domingo, 13 de dezembro de 2009


Família - Lazer e Atenção a Esposa e Filhos


Pr. Josué Gonçalves


“E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer” (Mc. 6.31).

Um certo dia, Jesus recebeu um convite diferente daqueles que ele costuma receber. Não era para curar enfermos, expulsar demônios, multiplicar pães e peixes ou acalmar uma tempestade, era um convite para participar de uma festa. (Jo. 2) Isso tem a ver com “pausa e lazer” na vida de todos nós, principalmente daqueles que exercem liderança a semelhança de Jesus. Jesus não foi naquela festa “de terno e gravata, Bíblia na mão, cantor cristão etc”, armado para mais um culto, ele foi para um momento de lazer.

1. De uma pausa sempre que perceber que a reserva está baixa, isto tem a ver com lazer.

Disse Stephen R. Covey, um grande conferencista de palestras para família: “É incrivelmente fácil ser pego pela ilusão da atividade, na correria da vida, e trabalhar cada vez mais para subir a escada do sucesso, só para descobrir que a escada estava encostada na parede errada”. As palavras de Jesus: “…eles não tinham tempo nem para comer”, deveria provocar uma reflexão sobre o princípio da pausa no exercício do ministério.

A vida é como uma longa viagem de avião, onde de tempo em tempo é necessário pousar em um aeroporto para o reabastecimento. Por melhor e mais moderno que seja o avião, se não houver uma parada “pausa” para reabastecer, com certeza a viagem não será concluída e o resultado final será uma grande tragédia com a queda provocando prejuízos incontáveis. Um líder que não dá “pausa” para reabastecer seu tanque de combustível emocional e espiritual, com certeza logo estará emocionalmente intoxicado e o estresse será a causa do seu fracasso. Um líder cansado não produz com qualidade. Gosto do pensamento que diz: “Só há música, porque há pausa”. Luiz A. Marins Filho costuma dizer em suas palestras: “O ativismo é um aplacador de consciência muito perigoso, pois o indivíduo trabalha muito, chega à exaustão e cria a falsa idéia de que está no caminho certo”. Uma vida sem “sábado-descanso” não é vivida de acordo com o plano e intenção de Deus.

Dê uma pausa para “afiar a ferramenta”. Uma ferramenta “cega” exige muito esforço, se gasta muita energia para ter como resultado final baixa qualidade.

Precisamos com urgência fazer distinção entre o que é gasto e o que é investimento. Férias não é gasto, é investimento.

Dê uma pausa para “rever conceitos”. Todas as pessoas nutridoras sabem como é indispensável se criar uma tecla chamada “pausa” para reflexão, reavaliação de conceitos e muitas vezes isso leva a mudanças positivas na maneira de pensar.

Dê uma pausa para “fazer um balanço”. Todas as empresas têm um momento em que elas dão uma parada para fazer um balanço. É preciso conferir entradas e saídas, para ver se tiveram lucro ou prejuízos, se está valendo a pena ou não a forma como estão trabalhando. Quando no exercício do ministério, ou na vida conjugal e de família não há “pausa” para balanço, a tendência é tocar a vida de forma equivocada, fazendo o errado pensando estar certo.

Dê uma pausa para “reabastecer o tanque de combustível emocional e espiritual”. A vida interior e seu cuidado não podem ser negligenciado, é uma questão vital para o pastor e conseqüentemente o rebanho. O exercício do ministério pastoral, exige um doar constante de energia emocional e espiritual. Jesus disse: “Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude”. (Lc. 8.46) Um pastor sente em um único dia várias emoções positivas e negativas, é uma criança que nasce, um querido irmão que morre, um jovem que foi acidentado e está na UTI do hospital, a esposa que está fazendo aniversário, um casamento que ele tem que ministrar etc. Tudo isso pode acontecer em único dia na vida de um ministro do Evangelho.

Dê uma pausa para “o lazer”.

A vida não pode ser feita apenas de trabalho, trabalho e trabalho, sem parada, sem pausa, sem descanso etc. A Bíblia como o livro do equilíbrio, diz: “Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião”. (Ec. 3:1) Por incrível que possa parecer, ainda existem obreiros que não conseguem ver “o lazer” como algo necessário e indispensável para a saúde do indivíduo.

Elias, um profeta que caiu em depressão no deserto porque não praticou o princípio da “pausa” no exercício do seu ministério.

