana do Espírito Santo que sopra onde e como quer e que não depende dos nossos métodos, por mais extraordinários que sejam. O novo evangelho oferecido nestes encontrões tem apenas se preocupado em atrair grande número de jovens e adolescentes, que tem compreendido perfeitamente o ritmo, o balanço, o som com altos decibéis, mas não tem compreendido a mensagem do caminho estreito e que custa um alto preço.

Este tipo de evangelismo tem tido sucesso em reunir diversos tipos de jovens, produzindo lágrimas e arrepios, mas tem fracassado em produzir reverência profunda, espírito de adoração e preocupação pela situação da igreja. Tem fracassado pois tem se preocupado por demais em ajudar o homem e pouco demais em glorificar a Deus.

Quero crer que muitos que estão envolvidos neste tipo de evangelismo tem tido boas intenções, mas precisamos muito mais do que boas intenções para uma evangelização sadia. Precisamos de uma boa teologia, que considera o que Deus quer e exige, e não o que o homem deseja.


CONCLUSÃO:


Amados, escancarando as portas da igreja para tudo, estaremos barateando a graça, a saúde, a moral e o caráter do cristianismo.

Não precisamos adotar os costumes, ritmos e linguagem do mundo para o evangelizarmos. Não temos que ser iguais, temos sim é que ser diferentes. Como diz o Dr. Lloyd-Jones: "A glória do Evangelho é que, quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai . Caso contrário, se formos iguais, indistinguíveis dos não cristãos [verdadeiros], seremos então inúteis."

Queremos e devemos louvar a Deus através da música e deve ela nos proporcionar alegria, emoção, prazer, temor e reverência. Não podemos permitir que sob o disfarce da carência da evangelização mais eficiente, a música essencialmente divina seja substituída pelos músicos de Saul . Vamos entoar os cânticos de Sião, à semelhança de Cristo, que após cear e antes de ir para o Getsêmani, cantou um louvor a Deus (Mt 26:30). Quero crer, amados irmãos, que não foi um hino em rítmico rock.

Que Deus abençoe a todos nós.


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domingo, 5 de setembro de 2010

A justiça começa em casa... na cama!


Hermes C. Fernandes

A justiça começa em casa! Cresci ouvindo isso dos lábios de meu pai. Nossa família deveria ser modelo para as demais famílias da igreja. Ser filho de pastor não era apenas um privilégio, mas uma responsabilidade.

Deus tem interesse de que a justiça do Seu reino seja implantada neste mundo,e que Sua vontade seja feita aqui na terra como no céu.

Porém, há um caminho que esta justiça tem que percorrer até que o mundo seja inteiramente tomado por ela.
Este caminho tem vários estágios, e os primeiros deles passam pela família.

Resumindo, a justiça começa sua jornada em casa, nos relacionamentos familiares, depois adentra a igreja, e desta para as nações.

Usando a metáfora bíblica, a justiça é como um rio, cuja nascente é o coração de Deus, que jorra inicialmente no coração do homem que se torna nova criatura, afetando todos os seus relacionamentos, a começar pelos familiares. “Corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como ribeiro perene” (Amós 5:24). À medida em que este rio avança, sua calha fica mais profunda e larga (Ez.47).

Muitos cristãos sinceros aguardam por uma intervenção divina que porá fim às injustiças no mundo. Porém, esta intervenção já se deu, quando fomos visitados pelo “sol da justiça” (Ml.4:2; Lc.1:78-79).

Se quisermos compreender a trajetória da justiça do Reino na História, até o seu estabelecimento pleno, basta investigarmos a trajetória feita pelo sol.

O astro rei nasce no Oriente, discretamente, e aos poucos, seus raios vão dissipando as trevas, até que seja dia perfeito. Deus Se compromete através dos lábios de Malaquias: “Desde o nascente do sol até o poente o meu nome será grande entre as nações” (Ml.1:11a). Não significa que o sol da justiça irá se pôr um dia, mas que a justiça de Deus abarcará toda a extensão da terra, do Oriente ao Ocidente.

