quinta-feira, 28 de maio de 2009


Expectativas Conjugais
 
Pr. Jaime Kemp
 
 
"Esperava algo bem diferente do nosso casamento!"
 
Expectativas irreais no casamento podem transformar a fase pós lua-de-mel em lua-de-fel. É preciso aprender a colocar os pés no chão e caminhar juntos
 
Depois da fase do encantamento são muitos os recém-casados que entram na fase da desilusão. O cotidiano, as contas, os hábitos de um que passam a irritar o outro, reações inesperadas, atitudes secas, silêncio e muitas outras facetas vão sendo reveladas e nem sempre são tão agradáveis quanto eram no tempo de namoro.
 
Frases soltas vão revelando descontentamento e frustração:
 
-         “Você está ficando igualzinho ao seu pai!”
 
-         “Quando a gente namorava tudo ia às mil maravilhas, mas agora...”
 
-         “Eu tinha uma certa imagem do nosso relacionamento, mas a realidade está sendo bem outra...”
 
-         “Você é que nem sua mãe! Não pára de reclamar um instante!”
 
Todas as pessoas entram para o casamento com algumas expectativas. Isso é normal. Porém o que ocorre é que geralmente muitas delas são irreais. Elas se originam de heranças e valores familiares, conversas, livros, idéias próprias e também da sociedade e seus meios de comunicação. Além disso. por trazermos nossa natureza pecaminosa para o casamento, acabamos piorando as reações de frustração perante as expectativas não atingidas.
 
No transcorrer do percurso a dois o tempo também é um fator importante para revelar quais expectativas serão satisfeitas. Por “n” motivos, planos podem ser adiados, mas realizados; emoções podem levar mais tempo para se estabilizar, mas se equilibram; tratamentos podem se estender mais do que o esperado, mas surtem efeito. Por outro lado, o tempo também nos ensina ou nos permite buscar orientação para lidar com o sentimento resultante daquelas expectativas não atingidas.
 
Ao dar meu curso pré-nupcial para noivos procuro saber de cada umas expectativas que estão levando para o casamento. Diante de uma conversa honesta e sincera tentamos ver quais são e quais não são realistas e assim amenizar futuras frustrações.
 
Casar com expectativas irreais e não ter os “pés no chão” por certo trará desilusões, especialmente nos primeiros anos do casamento. Sem perceber, o cônjuge que possui expectativas não comunicadas, baseia sua aceitação do outro na performance por ele apresentada. Se um cônjuge age como o outro espera ele é aceito. Caso contrário haverá frustração e briga. A performance se torna a “cola” que segura o relacionamento. Porém, com o tempo essa “cola” começa a se desgastar, desgrudar, especialmente quando surgem as pressões, tensões e estresse da vida.
 
Outra atitude equivocada é o tratamento baseado no “merecer”: se um cônjuge fez o que o outro esperava então “merece” receber carinho e atenção. Porém, se não consegue “merecer” por não atender as expectativas, o amor em suas várias formas de manifestação é negado.
 
Esse modo superficial de relacionamento acaba minando o interior do casal. Um se esforça para atingir e não consegue e o outro por não vê-las atingidas se desestimula.
 
Há ainda outro caso: quando as expectativas não são verbalizadas, o cônjuge que as desconhece age normalmente não sabendo que aos olhos de seu parceiro está cada vez “perdendo mais pontos”!
 
Assim não dá mesmo! O amor incondicional precisa permear nossos relacionamentos conjugais. Todos nós seres humanos vamos falhar, pecar e nem sempre vamos “merecer” as recompensas de nossos cônjuges.
 
Deixe-me tentar mostrar na prática o perigo de ter expectativas irreais no relacionamento conjugal. Vamos ver algumas das mais comuns apresentadas por noivos cristãos:
 
1.  Se eu me casar com uma pessoa cristã meu casamento estará sempre seguro e feliz!
 
A Bíblia realmente ensina que o cristão não deve se colocar em jugo desigual com um não cristão. Entretanto, é um erro pensar que o fato de ambos serem cristãos garantirá que o casamento será um “mar de rosas”. Precisamos compreender que além deste pré requisito principal existem outros fatores importantes a serem considerados. Entender as diferenças de personalidade, de valores, de interesses, os pontos fracos e fortes da outra pessoa são alguns deles.
 
2.  Em nosso casamento não haverá discórdias e brigas como aconteceu com meus pais!
 
A verdade é que mais cedo ou mais tarde, mesmo que o casal tenha um bom nível espiritual alguma briga certamente ocorrerá. Em todo casamento sempre haverá diferenças de opinião, de sentimentos e de idéias. Em geral, esses desentendimentos acontecem porque cada parte interpretou reações e ações conforme experiências e costumes vindos da educação recebida e de conceitos adquiridos. Os conflitos de forma geral não são negativos e podem até ser construtivos. Fazem parte de uma relação profunda e o importante é lidar com eles da maneira correta. Este é um dos processos para se alcançar maturidade e aprofundar o relacionamento. E aí surge a inevitável pergunta:
 
- Mas qual é então a maneira correta para se lidar com eles?
 