O que podemos aprender com a experiência de Elias? Primeiro – Deus não nos chamou para resolver todos os problemas e de todas as pessoas. Fomos chamados para fazer o possível dentro dos limites da nossa capacidade e vocação. Segundo – Depois de todos os milagres operados por Deus no monte Carmelo, Jezabel aparece do mesmo jeito ou pior, o profeta saiu frustrado e deprimido rumo ao deserto. Você já teve a experiência de fazer o extraordinário, jejuar, orar, trabalhar e de repente um milagre acontece e a expectativa é que daí para frente não haverá mais ninguém fora do mover de Deus. Ai você acorda pela manhã e encontra a pessoa que na sua cabeça estaria mudada, convertida, sarada, transformada, pior do que era antes. Sem dúvida isso frustra qualquer líder espiritual. Porém nós precisamos fazer nossa parte e deixar com Deus o que é parte dele. Terceiro – O problema de Elias foi o ativismo, o intenso trabalho no exercício do ministério, sem parada, sem pausa e sem descanso. Há um ditado popular que expressa uma grande verdade: “Quando se estica a corda além do suportável ela quebra”. As causas da exaustão crônica de Elias são as mesmas de muitos lideres da igreja hoje. As palavras do profeta Elias no deserto, mostram quais são as conseqüências de alguém em estado de exaustão crônica: foi dominado pelo medo, perdeu o sentido de valor próprio, sentiu um desânimo profundo, ausência de novas expectativas, desejo de morrer etc. Durante minhas viagens para ministrar em igrejas, tenho encontrado homens de Deus com estes sinais de exaustão crônica. Como Deus curou Elias: 1) Permitiu que ele dormisse, descansasse, desse uma “pausa” sem nenhum sentimento de culpa (2 Reis 19.4,5); 2) Enviou um anjo para servir comida nutritiva a ele (2 Reis 19.5-7); 3) Restaurou seu senso de valor próprio dando-lhe novas e importantes tarefas (2 Reis 19. 15,16); 4) E fez com que ele entendesse que não estava só (2 Reis 19.18); 5) Preparou alguém de valor para caminhar com ele (2 Reis 19.16). Deus pode e quer curar lideres com “exaustão – crônica”, lembre-se, uma mente cansada e exausta não produz com qualidade.

2. Compromisso com prioridades profundas (Esposa e filhos).

Quando o líder-pastor não encontra tempo para si é porque a muito ele não tem investido tempo na família. Afirmo sem medo de estar equivocado, que se alguém não dispõe de uma noite, ou ao menos de uma hora por semana para se reunir com toda a família, então a família não é a sua prioridade. Penso que esta história pode ajudar-nos na reflexão deste tema tão essencial. “Um certo pai, ao chegar em casa depois de um dia de trabalho, ligou a TV no Jornal Nacional. O filho se aproximou e perguntou: - Pai, quanto você ganha por hora? Ele respondeu: - Vai brincar menino, porque estou assistindo o jornal. Alguns minutos depois, o garoto voltou e tornou a perguntar: - Pai, quanto você ganha por hora? Novamente ele responde: - Vai brincar, você não percebe que estou assistindo ao jornal. Pela terceira vez o filho insiste em perguntar, porém agora, o pai irado, gritando muito, diz: - Sai daqui, vai dormir, não me perturba. Se não deitar agora eu vou lhe dar uma surra. Logo depois do Jornal Nacional, começou a novela “O Fim do Mundo”, o homem cai em si, lembra do filhinho e resolve conversar com ele. Vai ao quarto, o menino já esta dormindo, ele o acorda e diz: - Filho vamos conversar. O menino ainda com os olhos meio fechados pergunta: - Pai quanto você ganha por hora? O pai responde: - Quinze reais. Então me empresta dois. – Sim. Tirou o dinheiro e deu ao filho. O menino enfiou a mão na gaveta, tirou treze reais. O pai sem entender perguntou: - Por que você pediu dois reais? Para juntar com treze que eu tenho, e pagar uma hora para você ficar comigo.

Se você me pergunta qual é a maior brecha na relação de casal e de família hoje, eu diria que é a “falta de tempo” para aquilo que é realmente importante.

Você sabe o que significa “entropia”? Em física entropia significa qualquer coisa, quando abandonada a si mesma se desintegra até finalmente alcançar sua forma mais elementar. O dicionário Aurélio define entropia como “a constante degradação dum sistema ou sociedade”.

Richad L. Evans disse: “Todas as coisas necessitam de atenção e cuidado, e casamento não é exceção. O casamento não deve ser tratado com indiferença ou maltrato, nem é algo que simplesmente cuide de si mesmo. Nada que seja negligenciado permanece como foi ou é, ou deixará de se deteriorar. Todas as coisas precisam de atenção, cuidado e preocupação, especialmente o mais sensível de todos os relacionamentos da vida”.