Cristo é o Sol da Justiça, e veio ao mundo discretamente, nascendo num lar pobre do Oriente Médio.

É no contexto familiar que a justiça encontra seu berço. Toda a injustiça prevalecente no mundo, e que tanto nos enoja, parte do ambiente doméstico. É ali que ela é engendrada.

O político corrupto, o traficante sanguinário, o empresário ganancioso, são todos frutos da mesma árvore. Se não estancarmos esta hemorragia moral e ética, a sociedade humana perderá totalmente seu brio.

Jamais lograremos mudar as instituições, se não começarmos esta mudança pela mãe de todas elas, a família.
Portanto, é correto o adágio que diz que a justiça começa em casa.

Poderíamos localizar com mais precisão o lugar de onde ela deveria jorrar? Em que lugar da casa a justiça deveria ter seu ponto de partida?

Eu diria, sem medo errar: a justiça começa na cama.

Antes de justificar o que acabo de afirmar, permita-me uma rápida digressão.

O que é justiça, afinal? Qual o conceito bíblico de justiça?

Justiça é dar a cada um o que lhe é de direito.

Paulo nos apresenta este conceito na passagem em que fala de nossa relação com as autoridades constituídas:
“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm.13:7).

Quando se fala de tributos e impostos, o foco recai em nossa relação com o Estado. Sonegar equivaleria a privar o Estado de algo que lhe é de direito. Portanto, trata-se de uma injustiça.

Quando se fala de temor, o escopo é mais abrangente, e se estende à nossa relação com Deus. Deixar de temê-lO também é um ato de injustiça.

Em Apocalipse encontramos um dos mais lindos hinos já compostos:
“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos. Quem não te temerá, ó Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo. Todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, pois os teus juízos são manifestos” (Ap.15:3b-4).

Quando a justiça de Deus encher toda a terra, todo homem O temerá, todo joelho se dobrará e toda língua confessará Sua soberania. Ele finalmente será temido em todas as nações.

Deixando um pouco o Apocalipse, voltemos pra cama do casal…

Paulo fala de tributos, impostos, temor e… honra!

E o que isso tem a ver com a cama?

Leia o que diz o escritor sagrado acerca da cama do casal:
Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula, pois aos devassos e adúlteros Deus os julgará” (Hb.13:4).

O tradutor usa a palavra “leito”, que é sinônimo de “cama”; talvez por ser uma palavra mais elegante. Porém, o texto original usa o vocábulo grego “koité”, de onde vem a palavra “coito”. Portanto, tanto o matrimônio quanto o coito (o ato sexual em si) devem ser igualmente honrados.

É aí que começa o percurso da justiça no mundo, até alcançar as nações. Parece bobagem? Mas não é!

Nossa sociedade tem transformado o sexo numa coisa suja, banalizando-o, coisificando-o. Rita Lee retrata isso em uma de suas composições, em que diz que o amor é cristão, mas o sexo é pagão.

A pornografia nada mais é do que a vulgarização de algo sagrado, a perversão da justiça.

Como deixamos de honrar o matrimônio e o ato sexual?

Deixemos que Paulo nos diga:
“O marido pague à mulher o que lhe é devido, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido. Do mesmo modo o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outra, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração. Depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência” (1 Co.7:3-5).

Pode parecer que Paulo esteja sendo rude. Como reduzir a relação sexual a um pagamento? Porém, não é esta a intenção do apóstolo. Ele está pensando em termos de justiça, o que implica em deveres e direitos.
Não me venha com essa de que Paulo era machista. Tanto o homem quanto a mulher tem os mesmos direitos e deveres.

O corpo do homem já não lhe pertence mais. Tão-pouco o corpo da mulher.

Imaginemos a cama como um altar. Ela não apenas tem a forma de uma altar (lugar alto, acima do nível do chão, em formato retangular), como também o que ali é feito (além de dormir, é claro…) tem o caráter de oferta.

