segunda-feira, 25 de maio de 2009



Blasfêmia contra o Espírito Santo

 

Pr. Cleverson de Abreu Faria

 

De acordo com a mentalidade judaica, blasfemar era cometer uma ofensa séria, porquanto negava ou tratava levianamente a soberania de Deus, bem como a dignidade do homem como criatura de Deus. Além disso, os nomes de Deus eram revelações pessoais do Senhor. Difamar ou degradar o Nome sagrado, o tetragrama YHWH (por exemplo – Iavé) equivalia a rejeitar ou tratar desprezivelmente Sua soberania, Sua misericórdia e Seu poder.

 

A “blasfêmia contra o Espírito Santo” consistia em atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo. Veja o verso 12.24, onde está bem claro isto. Este pecado era imperdoável por causa das circunstâncias incomuns de sua rejeição de Cristo. Este seríssimo pecado dos fariseus foi o clímax de sua contínua negação da verdade óbvia que os milagres de Jesus representavam o poder de Deus (veja por exemplo Mateus 9.33-34), de modo que a mensagem de Jesus era autenticada pelo céu. Sua loucura em apostatar deliberadamente, atribuindo ao diabo as poderosas obras de Cristo operadas pelo Espírito Santo, é resumida pelo Senhor Jesus Cristo em Mateus 23.13-36 e Lucas 11.52. Qualquer um que esteja preocupado com sua rejeição de Cristo, obviamente, não cometeu este “pecado imperdoável” e ainda pode vir a Cristo.

 

Existem pecados para a morte espiritual, que é a condenação eterna, se não houver arrependimento. No entanto, o “imperdoável” fere frontalmente o caráter do Espírito Santo. Uma pessoa que peca contra a autoridade e a santidade divinas, por ignorância, fraqueza moral, resistência, tentação, etc., é perdoada. Porém, quando blasfema conscientemente, com conhecimento de causa, para este pecado não há perdão.

 

Mateus 12.31,32. Este pecado parece ser o pecado mais lamentável de todos, pois o Mestre afirma que não há perdão para este pecado. Os pecados contra o Senhor Jesus Cristo podem ser perdoados porque seria muito possível (por causa do Seu humilde nascimento, parentesco insignificante, etc.) questionar as reivindicações que Ele apresentou quanto à Sua divindade. Mas, quando, depois do Pentecostes, veio o Espírito Santo e apresentou à consciência de cada homem evidências suficientes para comprovar a verdade dessas reivindicações, o homem que se recusasse a submeter-se às reivindicações de Cristo era culpado de resistir, insultar e, assim, blasfemar contra a testemunha de toda a Trindade, da qual o Espírito Santo é o Executivo.

 

Vejamos uma análise detalhada de todo o contexto da passagem:

O contexto histórico da passagem demonstra a causa que obrigou Jesus Cristo a revelar tão hediondo pecado. A cura de um homem cego, mudo e endemoninhado provocou o ódio e a inveja dos fariseus. Então, afoitamente, acusaram Jesus de ter expulsado aquele demônio com o auxílio de Belzebu (Mateus 12.24). Esta acusação leviana levou Jesus a falar do pecado imperdoável.

 

Vamos analisar os pormenores do texto e o seu contexto:

 

Os amigos de Cristo tentam segurá-lo - Marcos 3.21.

 

1)      Enquanto Cristo entrou numa Casa uma multidão chegou.

 

2)      Em 3.21, seus amigos parecem estar fazendo um ato caridoso. Prenderam Jesus significa que O estavam refreando, confinando ou limitando. A frase “fora de si” em grego quer dizer, louco.

 

3)      A multidão pergunta: É este porventura o filho de Davi?  - Mateus 12.23. Eles  não puderam explicar seu trabalho, então disseram que era louco. Realmente, o debate aqui é: “É Cristo o Messias ou não?” No original a pergunta é feita de uma maneira que espera uma resposta negativa, ou seja: “Este não pode ser o Messias”.