O tempo que o pastor investe na esposa determina a importância que ele dá ao casamento. Suponhamos que você vai a um restaurante cinco estrelas. Lá chegando, ao olhar o cardápio, pede o melhor e mais caro prato da casa. Depois de algum tempo o garçom traz o prato, mas a porção é bem pequena. Você então reclama e diz: - Só isso? O rapaz responde: - Meu senhor, o que importa não é a quantidade, mas sim a qualidade. Então você retruca nervoso: - Mas esta porção não dá nem para fazer cócegas no meu estômago, pois estou com muita fome...

Você percebeu que não basta só qualidade. Tem que haver quantidade também.

Assim é o tempo que se investe no casamento, no cônjuge e na família. Não basta ter qualidade, é preciso uma quantidade que seja suficiente para suprir as necessidades de cada membro envolvido. Nunca se esqueça disso: Se você gasta pouco tempo com o seu casamento, significa que ele não é tão importante como você diz, ele vai sofrer o processo de deterioração (entropia). Muitas esposas de líderes reclamam que o marido tem tempo para a igreja, companheiros de ministério, TV, Internet, jornal, parentes, mas não tem tempo com qualidade para elas. Uma das causas dos casamentos vazios e sem graça é a falta de investimento de tempo com qualidade.

Perguntas para refletir:

1. Quanto tempo você fica na intimidade com Deus por dia?

2. Quanto tempo você gasta com sua esposa por dia, dando-lhe atenção especial?

3. Quanto tempo você gasta com seus filhos por dia, dando atenção?

4. Qual é o dia da semana que é todo dedicado para a família?

5. Você sempre pára e responde as perguntas da esposa e filhos?

O marido que não prioriza o seu casamento, logo experimentará uma relação com o sabor de “funeral-conjugal”. Dedicação é uma palavra chave num casamento bem sucedido. O tempo que você tem investido dando atenção personalizada para a sua esposa tem sido suficiente? Nada pode justificar o pecado, mas eu afirmo que podemos facilitar ou dificultar a ação do diabo no relacionamento. A Bíblia diz que “a alma farta pisa favos de mel...” (Pv. 27.7), porém “para a alma faminta, todo amargo é doce”. A palavra chave que descreve a maioria dos casamentos em crise é “insatisfação”. Quando as “necessidades emocionais” de uma esposa não são supridas, o marido esta abrindo brechas, facilitando a ação do diabo no relacionamento, “para a alma faminta todo amargo é doce”. Seja sincero consigo mesmo e responda: A alma da sua esposa está farta ou faminta?

Você tem se esforçado para dar a ela atenção personalizada, carinho, presença, proteção, amor na medida das necessidades dela? A esposa é uma projeção daquilo que o marido é.

3. Filhos – prioridade das prioridades: Não basta ser pastor é preciso ser pai!!!

Filhos – flechas nas mãos do pai que é o guerreiro. “Como flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos...” (Sl. 127.4). Os guerreiros são os pais e as flechas são os filhos, isso significa dizer, que, para onde as flechas forem direcionadas elas cairão. Eu tenho três filhos, dois meninos e uma menina, são três flechas nas minhas mãos. Sempre que penso nisso eu sinto o peso da responsabilidade de ser pai. Onde estão caindo as nossas flechas? Qual está sendo o destino dos nossos filhos. Em um livro de citações de pessoas importantes na história, que ganhei da minha filha, encontrei um texto que vale a pena compartilhar: “Você se lembra do seu pai?’ perguntou o juiz com severidade. “Aquele pai a quem você desonrou?” O prisioneiro respondeu: “Lembro-me dele perfeitamente. Quando o procurava para conselho e companhia, ele me olhava por detrás de seu livro de leis e dizia: ‘Sai daqui, menino, estou muito ocupado’.” Meu pai terminou seu livro, e aqui estou eu.” (T. DeWitt Talmadge) O verdadeiro pai é aquele que: Gera, Assume, Cria, Inspira confiança, Prove, Protege, Abençoa, Ama, Ensina o caminho e É exemplo.

Um pai que qualquer filho gostaria de ter

O pai da Parábola do Filho Pródigo é um modelo de pai que qualquer filho gostaria de ter. O filho que tem um pai com este perfil, com certeza, se for embora de casa, logo a saudade pela ausência deste incrível pai o fará dizer: “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai”. 1) Um pai manso (Lc 15.2). Equilíbrio. 2) Um pai partilhador (Lc 15.12). Generosidade 3) Um pai respeitador. Sabe dar Valor 4) Um pai acessível. Aberto ao diálogo. 5) Um pai esperançoso (Lc 15.20). Fé 6) Um pai perdoador (Lc 15.20). Amor 7) Um pai conciliador (Lc 15.22,29-2). O elo que liga os filhos. Nancy Samalin afirmou: “Nossos filhos nos dão a oportunidade de sermos os pais que sempre desejamos ter tido”. Em Mateus 7.12, lemos: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles...” Deus abençoe todos os pais!


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