Assim como devemos oferecer nossos corpos em sacrifício santo e agradável a Deus (Rm.12:1), devemos também oferecer nossos corpos em oferta de amor ao nosso cônjuge.

Nosso corpo é um direito que nosso cônjuge tem. Nosso dever é mantê-lo disponível. E isso vale para os dois. Privar o outro disso equivale a defraudar, isto é, cometer uma injustiça. A única excessão à regra é quando um dos cônjuges pretende dedicar-se por um tempo à oração. Mesmo assim, tem que ter o aval do outro. E tão logo termine o período de oração, devem disponibilizar-se mutuamente. E isso, segundo Paulo, para que Satanás não se aproveite de nossa fraqueza.

Engana-se quem pensa que Paulo legislou em causa própria, pois sequer era casado. Muito antes dele, o sábio Salomão escreveu:
“Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade. Porque esta é a tua porção nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol” (Ec.9:9).

Nossa porção está nas mãos de quem amamos. Ninguém tem o direito de reter a porção pertencente ao outro. E se possível (caso haja disposição pra isso), todos os dias de sua vaidade. rs

Claro que ninguém é de ferro. Porém, o casal deve buscar manter certa sincronia, em que o desejo de um coincida com o desejo do outro. Isso será conquistado à medida que estreitarem sua comunhão e intimidade. Quanto mais conhecemos a pessoa amada, mais nos adequamos a ela.

Uma vida sexual descompensada nos afeta em todas as áreas, inclusive nosso relacionamento com Deus e com os demais.

Veja o que Pedro diz:
“Igualmente, vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações” (1 Pe.3:7).

Deus Se recusa a ouvir e atender a oração de maridos que abusem da fragilidade de suas esposas. Não há maior castigo do que este. Em matéria de sexo, a mulher é a parte mais frágil e vulnerável. Portanto, cabe a ela a honra de estabelecer quais são os limites a serem respeitados pelo marido.

Nesta questão, a mulher deve ter primazia. Este princípio pode ser observado em outra passagem, em que Paulo fala do relacionamento entre os membros do Corpo de Cristo: “Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos, são necessários, e os que nos parecem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais…” (1 Co.12:22-23a).

Se alguém me pergunta o que vale e o que não vale entre quatro paredes, minha resposta é: pergunte à sua mulher.

O problema é que muitos não sabem respeitar e honra seus próprios corpos, como poderão respeitar e honrar o corpo de seu cônjuge?

A recomendação de Paulo é clara:
“Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém oprima ou engane a seu irmão. O Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos” (1 Ts.4:4-6).

Ninguém tem o direito de transformar o sexo numa arma para dominar o outro a seu bel-prazer. Nem usá-lo como chantagem para tirar do outro o que quiser.

É lógico que entre o casal deve haver desejo, cumplicidade, ou como diriam alguns, tesão. O que Paulo chama de lascívia é o que hoje chamaríamos de tara, perversão. Nossas fantasias sexuais devem manter-se no terreno da sanidade.

O homem tem que entender que sua mulher, além de mãe dos seus filhos, é herdeira da mesma graça da vida. Não é um objeto, uma atriz pornô ou uma garota de programa. Por isso, seus escrúpulos têm que ser considerados, e seus limites respeitados.

Só pode haver uma entrega total onde haja confiança total. Parafraseando o salmista, “entregue seu corpo ao seu cônjuge, confia nele, e o mais ele fará…” Porém, confiança se conquista com o tempo. Mulheres que sofreram abusos de seus maridos, terão dificuldade em voltar a confiar. Estarão sempre com um pé atrás.

A mulher necessita sentir-se amada, e não usada. Já o homem necessita sentir-se desejado, e não apenas estimado. Se ambos compreenderem os desejos e os limites do outro, tudo fluirá sem dificuldade.

Em vez de encarar a relação sexual apenas como um dever, que tal encará-la como um direito a ser usufruído e compartilhado com quem se ama?


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