segunda-feira, 4 de maio de 2009


Podemos Julgar aos Outros?

 

Pr. Cleverson de Abreu Faria

 

Geralmente surge entre os cristãos a seguinte pergunta: “Como nós podemos dizer que uma pessoa está em pecado se a própria Bíblia diz que não devemos julgar aos outros?”

 

Fazendo um exame cuidadoso deste trecho, bem como todo o seu contexto, percebemos logo que a resposta é sim, podemos julgar a outros.

 

“Não julgais, para que não sejais julgados” (Mateus 7.1). Um Grande problema aqui, encontra-se, em que a imensa maioria dos cristãos simplesmente ignora o que vem escrito a seguir. Else não continuam lendo e sequer sabem o que diz os versos posteriores a esta declaração.

 

Olhando todo o contexto, logo compreendemos que esta frase sequer é uma proibição absoluta e irrestrita ao julgamento e/ou avaliação de outros. Como podemos afirmar isso? É simples, olhando os versículos seguintes. Sendo assim, entendemos o por quê está declaração de Jesus foi feita. Vejamos: "Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão". (Mateus 7.5).

 

Compreende? Sendo assim, notamos que quando a vida de uma pessoa é pura, quando esta pessoa está andando nos caminhos de Deus, buscando uma vida de santificação, ele pode “tirar o argueiro do olho” do irmão em pecado. O que é um argueiro (trave ou cisco em outras traduções)? Simplesmente é algo muito pequeno, uma partícula.

 

Jesus simplesmente estava dizendo que nós não deveríamos buscar corrigir uma pessoa quando nós somos culpados da mesma transgressão ou de outra ofensa. Nós precisamos lidar primeiro com nosso próprio pecado, e então, nós podemos ajudar outra pessoa a lidar com o dela. Jesus nunca quis que os discípulos colocassem de lado todo o exercício de discernimento ou julgamento.

 

Sabemos que dentro da família e dentro da Igreja existe um julgamento que é perfeitamente legítimo e aconselhável que aconteça (1Coríntios 5.3,12-13; 6.1-8; Mateus 19.28; Apocalipse 20.4).

 

“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis(Mateus 7.15-20). Nós podemos e devemos exercitar o discernimento que Deus nos deu sobre nossas palavras e ações. Deus conhece os motivos e a intenção do coração de uma pessoa.


Também é importante considerar o modo como buscamos corrigir outra pessoa. Até mesmo se nós não formos culpados da mesma ofensa, nós já fomos suficientemente culpados de outras ofensas. Nós precisamos julgar ou corrigir outra pessoa em um espírito de amor, compaixão e humildade. A Bíblia diz: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”
(Gálatas 6:1-2). Este irmão, portanto, deve ser julgado e ajudado a voltar à Deus, ou seja, voltar a ter comunhão com Deus e com o povo de Deus.

 

Podemos indicar os pecados de uma certa pessoa, porém precisamos olhar primeiro para nossos pecados e quando formos alertar alguém sobre seus pecados precisamos fazer isso particularmente, nunca com outras pessoas presentes ou espalhar para os outros o pecado cometido por tal pessoa, caso não seja um pecado público. No entanto, se tal pessoa não se arrepender de seus pecados, temos que chamar mais uma pessoa conosco para confrontá-la. Caso, ainda assim, tal pessoa não se arrependa, devemos levar a Igreja para ser disciplina e conforme alguns casos até mesmo ser excluída (Mateus 18.15-17). Pode parecer duro, mas este é o passo bíblico, é assim que somos exortados a fazer e assim deveríamos proceder em todos os casos.

 

O apóstolo Paulo ficou indignado porque não havia homens fiéis dentro da Igreja que podiam efetuar um julgamento correto, baseado na Palavra de Deus. Eis o que ele diz: “Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os Santos? Ou não sabeis que os Santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida! Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano? Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos!” (1Coríntios 6.1-8).

 

Veja, meu amigo, a importância de sermos servos fiéis, preparados, idôneos e, principalmente, conhecedores da Palavra de Deus, para podermos fazer cumprir tudo quanto ela nos ensina e exorta.

 

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