 

4)      Os fariseus dão sua resposta sobre o poder de Cristo – 12.24

 

A)    O Senhor tinha lançado for a os demônios - Lucas 8.3, e tinha poder sobrenatural em Cristo, mas dão a resposta: “Este poder é satânico”. Eles sabem que há somente dois poderes sobrenaturais: Deus e Satanás, portanto sua escolha é a de que Ele seja um demoníaco e louco.

 

B)    O Senhor Jesus Cristo dá 3 razões porque seus atos não podem ser por poder demoníaco:

a)      Mateus 12.25 - Se Satanás lançasse for a os demônios pelo poder sa tânico, estaria trabalhando contra si mesmo para a destruição de si mesmo.

b)      Mateus 12.27 - O Senhor reconhece que, em Israel, alguns tinham o poder de exorcismo. Por isso seu argumento é: “Por que vocês me acusam de ter o poder demoníaco quando não acusam seus próprios filhos de terem o mesmo poder?”

c)      Mateus 12.29 - Satanás tem um guarda que impede qualquer um de en trar em seu reino para libertar algum que esteja sob seu jugo. Então sou mais forte porque lanço for a os demônios.

 

C)    No versículo 28, Jesus dá a conclusão lógica: “Se, porém eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós”. Em lançando for a os demônios estão oferecendo o Reino de Deus. O reinado mais forte já chegou e é oferecido por um maior, e Rei.

 

5)      Cristo previne-os - Blasfema contra o Espírito Santo:

 

A)    É chamado o pecado sem perdão. Hoje em dia os evangelistas dizem com frequência que quem rejeitasse seu apelo, cometeria esse pecado.

 

B)    Olhe Mateus 12.32 e compare com Marcos 3.29. O Senhor está se refe rindo, primeiramente, a Sua apresentação da Sua própria Pessoa.

 

C)    “Se algum proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado”. Então essa é a rejeição do Senhor sobre a Sua pessoa. Se um homem ouvisse Jesus falar e dis sesse: “eu não aceito seu testemunho'”, poderia ainda ser trazido à fé em Cristo por aceitar os sinais do Espírito Santo. Mas se um homem rejeitasse a ambos, palavras e obras, não haveria nada para ele fazer. Está confirmado no seu peca do. Esse então, é o pecado de Israel, porque rejeita os dois métodos da sua revelação. A prova é esta: “Israel seguirá o testemunho de Jesus Cristo ou dos fariseus? Se rejeitasse o testemunho das palavras e das obras, não haveria outro testemunho para dar. Então o pecado sem perdão é o pecado de Israel uma rejeição final de Jesus Cristo. É uma rejeição da sua própria vontade. A nação é chamada para decidir sobre a Pes soa de Jesus Cristo e essa é a sua decisão - REJEIÇÃO”.

 

Portanto: “A blasfêmia contra o Espírito Santo” em Mateus 12.31 demonstra que este pecado, a rejeição propositada de Cristo e Sua salvação é o único que, pela natureza priva o homem da possibilidade de perdão. Veja Números 15.27-31, onde há referência à oferta para expiação do pecado cometido por ignorância e não do pecado intencional. Cometer pecado intencionalmente era blasfêmia contra o Senhor (Veja Marcos 3.28-29, conforme Lucas 12.10). O versículo 32 apresenta um contraste que à primeira vista parece estranho. A explicação é que o Espírito Santo é Quem oferece a salvação ao coração do homem. “Pelo fruto se conhece a árvore” (12.33). O argumento aqui é que as boas obras de Cristo eram evidência de sua bondade e em consequência não deram lugar à blasfêmia cometida pelos fariseus. A ilustração da árvore é de sentido duplo, porque o versículo 34 mostra tanto a malevolência dos fariseus quanto a bondade de Cristo. “Por tuas palavras” (12.37). Palavras não são a causa, mas a evidência de justificação ou de condenação.

 

Perceba, então que o maior pecado realmente é a rejeição de Jesus Cristo. Quem rejeita a Cristo não tem perdão. Semelhantemente ao que foi ensinado acima.


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