-  Creio que cada casal encontrará seu caminho mas o importante é saber que conflitos podem ser resolvidos. De regra geral honestidade, sensibilidade, respeito e educação são elementos importantes para tratá-los de forma a machucar o menos possível. Haverá inclusive casos em que será necessário ajuda profissional. (Só um lembrete: não esquecer de orar pedindo a orientação de Deus principalmente quando tivermos situações delicadas a resolver!).
 
3.  Ele vai liderar o culto doméstico todos os dias! 
 
O conceito de uma esposa sobre o “líder espiritual” pode ser bem diferente do conceito do marido. Há pouco tempo uma senhora me disse o seguinte:
 
- Antes da gente se casar líamos a Bíblia e orávamos juntos. Era como meu pai fazia em casa, mas agora...”
 
A Bíblia diz que o marido deve ser o líder espiritual em seu lar. Isso é uma verdade. Partindo daí uma esposa pode entender que um bom líder espiritual é aquele que faz cultos domésticos todos os dias. No entanto, o conceito de seu marido sobre liderança espiritual pode não ser esse. Neste caso, as expectativas dessa esposa serão frustradas.
 
Ela será como a minha mãe – uma mulher virtuosa! 
 
Certamente ser como a mulher virtuosa descrita em Provérbios 31.10-31 é um lindo alvo para toda mulher. O ser virtuosa, porém, é um conceito amplo com várias facetas. Se o marido ficar exigindo da esposa sua versão de virtude a qual é diferente da dela, frustração e desânimo poderão tomar conta de ambos.
 
O marido não deve esperar que sua jovem esposa cozinhe “como a mamãe”. Como será possível concorrer com alguém que tem 20 ou 30 anos de experiência?
 
Em meio a tantas particularidades há algumas expectativas praticamente comuns a todos que se casam:
 
1. Permanecer casados “até que a morte os separe”. Mesmo aqueles que pensam “se não der certo a gente se separa” acalentam em seus corações o sonho do casamento para o resto da vida, o qual é um propósito bíblico maravilhoso. O divórcio não faz parte do plano inicial de Deus para o ser humano e foi uma concessão feita devido à dureza do coração: “ ‘Eu odeio o divórcio’diz o Senhoro Deus de Israel...” (Malaquias 2.16 e Mateus 19.8).
 
2. Permanecer fiéis. Ao contrário do que muitos pensam, a fidelidade não implica somente em lealdade sexual, mas abrange muitas áreas. Por exemplo, há cônjuges que são infiéis através do trabalho, ou seja, se envolvem tanto com a profissão que acabam se esquecendo da família e se “casando” com a carreira. Outros são infiéis por não conseguirem cortar o “cordão umbilical” não “deixando” pai e mãe (Gênesis 2.24). Há também os que são infiéis por darem maior atenção e afeto a bens materiais, ao ministério etc etc.
 
3. Ter um relacionamento harmonioso. É o sonho de todo casal passar as fases da vida sem muitos desajustes e discórdias. E mesmo em meio a conflitos naturais de uma vida em comum há muitos atingindo essas expectativas
 
Amigos, não quero ser simplista e dizer que a vida de casado é fácil, pois isso é mentira. Porém, quaisquer pessoas que morem juntas terão que cuidar de seu relacionamento e trabalhar em prol de um bom convívio. Por que, então, não direcionar nossa criatividade, dedicação e tempo para tornar mais compensadora nossa vida ao lado da pessoa com quem nos casamos?
 
Normalmente os casamentos passam por três fases até chegar a um ajustamento. Se conseguirmos identificá-las será mais fácil trabalhar nelas de forma consciente, lidando com as expectativas estejam elas sendo atingidas ou não. São elas: encantamento, desilusão e maturidade.
 
Querido leitor, em qual destas três fases você se encontra?
 
Marido, esposa, reflitam sobre o momento de vida que atravessam e dêem sugestões como pessoas e como casal de como superá-laou cultivá-la. A Bíblia contém inúmeras orientações para ajudar e direcionar nossos relacionamentos. Leia o livro de Efésios, por exemplo, e depois compartilhem seus pontos de vista e orem pedindo a Deus ajuda para implementá-los.
 
Minha expectativa (real) ao escrever este artigo é que vocês, queridos amigos, saibam que não estão sozinhos e que há esperança para seu casamento!

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